Sexta Envenenada: Segredos de um Pecador

“Meu coração, sem direção
Voando só por voar
Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar
E as estrelas
Que hoje eu descobri
No seu olhar
As estrelas vão me guiar
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração
Hoje eu sei, eu te amei
No vento de um temporal
Mas fui mais, muito além
Do tempo do vendaval
Nos desejos
Num beijo
Que eu jamais provei igual
E as estrelas dão um sinal
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração”
Se eu não te amasse tanto assim

Olá, Envenenados!

Após um período de bloqueio – criativo, de tesão, de disposição e outras coisinhas – estou de volta com mais uma Sexta Envenenada.
Na verdade, o bloqueio continua – bem aqui em um dos ombros, e a preguiça no outro. Ficam aqui, apostando para ver qual dos dois é mais convincente. E eu, entre ambos, lutando, sabe-se lá como, para despistar ambos.
Daí eu penso no livro sobre o qual quero falar hoje e dou uma pernada nesses dois.
Segredos de um Pecador encerra, infelizmente, uma das primeiras séries de Romances de Época da nossa querida Editora Arqueiro – Os Rothwells, de Madeline Hunter.
Na verdade, foi dela o primeiro Romance de Época que li e me apaixonei eternamente.
Esta série conta as histórias dos irmãos Rothwells, de seus amores e seus amigos também, pois Madeline é dessas autoras que não nos aprisionam em um único casal. Eu fico muito à vontade com seu estilo, pois acho que há muito mais para ser explorado num romance do que apenas as aventuras e desventuras de dois protagonistas.
Finalmente podemos conhecer mais sobre o marquês de Easterbrook, Christian Rothwell.
Digo conhecer mais porque ele teve participações marcantes nos primeiros livros da série, quando teve importante papel nas histórias de seus irmãos e até mesmo sua boa relação com sua primeira cunhada, Alexia, em As Regras da Sedução. Esta afinidade fez com que ele também fosse fundamental nas vidas de Kyle e Roselyn, prima de Alexia, no terceiro livro da série, Jogos do Prazer.
Também é preciso lembrar que foi graças às suas ordens e influência que seu irmão caçula caiu nas graças de Phaedra Blair.
Mas, apesar de ser um personagem de grande valor em todos os três primeiros livros, Lorde Easterbrook conseguiu manter grande parte de si mesmo sempre nas sombras. Desde o início, mostrou-se alguém que pouco ou nenhum valor dava às exigências de etiqueta da sociedade londrina do século XIX, embora sua preocupação com a família e a retidão de caráter fossem também traços muito importantes desse absinto de hoje.
Mas será em Segredos de um Pecador que poderemos desvendar os segredos de um dos personagens mais enigmáticos do universo dos Romances de Época.
“Leona Montomery foi criada na China. Com pai inglês e mãe portuguesa, aprendeu desde cedo a se adaptar aos costumes de outras terras e adquiriu uma cultura e sofisticação incomuns às mulheres de seu tempo. Por isso, quando o pai, já viúvo, morreu, deixando os dois filhos em uma situação financeira difícil, Leona assumiu os cuidados do irmão caçula e os negócios da família. Trabalhando pela recuperação da Montgomery & Tavares, ela viajou por diversos países, negociou com homens rudes e enfrentou piratas. Recém-chegada a Londres, agora espera fechar parcerias comerciais e dar sequência a uma investigação que o pai não pôde concluir.
Mas estar em Londres significa algo mais. Sete anos atrás, Edmund, um naturalista inglês, deixou Macau à noite, depois de um beijo de despedida que Leona nunca esqueceu, e retornou à Inglaterra.
O que ela não poderia imaginar era que Edmund, na verdade, é Christian Rothwell, o marquês de Easterbrook, um homem poderoso envolto e mistérios – e que talvez se beneficiasse com o fim das investigações de seu pai..
Dividida entre o dever e a tentação, é na cama do marquês que ela fará suas maiores descobertas.”
Oh! Delícia! Nós também faremos incríveis descobertas sobre esse homem avesso aos “mimimis” londrinos.
Easterbrook é um mistério até mesmo para seus irmãos Hayden e Elliot.
