Já nem sei dizer se sou feliz ou não
Já nem sei pra quem eu dou meu coração
Preciso acreditar
Que gosto de alguém
E essa tristeza
Preciso acreditar
Que gosto de alguém
E essa tristeza
Vai ter que acabar e custe o que custar
Às vezes sinto até vontade de chorar
Eu quero ter alguém
Que possa compreender
Minha desilusão
Às vezes sinto até vontade de chorar
Eu quero ter alguém
Que possa compreender
Minha desilusão
Até pensar
Que nunca mais
Vou ter alguém pra mim
Eu já pensei assim
Até sofri demais
Será, meu Deus, enfim
Que eu não tenho paz
Que nunca mais
Vou ter alguém pra mim
Eu já pensei assim
Até sofri demais
Será, meu Deus, enfim
Que eu não tenho paz
Roberto Carlos
Olá, Envenenados!
Saudades?
Eu
sim!
Tenho
andado com uma intensa febre de nostalgia de um tempo que não vivi.
Por um
lado, a vida das pessoas no século XIX não era nada fácil, sobretudo para as do
sexo feminino. Por outro lado, as pessoas, em sua maioria tinham valores que
hoje estão muito longe até mesmo das classificações dos dicionários – honra,
compromisso, lealdade, entre tantos outros que fica até difícil enumerar.
Talvez
sejam estas as principais razões que fizeram com que eu me rendesse de vez ao
gênero dos Romances de Época, graças este blog e à Editora Arqueiro que, tão
sabiamente, investe em romances inesquecíveis.
Outro
dia mesmo comentei com a Mathilde que a Sexta Envenenada está mais para mais
para Época Envenenada que para outra coisa.
Mas,
juro, não é proposital, apesar de eu amar todos os livros dessa série, mas eu
acabei adotando-os, todos, e me apaixonando por suas autoras.
O
livro de hoje, por exemplo, é o primeiro da série Os Bedwyns, da Mary Balogh,
que também entrou para o time da Arqueiro, engrandecendo os RE.
Ligeiramente
Casados traz a história de Aidan Bedwyn e Eve Morris, dois personagens esplêndidos,
por falta de um adjetivo melhor, e que, como a série, fazem sua estreia nesta
coluna como os absintos do dia!
“À beira da morte, o capitão Percival
Morris fez um último pedido a seu oficial superior: que ele levasse a notícia
de seu falecimento a sua irmã e que a protegesse – ‘Custe o que custar!’.
Quando o honrado coronel lorde Aidan
Bedwyn chega ao Solar Ringwood para cumprir sua promessa, encontra uma
propriedade próspera, administrada por Eve, uma jovem generosa e independente
que não quer a proteção de homem nenhum.
Porém Aidan descobre que, por causa da
morte prematura do irmão, Eve perderá sua fortuna e será despejada, junto com
todas as pessoas que dependem dela... a menos que cumpra uma condição deixada
no testamento do pai: casar-se antes do primeiro aniversário da morte dele – o
que acontecerá em quatro dias.
Fiel à sua promessa, o lorde propõe um
casamento de conveniência para que a jovem mantenha sua herança. Após a
cerimônia, ela poderá voltar para sua vida no campo e ele, para sua carreira
militar.
Só que o duque de Bewcastle, irmão mais
velho do coronel, descobre que Aidan se casou e exige que a nova Bedwyn seja
devidamente apresentada à rainha. Então os poucos dias em que ficariam juntos
se transformam em semanas, até que eles começam a imaginar como seria não
estarem apenas ligeiramente casados...”
Já
pela sinopse me apaixonei pela trama. E o livro inteiro não deixou a desejar.
Todos
sabemos que, por mais interessante que a leitura esteja, sempre existem aqueles
momentos mais mornos e menos cativantes, mas Ligeiramente Casados garantiu uma
leitura tão constante e plena que era difícil até para deixar suas páginas para
ir dormir.
Como eu
disse, há duzentos anos muitas pessoas eram extremamente fieis às suas
promessas; palavra e honra eram tão vitais quanto o ar e a água e o lorde coronel
Aidan Bedwyn assumiu um compromisso com seu capitão, até porque se sentia em
dívida com ele, pois em uma batalha anterior Morris salvara sua vida. Assim,
sem fazer ideia do que encontraria, foi até Ringwood para levar a notícia do
falecimento do capitão à sua irmã.
Aidan
é o segundo filho de um duque e, como tal, já tem seu destino traçado pelas
convenções da época: ao filho mais velho caberia o título e as propriedades, enquanto
que o segundo filho deveria seguir uma carreira militar. Não vou entrar no
mérito dos outros quatro irmãos, isso virá com os demais livros que, graças ao
compromisso da Arqueiro, não levam quase dois anos para serem publicados. Não
dá nem para torcer o nariz por se tratar de uma série.
