“Eu
procuro um amor que ainda não encontrei
Diferente de todos que amei
Nos seus olhos quero descobrir uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer
Pode ser que eu a encontre numa fila de cinema,
Numa esquina
Ou numa mesa de bar.
Procuro um amor que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim
E eu vou tratá-la bem
Pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer os meus segredos
Eu procuro um amor, uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer
Pode ser que eu gagueje sem saber o que falar
Mas eu disfarço e não saio sem ela de lá.”
Diferente de todos que amei
Nos seus olhos quero descobrir uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer
Pode ser que eu a encontre numa fila de cinema,
Numa esquina
Ou numa mesa de bar.
Procuro um amor que seja bom pra mim
Vou procurar, eu vou até o fim
E eu vou tratá-la bem
Pra que ela não tenha medo
Quando começar a conhecer os meus segredos
Eu procuro um amor, uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer
Pode ser que eu gagueje sem saber o que falar
Mas eu disfarço e não saio sem ela de lá.”
Segredos -
Frejat
Olá, Envenenados!
Estamos
de volta!
Ufa!
Estas semanas foram muito produtivas para mim.
Um
dois mais esperados dos Bridgertons, Colin é o terceiro irmão de uma ninhada de
oito e, como os três primeiros que já tiveram suas histórias contadas, Daphne,
Anthony e Benedict, ele é muito especial. Mas em seu caso, especial de diversas
maneiras.
Ele teve
presença marcante nos três primeiros livros, pois a autora fez questão de
mostrar sua personalidade irreverente e carinhosa, fazendo com que seu livro
gerasse grande expectativa entre os leitores, ainda mais com um título tão
instigante.
Em
sua primeira aparição durante um dos bailes de temporada (à caça de
pretendentes), já em O Duque e Eu, que conta a história de sua irmã Daphne, ele
mostra ser um popstar entre os irmãos e a sociedade londrina, além de seu humor
fresco.
“Daphne já podia ver cabeças se virando na direção deles. Mães
ambiciosas cutucavam as filhas e apontavam para os dois irmãos Bridgertons,
sozinhos e sem companhia além da irmã.
– Eu sabia que deveria ter ido ao toalete – sussurrou Daphne.
– O que é esse pedaço de papel na sua mão, Daff? –
perguntou Benedict.
Sem pensar direito, ela lhe entregou a lista das aspirantes
a noives de Anthony.
Depois dos risos altos de Benedict, Anthony cruzou os
braços e falou:
– Tente não se divertir muito às minhas custas. Imagino que
você receberá uma na semana que vem.
– Sem dúvida – concordou Benedict. – É de espantar que
Colin... – Arregalou os olhos. – Colin!
Mais um irmão Bridgerton se juntou ao grupo.
– Ah, Colin! – exclamou Daphne, jogando os braços ao redor
do irmão. – Quem bom ver você!
– Perceba que nós não recebemos uma saudação tão
entusiasmada – disse Anthony a Benedict.
– Vocês eu vejo o tempo todo – retrucou Daphne. – Colin esteve
fora por um ano. – Depois de dar um último apertão, ela recuou e ralhou com
ele. – Não estávamos esperando você até a semana que vem.
Colin encolheu apenas um dos ombros, o que combinou
perfeitamente com seu sorriso enviesado.
– Paris estava chata.
– Ah – lamentou Daphne com um olhar sagas. – Então você
ficou sem dinheiro.
Colin riu e ergueu os braços em sinal de rendição.
– Adivinhou.”
Julia
Quinn injeta uma grande parcela de bom humor e ironia aos irmãos Bridgertons,
bem como os elaborou de maneira a torná-los intensos, complexos, sedutores e
honrados. Fala sério, todos, homens e mulheres, são adoráveis, apaixonantes,
pois possuem qualidades desejáveis em parceiros ideais, mesmo que eles não se
deem conta disso.
Finalmente,
seu próprio livro, podemos ver um pouco mais das facetas de Colin.
Sobre
o título, sem querer revelar demais, Os Segredos de Colin Bridgerton, na
verdade não me pareceu muito adequado, mas pode ter sido uma escolha
estratégica, eu acho.
Enfim,
Colin aparece na Sexta Envenenada de hoje como o absinto da vez. Mas mérito,
preciso ser muito honesta com vocês, não foi apenas dele. Na verdade, o grande
triunfo dessa obra é a invisível Penelope Featherington, melhor amiga de
uma de suas irmãs.