Os três irmãos compartilham além do DNA, claro, alguns traços de personalidade, tais como a introversão e inteligência. A hombridade e o senso de justiça também fazem parte das semelhanças dos Rothwells.
Conforme suas histórias vão sendo contadas, também vão sendo reveladas características como o instinto dominador, protetor e, às vezes, autoritário, desse trio. Por outro lado, longe de nos revoltarmos com eles, conseguimos perceber o quão atormentados eles são por conta da infância que tiveram.
Não. Ao contrário da moda literária atual, eles não foram molestados, nem sofreram abandono por parte de seus pais. Mas viram uma relação doentia transformar sua mãe em uma reclusa e seu pai em um homem cada vez mais inalcançável.
Esta relação familiar deixou marcas profundas nos três, sobretudo em Christian, que revelou possuir o dom especial de sua mãe e que o impeliu ainda mais a isolar-se dos demais.
Ele possui uma sensibilidade de perceber os sentimentos e as emoções alheias. Ao contrário do que possa parecer, ele não tira tanto proveito da situação, pois precisa evitar estar entre muitas pessoas ao mesmo tempo, pois a conexão que faz com elas só o perturba e desgasta.
A única pessoa de quem ele ainda pode se aproximar sem ser perturbado e não fazer ideia do que pensa ou sente é Leona Montgomery.
E com Leona, finalmente, ele consegue respirar e relaxar, ainda que tenha que manter sua identidade em segredo.
Quando ela retorna a Londres buscando parceiros comerciais, Christian não consegue manter-se longe e faz com que seus homens a levem para encontrá-lo.
Por ela estar sempre sob a proteção de Tong Wei, seus homens tiveram que esperar um momento de descuido da senhorita Montgomery e levá-la, de maneira forçada já que mostrava-se resistente ao “convite”, causando-lhe um misto de indignação e pânico.
“– Nós a trouxemos. Ela finalmente saiu de casa sem aquele chinês.
Christian se serviu de um pouco de ponche.
– Conseguiu evitar um espetáculo público, Miller?
– Por pouco. Foi prudente ter levado os outros dois. Ela começou a suspeitar, então tivemos que agir rápido antes que escapasse ou gritasse.
– Vocês não a machucaram, imagino. Do contrário, terei que matá-los.
Miller tratou o alerta como uma brincadeira, mas sua arrogância e autoconfiança diminuíram o suficiente para indicar que não tinha certeza absoluta de não se tratar de uma ameaça real. Como Christian também não tinha certeza, deixou Miller suar um pouco.
– Apenas seu orgulho foi ferido, eu garanto.
...
 – Ela nos acusou de sequestro – contou Miller.
– Porque vocês a sequestraram.
– Ela disse que vai às autoridades.
– Onde ela está?
– No quarto verde. Nós a acompanhamos pela escadaria dos empregados para que Lady Wallingford não tomasse conhecimento.
Leona andava de um lado para outro em sua prisão opulenta, fervilhando de irritação.
Era difícil manter a dignidade depois de ser arrancada da rua como uma bagagem perdida. Ainda assim, Leona tinha esperança de haver conseguido.
...
Não tão bela, mas, com alguma sorte, bela o bastante.
Tirou o chapéu e o colocou sobre a mesa. Beliscou as maçãs do rosto para que ficassem coradas.
– Está se arrumando para mim, Srta. Montgomery?
A voz a assustou. Seu olhar se desviou do próprio reflexo para o do quarto atrás de si.
Viu botas pretas de cano alto e culotes justos nas sombras próximas à porta. Abaixou-se até que as dobras brancas de uma camisa apareceram, depois as pontas de cabelos bem pretos. O intruso parecia um criado, e bem simplório, uma vez que usava vestes tão informais.
...
Ela se endireitou e imaginou que linha de raciocínio poderia impressionar um homem como ele. Virou-se para cumprimentá-lo com calma e graça.
– O senhor é lorde Easterbrook?
– Sim, sou.
– Seu convite foi inesperado, lorde Easterbrook, mas fico encantada em conhecê-lo.
Ela fez uma pequena reverência.
Ele parecia esperar algo mais. Ela não conseguiu imaginar o que poderia ser. Seu sorriso começou a parecer estranho e forçado.
...
Ele por fim se curvou.