Por conta
de toda sua história, desde o falecimento do pai e do distanciamento, a que foi
submetido, de seu amado irmão mais velho, Aidan segue uma promissora carreira
militar, tornando-se um herói após a rendição de Napoleão Bonaparte. Mas também
transforma-se em um homem de poucas palavras e que raramente sorri, mas que
coloca suas responsabilidades e hombridade acima de tudo.
E é
com esta postura que ele encontra Eve Morris.
“Ele estava de pé perto da
lareira apagada, mas de frente para a porta. Parecia ocupar metade do cômodo. O
homem devia ter mais de 2 metros de altura, usava uniforme completo do
regimento: o casaco escarlate e os detalhes em dourado imaculados, a calça
muito branca, as botas da cavalaria – que lhe chegavam aos joelhos – brilhando,
muito bem engraxadas. Ao lado do corpo, cintilava a espada guardada na bainha.
Era imponente, forte, firme, com um ar ameaçador. Tinha uma expressão
implacável nas feições marcadas, acentuada pelas sobrancelhas e cabelos
escuros. Era um rosto severo, com olhos duros, quase negros, um nariz grande e
aquilino e lábios finos de aparência cruel.”
Esse
homem honrado, sisudo e belamente narigudo (adoro!) encontra Eve Morris, uma
mulher acostumada a tomar as rédeas de sua vida e de todos que a cercam.
Ela
administra com competência a propriedade que “herdou” do pai e se dedica à
cuidar de criaturas que a sociedade da época abandonou.
Eve
acreditava que sua vida seguia um ritmo tranquilo, pelo menos até encontrar
aquele homem enorme em sua sala de visitas. Ele era portador de notícias difíceis,
que viriam a mudar não só a sua vida, mas também a de todos os que dela
dependiam.
Por conta
do testamento de seu pai, que fez de tudo para que ela se casasse com algum
nobre da localidade, a propriedade ficaria aos seus cuidados durante um ano,
passando para o irmão, ao fim do prazo e, a não ser que ela se casasse antes
desse período terminar, se Percy viesse a falecer, tudo seria passado para o
parente mais próximo, o primo de Eve.
Infelizmente
era assim que as coisas funcionavam para as mulheres. Nem mesmo um segundo
plano lhes era oferecido.
E bem
diante dela toda sua vida está desmoronando, desde a trágica notícia da morte
do amado irmão. Sua única esperança, para manter a propriedade e as pessoas que
lá viviam e trabalhavam, era o casamento. Mas seu grande amor há tempos não
mandava notícias. O que fazer?
“– As
últimas palavras, os últimos pensamentos do capitão Morris foram
para a senhorita – disse ele,
inclinando a cabeça. – Ele me implorou que lhe desse a notícia eu mesmo.
– Foi extremamente gentil de sua
parte honrar um pedido desses – disse Eve, dando-se conta de como era estranho
que o oficial superior de Percy fosse pessoalmente até a casa deles, saindo do
sul da França, para informar a morte do subordinado.
– Devo a minha vida ao capitão
Morris – explicou o coronel. – Ele me salvou em um ato de extraordinária
coragem, colocando a si mesmo sob considerável risco, dois anos atrás, na
Batalha de Salamanca.
– Percy disse mais alguma coisa?
– Ele pediu que a senhorita não
usasse preto por ele – falou o coronel. – Acho que acrescentou ainda que a
senhorita já passou muito tempo de luto.
Ele abaixou os olhos para o
vestido cinza que Eve usava e que ela tão ansiosamente esperava trocar, ainda
naquela semana, por algo mais colorido, mais de acordo com a estação. Mas isso
já não importava.
O irmão
se fora. Para sempre.
Eve sentia-se engolfada pela
dor, cegada e ensurdecida por ela, derrotada pela insuportável agonia da perda.
– Madame? – O coronel deu outro
pequeno passo para a frente e estendeu a mão como se fosse segurá-la pelo
braço.
Ela se esquivou.
– Mais alguma coisa?
– Ele me pediu para protegê-la –
disse Bedwyn.
– Para me proteger?
Eve ergueu os olhos para o rosto
dele de novo. Parecia esculpido em granito, pensou. Sem calor, sem expressão,
sem sentimento. Se havia uma pessoa por trás daquela fachada militar dura, Eve
não percebera nenhum sinal dela. Embora talvez estivesse sendo injusta. O
coronel se aproximara como se quisesse ajudá-la e lhe estendera a mão num gesto
protetor. E ele fora
até ali, vindo do sul da França, para pagar a dívida que
tinha com Percy.”
Resumo
da ópera: Aidan propõe casamento a Eve, que relutantemente aceita, pois se
perder a propriedade, o que será dos filhos de seu coração, de sua tia e de
todas as pessoas que ela abrigou em sua propriedade – verdadeiros párias que
ninguém mais quer por perto – já que seu primo deixa bem claro que quer que
todos desapareçam, inclusive ela, um dia antes de ele assumir tudo.
