Sexta Envenenada: Para Sir Phillip, com Amor

“Não Digas Nada!
Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.”

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" 

Olá, Envenenados!

Estamos de volta com mais uma Sexta Envenenada.
Quem disse que a prática leva a perfeição nunca teve a oportunidade de ler tantas histórias incríveis para, depois, ter que escrever sobre elas.
Pois é, a tarefa de vir aqui e passar nossas impressões sobre as obras que lemos sempre é desafiadora.
Como falar sobre determinado livro, principalmente se este faz parte de uma série, sem ser repetitivo, sem ser redundante?
Facilita o fato de possuírem diferentes personagens.
Desta vez estou falando de Para Sir Phillip, com Amor, quinto livro da série Os Bridgertons, da nossa querida Julia Quinn, lançado recentemente pela Editora Arqueiro.
A obra traz a história de Eloise Bridgerton e Phillip Crane. 
“Eloise Bridgerton é uma jovem simpática e extrovertida, cuja forma preferida de comunicação sempre foram as cartas, nas quais sua personalidade se torna ainda mais cativante.
Quando uma prima distante morre, ela decide escrever para o viúvo e oferecer as condolências. Ao ser surpreendido por um gesto tão amável vindo de uma desconhecida, Sir Phillip resolve retribuir a atenção e responder.
Assim, os dois começam uma instigante troca de correspondências. Ele logo descobre que Eloise, além de uma solteirona que nunca encontrou o par perfeito, é uma confidente de rara inteligência. E ela fica sabendo que Sir Phillip é um cavalheiro honrado que quer encontrar uma esposa para ajudá-lo na criação de seus dois filhos órfãos.
Após alguns meses, uma das cartas traz uma proposta peculiar: o que Eloise acharia de passar uma temporada com Sir Phillip para os dois se conhecerem melhor e, caso se deem bem, pensarem em se casar? Ela aceita o convite, mas em pouco tempo eles se dão conta de que, ao vivo, não são bem como imaginaram. Ela é voluntariosa e não para de falar, e ele é temperamental e rude, com um comportamento bem diferente dos homens da alta sociedade londrina.
Apesar disso, nos raros momentos em que Eloise fecha a boca, Phillip só pensa em beijá-la. E cada vez que ele sorri, o resto do mundo desaparece e ela só quer se jogar em seus braços. Agora os dois precisam descobrir se, mesmo com todas as suas imperfeições, foram feitos um para o outro.”
Até aqui, um romance comum. Mais ainda em se tratando de século XIX, quando o destino das mulheres estava nas mãos de suas famílias para depois passarem para o poder dos maridos. Mas nada na família Bridgerton pode ser comum.
Como nos demais livros, Julia Quinn valoriza o par romântico dos irmãos Bridgerton, assim, a história começa contando o drama vivido por Phillip que, por sua honestidade desejo e história de vida, leva o troféu absinto de hoje.
Ele é o segundo filho na linha de sucessão que vê seus planos completamente alterados devido à morte de seu querido irmão mais velho na batalha de Waterloo.
Ele herda as propriedades, o título de baronete e a noiva do irmão, Marina.
Mesmo depois de casado, Phillip continua a praticar seu ofício de botânico, tanto pelo amor a esta ciência, quanto como refúgio da vida que não escolheu.
Sua esposa é depressiva, tanto que nem mesmo seus filhos gêmeos conseguem trazer-lhe alegria por muito tempo. E, apesar dos esforços iniciais de Phillip, Marina isola-se cada vez mais e, infelizmente tem o fim que a maioria das pessoas que sofrem de depressão têm.
Viúvo, ele se vê ainda mais desamparado, pois não se sente à vontade para cumprir o papel de pai de duas crianças muito travessas – no melhor estilo das crianças de Nanny Mcphee. Até que, recebe a carta de uma moça de Londres: Eloise Bridgerton, prima de sua esposa.
“Bruton Street, 5
Londres
Sir Phillip Crane,
Escrevo para lhe oferecer os pêsames pela perda de sua esposa, minha querida prima Marina. Embora tenham se passado muitos anos desde que a vi pela última vez, lembro-me dela com carinho, e fiquei muito triste ao saber de seu falecimento.
Por favor, não deixe de me escrever se houver qualquer coisa que eu possa fazer para aliviar sua dor neste momento difícil.
Atenciosamente,
Srta. Eloise Bridgerton
Phillip esfregou os olhos. Bridgerton... Bridgerton. Marina tinha primos da família Bridgerton? Devia ter, já que uma deles havia lhe mandado uma carta.
Suspirou, então se surpreendeu ao estender a mão para pegar os papéis e a pena. Tinha recebido muito poucas cartas de condolências desde a morte de Marina. Parecia que a maioria de seus amigos e parentes a havia esquecido depois do casamento. E ele não achava que devesse ficar chateado, ou até mesmo surpreso. Ela mal saía do quarto. Era fácil esquecer alguém que nunca era visto.