– Por favor, perdoe-me pelo modo rude com que foi trazida até aqui. Minha única desculpa é minha impaciência em encontrá-la a sós.
...
Edmund?”
Um olhar, uma revelação. Uma confusão de emoções e um romance de tirar o fôlego e nos encher de sensações e expectativas.
Ele é forte, inteligente, sedutor, arrogante e dominador – ao ponto de dar vontade de acertar-lhe um soco, mas, ao mesmo tempo carente, e desesperado por paz. Esta paz só será alcançada ao lado de uma mulher. Somente ela será capaz de dar-lhe o conforto que há tanto tempo anseia.
Só que não.
Leona tem responsabilidades e compromissos, e fará descobertas que estremecerão suas emoções, sua relação com Christian e a maneira como via sua vida, seu pai e seu destino.
Madeline Hunter me cativou por seu estilo Linda Howard de escrever. Há muita coisa acontecendo além da cama dos protagonistas, o mundo não vai girar em torno deles, não o tempo todo. Outras pessoas, outras histórias dependem e acontecem apesar da história central.
Além disso, há uma dinâmica digna de romances policiais, há investigações, revelações, crimes acontecendo. E nossos mocinhos e mocinhas precisam ser muito dignos para sair inteiros e renovados dessas situações.
E, claro, há a tão esperada e deliciosa sedução, há os beijos apaixonados, os lábios quentes, a língua sedenta, as mãos, as pernas, o sexo cru e avassalador – no estilo “você-vai-ficar-constrangida-se-estiver-lendo-fora-de-casa”.
– Vim lhe pedir um favor – disse ela em voz baixa, gaguejando um pouco, como se não tivesse fôlego suficiente para uma frase inteira.
Não é só por isso está aqui.
– Certamente é.
Não, não é. E o favor pode esperar.
Ele atravessou o cômodo e a tomou nos braços.
Ardor. Insanidade. Não houve sutileza na forma como ele a beijou e nenhuma boa maneira adequada a senhoras no jeito como ela o agarrou. De repente, ela estava juntou ao corpo dele, aprisionada por seus braços, aceitando sua paixão e retribuindo na mesma medida.
– Não foi para isso que vim – murmurou ela em meio a beijos fervorosos.
É claro que foi.
Tinha sido? Não importava.
Sensações incríveis a distraíram. Uma sensualidade voraz destruiu toda cautela e vergonha.”
...
Os pés dela saíram do chão. A sala girou. Algo suave surgiu sob seu rosto. Um apoio, sob seu abdome. A tempestade clareou de leve. Ela abriu os olhos. O apoio era o braço de um sofá. Christian a colocara de bruços, com o rosto encostado no assento.
Ela o sentiu chegar por trás, depois as mãos dele em seu traseiro, acariciando a seda sob seu vestido. As saias e anáguas foram erguidas devagar. Devagar demais. Leona levou o punho à boca para silenciar gemidos que queriam escapar.”
Tá bom pra vocês??? Senti as bochechas esquentarem ao relembrar a cena. Agora, imaginem como é – sei que conseguem – ler essas pérolas dentro de um ônibus, metrô... enfim.
A série sobre os Rothwells é uma receita incrível, de uma autora maravilhosa, que soube colocar na medida certa amor, sexo, amizade, família, honra, lealdade e justiça – não necessariamente nesta ordem – sem ser piegas.
Vou terminando esta coluna, informando que estarei amanhã na Livraria Travessa do Barra Shopping para o Encontro de Fãs de Romances de Época da Editora Arqueiro, e, a convite da querida Elimar, vou falar um pouco sobre uma das grandes autoras dessa série. Imaginem de quem estou falando!

Vai ser maravilhoso poder estar com outras gurias, e guris também, que igualmente amam essas publicações e compartilhar nossas impressões ao vivo e com muitas cores!
Esperamos vocês a partir das 15 horas!

Fiquem bem e Carpe Diem!

2 comentários

  1. Ai... que delícia de resenha!!!
    O meu primeiro Romance de época também foi dessa autora e como você... também me apaixonei!!
    Ainda não li o livro, mas vou ler assim que terminar o delícia de O Príncipe dos Canalhas!!
    Bjs!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, querida!
      Essa é uma das minhas queridas! Suas histórias são fortes, bem como seus personagens.
      Pena que a Arqueiro não tem mais histórias dela pra publicar!
      Beijão!

      Excluir

Destile seu veneno, comente!