Aidan
e Eve concordam em se casar para que ela mantenha tudo o que possui, e só. Cada
um segue seu caminho. Ele consegue assim manter a promessa feita: protegê-la,
custasse o que custasse.
Mas...
quando se casam em Londres com uma licença especial, Aidan a convida para
conhecer a cidade antes de voltar para Ringwood. No saguão do hotel onde está
hospedada eles são abordados por um importante oficial superior de Aidan que,
por reflexo, a apresenta como esposa.
O
deveria ser segredo deles e das pessoas de Ringwood, acaba se tornando público,
e é aqui que a história começa a pegar fogo.
As
coisas saem do controle de ambos, tão acostumados à rotina, ao controle de tudo
ao seu redor. Mas eles não contavam com o fator duque de Bewcastle, irmão mais
velho de Aidan, que exige que sua cunhada seja assumida e apresentada à sociedade
londrina.
Bafão????
Não
chega nem perto, meus amigos!
Aqui
assistimos à inevitável relação de dois completos desconhecidos que se unem por
motivos extremamente nobres, mas que acabam caindo na teia da sociedade londrina
e forçados a conviver mais tempo do que haviam planejado.
E,
mesmo tendo em mente que deverão separar-se em breve, algo maior começa a
crescer entre eles. Algo que a princípio não percebem nem compreendem, mas que
vai evoluindo e transformando-se em uma necessidade incontrolável de estarem
juntos.
– Não sou sua esposa. Não de qualquer
forma que realmente importe.
– Talvez, madame – disse o coronel –,
esse tenha sido o nosso erro.
– Erro?
– Concordar com um casamento apenas no
nome – retrucou ele. – Deveríamos ao menos ter feito do nosso um casamento de
verdade, mesmo que seguíssemos separados o resto de nossas vidas. Então não
haveria esse tipo de discussão absurda. No dia do nosso casamento, talvez
devêssemos ter chegado à sua conclusão natural.
Eve o encarava com o rosto em chamas.
Mas durante os preciosos segundos que deveria ter usado para encontrar palavras
para expressar sua indignação, acabou se permitindo apenas sentir os efeitos físicos
das palavras dele... certa perda de ar, um enrijecimento dos seios, um latejar
entre as coxas e mais para dentro de seu corpo, além de uma fraqueza nas
pernas.
– Teria sido errado – falou ela por
fim.
– Errado? Somos um homem e uma mulher –
disse ele com severidade – e nos casamos há algumas semanas. Homens e mulheres,
principalmente quando casados, costumam ir para a cama juntos.
Eve passou a língua pelos lábios. O
quarto parecia abafado.
O coronel deixou escapar um som de
impaciência e atravessou o quarto na direção da esposa. Ele pousou as mãos
grandes no rosto de Eve. Ela fechou os olhos e a boca do marido encontrou a
dela.”
Mas,
para aumentar o drama, nenhum dos dois faz ideia do que o outro sente... e
isso, galerinha, rende um dos romances mais intensos que eu já li na minha
vida.
Quero mais de Mary Balogh, quero mais dos Bedwyns, pois intensidade, descoberta do
amor, desabrochar de uma grande paixão, ações politicamente corretas, retidão e
justiça nunca fizeram um casamento tão perfeito quanto nessa estreia de uma
série.
Eve é
plena, perfeita, uma amiga que eu adoraria ter por perto. Aidan é complicado,
mas sincero, dedicado e capaz de sacrifícios até mesmo por quem mal conhece,
sensual e exala testosterona na medida certa, é o cara que eu queria para mim
(mais um personagem para o meu harém literário).
Apaixonante,
estonteante, Ligeiramente maravilhoso!
Deixo
vocês, esperando que curtam a postagem de hoje e que sua curiosidade tenha sido
atiçada para conhecer mais sobre essa história fascinante!
Fiquem
bem e Carpe Diem!
Tânia, também amei o livro... tô numa fase viciada em romances de época...rs. Bjs!
ResponderExcluirEu também, Hellen!
ExcluirE o segundo também é incrível!
Beijo
Que lindo seu blog, adorei o Layout.
ResponderExcluirA resenha ficou super completa e perfeita, mas eu ainda não li Ligeiramente casados esta na minha lista de leituras prioritárias e pretendo lê-lo logo pois adoro romances Históricos. Pela sua e por outras resenhas que eu ja li parece ser um livro maravilhoso, estou ansiosa para constatar.
Bjs Já estou Seguindo o blog,
http://leiturasdamary.blogspot.com.br/
Mary, que bom vê-la por aqui!
ExcluirNão tenha dúvidas, este é um livro incrível mesmo!
Beijo