A Srta. Bridgerton merecia uma resposta. Era uma questão de educação, e mesmo que não fosse (e Phillip tinha certeza de que não conhecia todas as regras de etiqueta ligadas à morte da esposa de alguém), ainda assim parecia o certo a fazer.
Então, com um suspiro cansado, levou a pena ao papel.
Cara Srta. Bridgerton,
Obrigado por sua gentil mensagem a respeito da perda de minha esposa.
Foi atencioso de sua parte dedicar um tempo para escrever a um cavalheiro que nem mesmo conhece. Eu lhe ofereço esta flor prensada como agradecimento. É apenas um beijo-de-freira (Silene coronaria), mas eles alegram os campos aqui em Gloucestershire e parecem ter chegado mais cedo este ano.
Era a flor preferida de Marina.
Cordialmente,
Sir Phillip Crane”
A partir de então, eles iniciam uma sequência de correspondências durante os próximos 12 meses, até que Phillip faz a tal proposta de se conhecerem melhor e talvez resolverem se casar.
O interessante desta história também é que ela acontece em paralelo à história do irmão mais polêmico de Eloise, Colin.
Eloise não era o tipo de moça tão comum como as demais. Por ser uma Bridgerton, pode se dar ao luxo de dispensar seus pretendentes, de recusar vários pedidos de casamento. Mas quando o improvável acontece, ela se vê numa situação bastante desconfortável, o que favorece sua decisão em ir ao encontro de Sir Phillip e ver no que vai dar essa situação.
Ela simplesmente viaja até à casa de Phillip, sem que sua família saiba, assim como seu anfitrião, pois ela sequer respondeu sua carta.
Daí em diante, muitas emoções estarão por vir, desde a surpresa que será sua chegada inesperada, às armações dos gêmeos contra ela, até a chegada do batalhão de choque da família Bridgerton.
Claro que adorei o livro, muito embora ele destoe um pouco da série. Ele mostra, tanto ou mais que os demais, uma realidade mais próxima da vida das pessoas no século XIX. Phillip e Eloise não começam a história já apaixonados, mas vão lidando com isso, com a possibilidade de não servirem aos propósitos um do outro, mas apostam na fé e honra que enxergam além das aparências e vão descobrindo muito mais do que poderiam se dar ao luxo de esperar.
“–Posso beijá-la? – perguntou Phillip.
Ele teria parado se ela respondesse que não, mas não lhe deu muita chance disso, porque antes que ela
pudesse falar qualquer coisa, diminuiu a distância entre os dois.
– Posso? – repetiu, tão perto que suas palavras entraram como um sussurro pelos lábios dela.
Eloise fez que sim, um movimento discreto, mas firme, e ele roçou sua boca na dela de maneira suave, delicada, como se deve beijar uma mulher com quem se pretende casar.
Mas então ela levou as mãos ao pescoço dele e... que Deus lhe ajudasse, mas ele queria mais.
Muito mais.
Ele intensificou o beijo, ignorando o ar surpreso de Eloise quando abriu os lábios dela com sua língua. Mas isso ainda não era o que ele queria. O que desejava mesmo era o calor e a vitalidade dela por todo seu corpo, em volta e através dele, infundindo-o.
Ele a queria.
Queria-a por inteiro, mas mesmo com a mente enevoada pela paixão, sabia que isso seria impossível naquela noite, então estava determinado a aproveitar o que podia...”
Eloise é faladeira como todos os irmãos e irmãs, nada discreta e bastante direta, uma amiga que gostaríamos de manter sempre por perto. Phillip é fechado, rude, mas adorável, confuso e certo de suas necessidades, mas também capaz de renúncias para ver o bem daqueles a quem ama. Simplesmente apaixonante.
Em Para Sir Phillip, com Amor teremos a presença dos quatro irmãos de Eloise, o que é diversão garantida. Assim, podemos matar a saudade de Anthony, Benedict e Colin e termos uma prévia da personalidade de Gregory.
Não sei por que, mas os personagens masculinos de Julia Quinn possuem uma veia cômica irresistível. Suas tiradas, alfinetadas, suas brigas... tudo é muito intenso, avassalador.
Enfim, mais uma vez, aguardar ansiosamente pelo próximo livro será o que me resta, bem como esperar que o livro de Francesca traga de volta o melhor dos Bridgertons.
Vou ficando por aqui, desejando a todos uma sexta incrível e um final de semana maravilhoso!
Fiquem bem e Carpe Diem!

2 comentários

  1. Hey, ontem eu comecei a ler "O Visconde que me Amava", fui dormir as 6 da manhã e to quase terminando <3 , aconteceu a mesma coisa com o primeiro livro, já tenho o terceiro e preciso adquirir os outros. Gostei muito da resenha, tenho certeza de que esse livro irá me encantar também, os personagens são muito bons, amei a escrita de Julia Quinn :*
    www.moniitorando.com

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    1. Pois é, Monica, esta série é viciante mesmo. Aliás, ela e as demais da Arqueiro!
      Experimentou Lisa Kleypas e Madeline Hunter???
      Aproveite sua leitura, querida!
      Beijo

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