Na verdade,
haverá muito mais o que descobrir a respeito dessa moça do que sobre o próprio
Colin. Não que ele não se revele um homem surpreendente, muito além do charme e
graça que demonstra nos primeiros livros.
Como é
característico dessa série, seremos levados à Londres do século XIX, em um
período em que as famílias na alta sociedade inglesa investiam pesado no futuro
(matrimonial) de seus filhos e filhas, mas o foco maior está na relação
retomada de Colin e Penelope.
Digo retomada,
porque Colin está sempre viajando para fora do país, guiado por sua curiosidade
e inquietude. Por outro lado, Penelope deixa de ser alvo de casamento de sua
mãe e assume o cargo de dama de companhia da irmã caçula, Felicity. Mas isso
não impede a “solteirona” Penelope de ainda amar o Bridgerton mais encantador
de todos.
“No dia
6 de abril de 1812 – dois dias antes de seu aniversário de 16 anos –, Penelope
Featherington se apaixonou.
Foi, em uma palavra, emocionante. O mundo estremeceu. Seu coração
deu saltos. Ela ficou sem fôlego e foi capaz de dizer a si mesma, com alguma satisfação,
que o homem em questão – um tal de Colin Bridgerton – se sentiu da mesma forma.
Ah, não com relação à parte amorosa. Com certeza ele não se
apaixonou por ela em 1812 (nem em 1813, 1814, 1815, nem – ora, ora! – nos anos entre
1816 e 1822, e também não em 1823, quando, de qualquer forma, passou o ano todo
fora do país). Mas o mundo dele estremeceu, seu coração deu saltos e Penelope
soube, sem a menor sombra de dúvida, que ele perdeu o fôlego, assim como ela.
Por uns bons dez segundos.
É o que geralmente acontece quando um homem cai do cavalo.
Rui Rodrigues |
...
Ele riu.
Ele riu.
Penelope não
tinha muita experiência com a risada masculina e nas poucas ocasiões em que a
presenciara, ela não fora gentil. Mas os olhos daquele homem – de um tom muito
intenso de verde – pareciam estar achando graça enquanto ele limpava uma mancha
de lama localizada de forma bastante embaraçosa em seu rosto, para depois
dizer:
– Bem,
aquilo não foi muito habilidoso da minha parte, não é mesmo?
E, naquele
momento, Penelope se apaixonou.
Quando
encontrou a voz (o que, era-lhe doloroso admitir, ocorreu uns bons três
segundos depois que qualquer pessoa com algum grau de inteligência teria
respondido), ela falou:
– Ah, não,
eu é que deveria me desculpar! Meu chapéu voou da minha cabeça e...
Parou de
falar ao se dar conta de que ele não lhe pedira desculpas, de maneira que não
fazia muito sentido contradizê-lo.
– Não foi
incômodo algum – retrucou ele, dando um sorriso um tanto divertido. – Eu... Ah,
bom dia, Daphne! Não sabia que estava aqui.
Penelope deu
meia-volta e se viu frente a frente com Daphne Bridgerton, de pé ao lado da
Sra. Featherington, que no mesmo instante sibilou:
– O que você
aprontou, Penelope Featherington?”
Penelope
é, ao contrário de Colin, de toda a família Bridgerton e de grande parte da
alta sociedade londrina, uma sombra, praticamente invisível aos olhos de todos,
inclusive de sua mãe.
Ela
também tem algumas aparições nos primeiros livros, mas como o patinho feio dos
bailes de temporada, tem até algumas menções da colunista misteriosa, Lady Whistledown,
nenhuma delas no sentido de alavancar a autoestima da moça. Pelo contrário.
A
primeira delas foi:
“O infeliz vestido da Srta. Penelope Featherington deixou a
pobre menina parecida com nada menos que uma fruta cítrica madura demais.”
Aos 17
anos ela começou uma grande amizade com Eloise, uma das irmãs mais novas de
Colin. Passou a frequentar regularmente a casa dos Bridgertons a convite de
Violet, a matriarca e, consequentemente, pode conhecê-lo melhor.
