Sexta Envenenada: O Rei


Olá, Envenenados!

Depois de um longo período sem postar, devido aos compromissos de trabalho e da ressaca pós Outlander, estou retornando com um dos livros mais aguardados do ano, pelo menos para as centenas de fãs da série A Irmandade da Adaga Negra.
Após ter sido intensamente e definitivamente arrebatada por Amante Finalmente, como toda seguidora das aventuras de Wrath e seus Vampirões “Tudebão”, fiquei na expectativa para conferir história de O Rei, onde a disputa pelo trono da raça vampira prometia emoções fortíssimas.
Enfim, durante a Bienal de São Paulo em setembro, adquiri meu tão desejado exemplar, cuja capa e título são fiéis ao original de J.R. Ward – eu disse que O Rei seria O Rei. Quanto a isso, muito obrigada, Universo dos Livros.
Depois de recusar seu trono por séculos, Wrath, filho de Wrath, finalmente assumiu o manto de seu pai – com a ajuda de sua amada companheira. Mas a coroa pesa fortemente em sua cabeça. Enquanto a guerra com os Redutores continua, e a ameaça vinda do Bando de Bastardos está chegando perto de acontecer, ele é forçado a fazer escolhas que põe tudo e todos em risco.
Beth Randall pensou que sabia no que estava se metendo quando ela se relacionou com o último vampiro puro-sangue no planeta: não seria nada fácil. Mas quando ela decide que quer ter um filho, percebe que não estava preparada para a resposta de Wrath – ou a distância que essa decisão criaria entre eles.
A questão é: o amor verdadeiro vencerá?”
Assim, Wrath retorna com suas obrigações como rei “sangue puro” da raça vampira, com seus dilemas pessoais e seu humor bombástico.
Preciso ser sincera com vocês: o livro é bom, mas não correspondeu às minhas expectativas, e, no decorrer da postagem, vou explicando os porquês, antes que as demais fãs resolvam usar a estaca em mim, afinal, quem sou eu para agradar a todos? Mas tenho direito a uma opinião.
Como explico, de vez em quando, esta coluna não se resume a uma resenha. Aqui dou minhas impressões sobre os livros, personagens e até autores que mais me fascinam.
E mesmo não tendo caído de quatro por este livro, sou louca pela Irmandade e, por isso, pelo amor que tenho por Wrath e Cia., a Sexta Envenenada de hoje será o trono dos absintos do dia: suas majestades Wrath filho de Wrath e sua Beth, filha de Darius, acompanhados por Lassiter, anjo caído, que teve uma participação tão memorável quanto em Amante Renascido, embora em pouquíssimas páginas.
A história de O Rei conta os momentos de extrema tensão (pelo menos deveria ser assim: tenso) na disputa pelo trono, bem como a vinda de um possível herdeiro de Wrath e Beth.
Aqui veremos este guerreiro vivendo a ameaça de perder o trono e, ainda por cima, correr o risco de perder sua amada rainha, uma vez que Beth está decidida a ter um bebê.
Como a gravidez é um acontecimento extremamente arriscado para as fêmeas desta raça, Wraht está decido a não ceder às súplicas de sua amada. Isso gera um confronto que porá em risco sua união.
Como a maioria dos livros da série (todos), O Rei está recheado de histórias paralelas. Até demais, para o meu gosto.
É claro que um livro com 624 páginas que falasse exclusivamente sobre este casal correria o risco de ser entediante, até porque não seria o primeiro deles. Assim, ele conta a história de Trez e Selena – um dos irmãos sombra e uma das Escolhidas; também acompanhamos a relação, ou não relação, de Assail e Sola, que ainda não conseguiram me convencer.
A novidade aqui, que me encantou, foi a história, ou parte dela, dos pais do rei atual, Wrath (claro) e Anha (ainda me surpreendo com as escolhas dos nomes de alguns personagens).
Até aqui tudo bem, certo?
Acontece que passei um bom tempo lendo as histórias paralelas e, exceto as passagens dos ancestrais do vampirão rei, as demais tiveram um destaque tão desnecessário, que se igualaram à história central, se não tiveram mais destaque. Talvez este tenha sido este o maior motivo da minha irritação com o livro.
Sim, meu povo: “em todos esses anos nesta indústria vital, esta é primeira vez que isso me acontece.” Em todos estes anos, acompanhando as histórias desta série, nunca me senti tão frustrada ao ler um dos livros, ao ponto de querer parar com a leitura.
Como já disse, nos demais livros há histórias paralelas, mas elas têm uma ligação com a história principal, ou pelo menos com algum dos personagens do grupo principal, de uma forma ou de outra. Mas aqui, francamente, tive a impressão de estar lendo três livros diferentes, escritos por pessoas diferentes.
As histórias de Assail e de Trez fogem do estilo dos demais personagens.
Ainda não entendi o papel deste vampiro (Assail, que mais me lembra o nome de uma rede me mercados aqui do RJ: é só retirar o “l”) na série. E, para piorar, ele trabalha com os redutores – inimigos primários da raça vampira. Em sua obsessão por dinheiro e poder ele os tem como aliados, como fornecedor principal de drogas para que esses assassinos as trafiquem aos reles seres humanos.
