“Se tiver que ser em alguma hora, é melhor que seja agora, pensei, e
deliberadamente deslizei as mãos pelas suas coxas, rígidas e esbeltas
sob o kilt.
Embora a essa altura eu já soubesse muito bem o que a maioria dos
escoceses
usava por baixo dos kilts - nada - ainda assim era um choque
encontrar apenas Jamie.”
Olá, Envenenados!
Como prometido na semana passada, estou de volta com Outlander – A
Viajante do Tempo.
Há tanto o que dizer sobre esta obra, que transborda o limite de
apenas uma postagem.
Anteriormente (http://asenvenenadaspelamaca.blogspot.com.br/2014/08/sexta-envenenada-outlander-viajante-do.html), falei mais sobre a protagonista Claire Randall, que
é levada por forças misteriosas e míticas a uma viagem no tempo, nas Terras
Altas escocesas.
Eu literalmente estou vestindo a camisa de Outlander – A Viajante
do Tempo, da Diana Gabaldon da Saída de Emergência.
Melhor dizendo, vestindo a camisa de Jamie Fraser, o absinto de
hoje.
Se, na semana passada foque na Claire, até porque é ela quem narra
a história, hoje falo sobre esse jovem bem diferente da maioria dos
protagonistas masculinos na atualidade.
Jamie não é um playboy bilionário, cheio de traumas que usa para
descontar no mundo. Não.
Tudo bem que ele realmente é lindo, mas quando isso foi problema?
É jovem – ótimo, adoro células novas – e muito atraente – isso lá é defeito?
Mas faz parte de uma época e lugar em que gentileza era algo raro
até mesmo para a maioria das mulheres.
Quando conhece Claire, ele está com o grupo de seu tio Dougal
Mackenzie, bastante ferido e não pode ser deixado para trás, mas também não tem
condições de montar a cavalo.
Quando percebe que estão prestes e destruir totalmente seu braço,
que está assustadoramente deslocado, Claire assume os cuidados desse jovem
desconhecido e é levada com o grupo para o Castelo de Leoch, onde Colum, o
outro tio de Jamie, irmão de Dougal é senhor.
Como
eu disse, Diana Gabaldon concedeu uma pureza impressionante a Jamie, ao mesmo
tempo em que o apresenta como um homem de coragem e lealdade irretocáveis. Ele
enfrenta seus fantasmas também, tem seus segredos também, mas busca a
sinceridade acima de tudo.
Depois
de ter sua propriedade invadida pelos ingleses, que buscavam “impostos”, ele os
enfrenta bravamente, mas se vê totalmente indefeso quando o líder do grupo,
Jonathan Wolverton Randall – que vem a ser o antepassado do marido de Claire –
usa sua irmã como refém.
Desafiado
e hum
ilhado, Jamie é açoitado diante da irmã que, ao vê-lo ameaçado de morte,
sede aos caprichos de Black Jack Randall.
Depois de tudo Randall leva Jamie como prisioneiro.
Com o
destino incerto, Jamie tenta fugir da prisão, é pego e açoitado novamente.
Ainda
não satisfeito, Randall programa um novo castigo físico para daí alguns dias.
E é
nesse estado que Claire vê as costas de Jamie, quando vai trocar suas ataduras,
já no Castelo de Leoch.
“— Se estava tão ansioso para se
livrar das ataduras, por que não deixou que eu as tirasse para você ontem à
tarde? — Seu comportamento no campo me intrigara na ocasião e mais ainda agora
que podia ver as áreas de pele avermelhada onde as pontas ásperas das ataduras
de linho roçaram tanto sua pele que quase a deixaram em carne viva. Levantei o
curativo cautelosamente, mas tudo estava bem.
Ele me olhou de viés, depois
abaixou os olhos um pouco timidamente.
— Bem, é que... ah, é que eu não queria tirar
minha camisa diante de Alec.
— É recatado, não? — perguntei secamente,
fazendo com que erguesse o braço para testar a extensão da junta. Ele piscou
rapidamente com o movimento, mas sorriu diante da minha observação.
— Se eu fosse, não estaria aqui
sentado quase nu no seu quarto, não é? Não. São as marcas nas minhas costas. -
Vendo minhas sobrancelhas erguidas, continuou com a explicação. — Alec sabe
quem eu sou, quero dizer, ouviu dizer que fui chicoteado, mas ele não viu. E
saber algo assim não é o mesmo que ver com seus próprios olhos. — Apalpou o
ombro machucado, desviando os olhos. Franziu a testa, fitando o chão. — É
que... talvez você não compreenda o que quero dizer. Mas quando você sabe que
um homem sofreu algum mal, trata-se apenas de uma das coisas que sabe a respeito
dele e não faz muita diferença na maneira com que você o vê. Alec sabe que fui
açoitado, como sabe que tenho cabelos ruivos, e isso não faz diferença na
maneira como ele me trata. — Ergueu os olhos, buscando algum sinal de
compreensão em meu rosto.