Usando um dos termos mais repetidos no livro: CACETE, o filho da Virgem Escriba está munindo os assassinos dos seus pares, fortalecendo o inimigo??? Revoltante.
Fora isso, sua relação insossa com uma humana chamada Sola, que é supostamente brasileira, mas supostamente fala espanhol, supostamente tem tradições espanholas/latinas (?), que – como todo brasileiro, sob o olhar estrangeiro – é uma ladra que, obviamente herdou a profissão do pais, um condenado à prisão perpétua (no Brasil????).
Fala sério! Esta é a imagem que passamos?
Somos marginais que falam espanhol, no único país da América cuja língua-mãe é o  português, cujo Código Penal prevê uma pena máxima de 40 anos de xilindró (até onde sei)?
Tá! Poderiam pesquisar melhor nossa ficha, antes de pagarem esse mico, pelo menos aqui, e espalharem esses estereótipos desnecessários e irreais. Há quem, como eu, vá perceber isso e se sentir incomodado; nosso país não é perfeito, claro, mas são muitos os que o amam.
Além da incongruência da história desse casal, assistimos ao dilema de Trez e seu irmão iAm, que estão refugiados na mansão da Irmandade, pois o primeiro foi vendido à rainha de sua raça (que também não tem muita explicação até agora) pelos próprios pais. Ele deverá servir de “concubino” no futuro harém da filha da rainha sombra.
Acontece que Trez não aceita esta situação e se relaciona sexualmente com milhares de humanas (se contaminando, segundo os preceitos de sua raça) e, como cereja do bolo, se envolve emocionalmente com a Escolhida Selena, que também tem seus próprios problemas.
Estou falando demais sobre esses casais???
Claro, pois esta é a maneira como o livro conta história. A história dos personagens principais é permeada (tão exageradamente) pelas paralelas que o foco quase virou sombra.
Outra história (com muito mais sentido) que permeia o drama de Wrath e Beth, é a de Xcor, líder dos Bastardos, e da também Escolhida Layla. Uma história que tem uma verdadeira conexão com a principal, mas que teve pouco destaque em comparação com as demais. Vai entender.
Por outro lado, é melhor nem fazer muito comentário sobre esses dois, pois se houve momentos de decepção (repito, para mim) foi no que diz respeito a Xcor.
Estou com síndrome da leitora exigente? O que eu esperava?
Esperava que este livro seguisse o ritmo dos primeiros, que fosse intenso, sangrento. Esperava confrontos armados – bem característicos da série – invasões, sequestros, enfim, adrenalina escorrendo a cada página. Mas o que vi, na maioria dos capítulos, foram os conflitos emocionais, tramas sem conexão, exceto a de Wrath e seus ancestrais e Xcor.
O que não faltou aqui foi o marketing pesado, que nos primeiros livros era até simpático. Mas a excessiva descrição das roupas de marca, carros caríssimos, relógios, sapatos, celulares, lingerie e até móveis de bebê em O Rei, foi extremamente nauseante, sem falar dos cacetes, paus duros, infernos, depreciação da raça humana e piadinhas sem graça.
Para felicidade de alguns, nem os redutores, nem a V(aca) Escriba dão as caras por aqui, a não ser quando citavam seu escroto nome em vão.
Minha amiga chegou a me questionar se as minhas impressões não foram causadas pelo cansaço. Só que não.
Saí da leitura de Outlander, que tem 200 páginas a mais, inteira e cheia de disposição para reler a obra que me cativou de vez. Isso, conciliando com os meus, nada poucos, afazeres.
Então, não. Não foi o cansaço.
Foi a expectativa que não foi correspondida, foi a ausência dos Irmãos que, salvo um ou outro que tiveram algumas falas, praticamente sumiram da história.
É claro que não vou ser radical ao ponto de querer que todos eles marquem presença constante em todas as histórias. Novos personagens devem ter seu lugar ao sol, ou lua, como é o caso, mas tem-se dado muito espaço para personagens “nada a ver” e aqueles, como Murdher caem no esquecimento.
A história de Wrath e Beth é linda demais para ser figuração. A relação de Beth e John Mattews que prometia, tornou-se um pontinho verde no oceano, até não ser mais citado.
Sim, o reinado de Wrath sofre um grande (ou não) abalo; Beth não facilita sua vida e, realmente seu amor será testado até o fim.
Mas não posso dizer que não gostei de O Rei, justamente porque esses personagens principais, e sua grande família, fazem a diferença. E Lassiter dá mais um show, literalmente, com suas falas e irreverência ao dar soluções a algumas situações.
Pelo visto, ainda há o que ser contado sobre a Irmandade, ainda que os Irmãos tenham se tornado coadjuvantes.
Espero que leiam a história e tirem suas próprias conclusões e, por favor, as compartilhem, para que esta leitora neurótica saiba se surtou de vez e virou uma fã exigente demais ou se O Rei deixou a desejar para mais alguém.
Até a próxima!
Fiquem bem, e Carpe Diem!


8 comentários

  1. Eu acho, que quando a gente ama demais uma série... vai ficando exigente SIM!! #fato

    E eu também acho que a vontade que temos é sair escrevendo para a autora... já que muitas delas 'perdem' o fio da meada e deixam seus fãs frustrados!!

    Isso acontece em muitas séries e mesmo não tendo lido O Rei, sei que terei a mesma impressão que você... uma pena!!

    Mesmo o livro sendo um saco... você consegue escrever tão bem sobre ele que só posso te admirar cada vez mais amiga!!

    É claro que lerei o livro!! Mas pretendo deixar a leitura de O Rei para as férias, pois assim como você... serei sempre apaixonada pela Irmandade!!

    Beijocas, <3

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    1. Esta série é para sempre, seja o livro decepcionante ou não.
      Espero que os próximos voltem a trazer as emoções que a tornaram uma das minhas preferidas!
      IAN para sempre!
      Te amo, Math!

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  2. Sinceramente, nunca imaginei um livro da IAN me fazer arrastar tanto a leitura como esse fez. Custei a acabar mesmo! Foi "cacete" demais, merchan demais de um monte de grifes, uma personagem brasileira estereotipada - mistura de mexicano/porto-riquenho/venezuelano e que é ladra (porque brasileiro é isso!?)... Nem parece escrito por JR.Ward somente, parece colaboração. Tem um determinado capítulo com Xcor que foi totalmente desnecessário e Rei e Rainha que é bom, não ocupou nem metade do livro.
    Parece aquelas franquias hollywoodianas de trocentos filmes que já não tem razão de ser.
    Enfim, eu fiquei decepcionada.

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    1. É, querida amiga!
      Agora é torcer, mais que aguardar, para que o próximo livro volte às origens!

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  3. Ih, querida Tânia, vc pode incluir mais dez anos a sua irritação, já que a pena máxima possível no Brasil é só de 30 anos...rsrs bjs!

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    1. Pior ainda, né Hellen!!!!!!!!!
      Absurdo, dos absurdos esses estereótipos que eles jogam sobre nós e parere que estamos fadados a isso, sem meios de mudar.
      Valeu pelo esclarecimento, que realmente me deixou ainda mais irritada.
      Beijos, linda!

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  4. Também fiquei decepcionada com o livro, esperava muito mais. "Esperar um ano por isto!!". Não que não tenha momentos bons, mas as histórias paralelas são chatas, principalmente a de Trez e Selena. Ainda não entendi a do Assail. A "brasileira Sola é uma ofensa a nós, brasileiros, mas, infelizmente, é a visão maniqueísta que muitos, que não conhecem, têm do nosso povo. Espero que a Ward volte a boa e velha fórmula para nos encantar com os próximos livros. Eu pensei ser a única decepcionada com O Rei, mas não... Beijos, minha linda amiga. Amo sua coluna

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    1. E eu amo, quando você comenta, mestra!
      Nesses anos todos na indústria vital, é fantástica a sensação pelo seu reconhecimento. Vale muito!
      Quanto ao livro, fico menos paranoica, por saber que não estou sozinha nessas impressões!
      Obrigada por tudo!
      Beijo

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