— Mas quando você realmente vê,
é como - hesitou, buscando as palavras —, é um pouco... pessoal, talvez, é o
que quero dizer. Eu acho... se ele visse as cicatrizes, ele não conseguiria
mais me ver sem pensar nas minhas costas. E eu veria que ele estava pensando
nisso, o que me faria lembrar e... - interrompeu-se, encolhendo os ombros. — Bem. É uma explicação bem ruim, não? Acho que sou muito suscetível a esse
respeito, de qualquer modo. Afinal, eu mesmo não posso ver minhas costas; talvez
não seja tão ruim quanto eu imagino.
Eu já vira homens feridos
andando de muletas na rua e as pessoas desviarem o olhar ao passar por eles e
achei que absolutamente não era uma explicação ruim.
— Não se importa que eu veja suas costas?
— Não, não me importo. - Pareceu ligeiramente
surpreso e parou por um instante para pensar naquilo. — Acho que... é que você tem um jeito de me
dizer que sente muito, sem me fazer sentir pena de mim mesmo.
...
Claire e Jamie - cena de Outlander, que estreou em agosto. |
Jamie também tinha razão. Vendo
aquele dilaceramento gratuito, não podia evitar uma imagem mental do processo
que o causara. Tentei não imaginar os braços musculosos erguidos, estirados e
amarrados, as cordas cortando os pulsos, a cabeça pressionada com força contra
o poste, em agonia, mas as marcas traziam essas imagens prontamente à
imaginação. Teria ele gritado? Afastei apressadamente a ideia. Eu ouvira as histórias
sobre a Alemanha do pós-guerra, é claro, soubera de atrocidades muito piores do
que esta, mas ele tinha razão; saber não é o mesmo que ver.
[...]”
Jamie
é um homem simples e franco, que tem um olhar também simples e objetivo sobre a
vida e as pessoas. Por outro lado, nem a vida nem as pessoas foram simples e
objetivas com ele. E pela primeira vez em sua vida, ele tem alguém que pode ser
assim com ele, pelos menos até onde ele saiba.
Obviamente,
Claire, ainda que não possa revelar sua verdadeira história, acaba se
afeiçoando a este rapaz tão querido. Mas não se enganem, pois nem ela também se
enganou: não se trata de um romance instantâneo. A história deles é ao mesmo
tempo simples e complicada.
Para salvar
a pele de Claire das garras de Randall, ela é obrigada a se casar com Jamie. E tudo
acontece, como já disse de maneira tão movimentada que nem dá para acreditar.
No
meio dessa confusão ela descobre que ele é virgem – que lindo! E isso renderá
muitas risadas – de ambos e de nós – e muitos momentos quentes desse casal.
“Diga-me se eu estiver sendo muito rude
ou diga-me para parar, se quiser. A qualquer momento, até estarmos unidos; não
acho que consiga parar depois disso.
Em resposta, passei meus braços pelo seu
pescoço e o puxei para cima de mim. Guiei-o para a fenda escorregadia entre
minhas pernas.
– Deus
do Céu - disse James Fraser, que nunca usava o santo nome de Deus em vão.
– Não
pare agora - eu disse.”
Lembrando
que eles foram obrigados a isso e que havia, fora do quarto do casal, um grupo
de escoceses grosseirões e de kilt também, bebendo tudo o que podiam e não
podiam, esperando ansiosamente pela consumação do casamento. Esse grupo, graças
aos deuses, também rende excelentes momentos nessa obra “maravilinda” da Diana
Gabaldon, que é uma impressionante contadora de histórias, haja vista a
quantidade de páginas deste que é apenas o primeiro volume da série.
Caitriona Balfe e Sam Heughan |
A história
é tão fantástica que finalmente, após mais de 20 anos da primeira edição, vira
uma série de TV com um elenco e produção também fantásticos. Todos os atores,
todas as instalações parecem ter saído diretamente das páginas de Gabaldon.
Também
é claro que a história de Outlander vai muito além da cama do casal, mas os momentos
dos dois são um refresco para a situação difícil que cada um precisa resolver. Não
esqueçamos que Claire precisa voltar ao seu tempo real, que ela não deixou de
amar Frank, que é um bom marido também. Mas quando lemos algumas passagens,
podemos compreender porque ela se vê perdida não apenas no passado, mas entre
escolhas difíceis de serem feitas.
“Muito
mais tarde, quando estávamos quase adormecendo, senti o braço de Jamie em volta
da minha cintura e seu hálito morno no meu pescoço.
– Isso
nunca pára? O desejo de ter você? - Sua mão acariciou meu seio. — Mesmo quando
acabo de sair de você, eu a desejo tanto que sinto um aperto no peito e meus
dedos doem querendo tocá-la outra vez.
Segurou meu rosto no escuro, com as duas
mãos, os polegares acariciando os arcos das minhas sobrancelhas.
– Quando
a seguro com as duas mãos e a sinto tremer assim, esperando que eu a possua...
Meu Deus, quero lhe dar prazer até você gritar sob mim e abrir-se para mim. E
quando tiro de você meu próprio prazer, sinto como se tivesse lhe dado minha
alma junto com meu corpo.
Rolou para cima de mim e abri minhas
pernas, contraindo-me ligeiramente quando ele me penetrou. Ele riu baixinho.
– Eu
também estou um pouco dolorido. Quer que eu pare? — Envolvi seus quadris com
minhas pernas em resposta e o puxei para mais junto de mim.
– Você
gostaria de parar? - perguntei.
– Não.
Não posso.
Rimos e nos balançamos juntos, devagar,
os lábios e os dedos explorando no escuro.
– Entendo
por que a Igreja diz que é um sacramento - Jamie disse sonhadoramente.
– Isto?
— perguntei, espantada. - Por quê?
– Ou
ao menos sagrado - ele disse. — Sinto-me como o próprio quando estou com você.
Ri com tanta força que ele quase saiu de
mim. Parou e segurou meus ombros, prendendo-me na cama.
– O
que é tão engraçado?
– É
difícil imaginar Deus fazendo isso. Jamie retomou seus movimentos.
– Bem,
se Deus fez o homem à Sua imagem, devo supor que Ele tenha um pênis. - Começou
a rir também, perdendo o ritmo outra vez. –
Embora você não me lembre
muito a Virgem Maria, Sassenach.
Sacolejamo-nos nos braços um do outro,
rindo até nos soltarmos e rolarmos cada qual para um lado.
Recompondo-se, Jamie deu um tapinha no
meu quadril.
– Fique
de joelhos, Sassenach.
– Por
quê?
– Se
não vai me deixar ser espiritual a respeito disso, vai ter que aturar meus instintos
mais básicos. Vou ser um animal. — Mordeu meu pescoço. - Quer que eu seja um
cavalo, um urso ou um cachorro?”
Se eu
disser para vocês que ainda há muito mais para ser dito sobre Outlander, tenham
certeza, não estarei mentindo. Mas me contento em dizer que é uma leitura
extraordinária, que nos envolve e nos transporta no tempo também. Tanto no
tempo em que Claire viveu, no século XX, quanto no tempo de Jamie, mas também a
um bom tempo em que se faziam bons livros, em que as boas histórias era muito
valorizadas e a criatividade e curiosidade alavancavam o trabalho do autor.
Eu
fico por aqui, suspirando por um dia a dia, pelo menos, um pouco parecido com o de
Claire, desejando que as pessoas tenham a terça parte do caráter de alguns
personagens dessa obra e que os jovens se inspirem com a história. Estou enamorada por Jamie e
companhia! Aguardando-o sonhadoramente.
Fiquem
bem e Carpe Diem.
Oi, querida!! Que saudades! Não resisti, depois de ver as fotos da tua postagem no face, e vim verificar de perto. Não conhecia essa história e fiquei muito curiosa para ver o filme. Em que canal está passando? Estive meio afastada por um tempo, mas agora pretendo voltar aos poucos. Foi uma delícia ver que continuas postando essas dicas maravilhosas. Muitos beijos!!
ResponderExcluirRosane, minha querida amiga!
ExcluirQue felicidade poder ver você por aqui. Espero que estejas melhor, embora saiba que só o tempo para amenizar nossas reações nas adversidades.
Outlander está sendo transmitida em formato de série, mas infelizmente ainda não chegou por aqui. Mas o livro é um arraso e é a nossa cara.
Obrigada pelo presente da sua presença, minha amada!
Beijo
Queridíssima... há tempos sumida, mas sempre que posso dou uma passadinha por aqui! Hoje resolvi me manifestar uma vez que está falando desta maravilhosa obra... um espetáculo! Li apenas o primeiro livro e estou no segundo... e estou acompanhando a série ! suas palavras aqui foram perfeitas, como sempre!
ResponderExcluirBeijo grande com carinho <3
Oi, Cassinha, querida!
ExcluirSaudades de você por aqui. Mas sei que o corre-corre não nos permite curtir nossos mais amados passatempos.
Também acompanho a série, esses atores escalados são incrivelmente semelhantes às descrições que a autora faz nos livros.
Obrigada por comentar e espero que curta o segundo tanto quanto eu!
ESTOU VENDO OUTLANDER, ESTOU NO 8* EPISÓDIO.estou amando. Esta estória atiçou minha curiosidade . estive em Invernees, nas Highlands, norte da Esócia , gostei de tudo que vi.
ResponderExcluirOnde vc comprou a camisa? Ainda de lembra?
ResponderExcluirBom dia! Esta eu ganhei durante a Bienal.
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