“Se Penelope achava que tinha se apaixonado por ele antes,
isso não era nada comparado ao que passou a sentir depois de realmente
conhecê-lo. Colin era espirituoso, bem-humorado, tinha um jeito brincalhão e
despreocupado que fazia as mulheres suspirarem, mas, acima de tudo...
Colin Bridgerton era simpático.
Simpático. Uma
palavrinha tão boba... Deveria ser algo banal, mas de alguma forma combinava
com ele à perfeição. Colin sempre tinha algo agradável para dizer a Penelope, e
quando ela enfim reunia coragem suficiente para responder (além dos
cumprimentos e despedidas mais básicos), ele a escutava. O que acabava por
tornar as coisas mais fáceis para a vez seguinte.
Ao final da temporada, Penelope achava que Colin fora o
único homem com o qual conseguira ter uma conversa inteira.
Aquilo era amor. Ah, era amor, amor, amor, amor, amor, amor.
Uma tola repetição de palavras, talvez, mas foi exatamente o que Penelope
rabiscou numa folha de papel de carta caríssimo, junto com os nomes “Sra. Colin
Bridgerton”, “Penelope Bridgerton” e “Colin Colin Colin”. (O papel seguiu para
o fogo no instante em que a menina ouviu passos no corredor.)
Que maravilha era amar – mesmo que o sentimento não fosse
correspondido – uma pessoa simpática. Fazia com que ela se sentisse tão sensata...
Rui Rodrigues |
É claro que não atrapalhava em nada o fato de Colin possuir,
assim como todos os homens da família, a mais fabulosa aparência física. Ele tinha
aquela famosa cabeleira castanha, a boca grande e sorridente, os ombros largos,
1,80 metro de altura e, no caso de Colin, os mais devastadores olhos verdes que
já adornaram um rosto humano.
Eram olhos que dominavam os sonhos de uma moça.
E Penelope sonhava, sonhava e sonhava.”
Normal,
né? Afinal, será que existe alguma adolescente que não tenha se apaixonado pelo
carinha mais velho – irmão da melhor amiga, amigo do seu irmão? Se não todas,
mas muitas, com certeza.
Quem nunca ficou com o coração acelerado quando
ele aparecia sem que se esperasse, mas não era para te ver? Quem nunca sonhou
acordada ou procurou estar por perto, pelo caminho, para, pelo menos, poder
vê-lo?
Realmente,
Penelope, como é bom amar, mas como dói também, quando ele só é gentil, o que
aumenta a ansiedade, mas nem percebe que é o amor da sua vida.
Ela sabe
que, apesar do amor dolorido que sente por Colin, ele jamais a notaria, como ninguém
a notara, assim está destinada a ser uma solteirona e, como vem profetizando
sua mãe, será a filha que cuidará dela na velhice.
“Os anos se passaram e, de
alguma forma, sem perceber, Penelope deixou de ser uma debutante e ocupava
agora o grupo das damas de companhia e observava a irmã mais nova, Felicity – a
única das irmãs Featheringtons abençoada com graça e beleza natural –,
desfrutar da própria temporada londrina.
Colin desenvolveu uma
inclinação especial pelas viagens e passava cada vez mais tempo fora de
Londres. Parecia que a cada mês seguia para um destino diferente. Quando estava
na cidade, sempre guardava uma dança e um sorriso para Penelope, e ela, de
algum jeito, conseguia fingir que nada havia acontecido, que ele jamais tinha
declarado sua aversão a ela numa via pública e que seus sonhos nunca tinham
sido despedaçados.
E sempre que ele estava na
cidade, o que não ocorria com frequência, os dois pareciam desfrutar de uma
amizade fácil, mesmo que não muito profunda. O que era tudo o que uma
solteirona de 28 anos poderia esperar, certo?
Um amor não correspondido
não era nada fácil de administrar, mas ao menos Penelope Featherington já
estava acostumada a isso.”
De
fato, ambos acabam compartilhando uma amizade amena. Colin, assim como Anthony
e Benedict, sempre resgataram Penelope de muitos momentos constrangedores nos
bailes, sempre a tiravam para dançar, caso contrário ela teria ficado eternamente
esquecida nos cantos dos salões. E, mesmo depois do dia mais constrangedor de
suas vidas, eles conseguiram ser cordiais e criar laços quase fraternos (pelo
menos da parte dele).
Foi em
um momento em que ele e os dois irmãos mais velhos discutiam sobre os planos de
sua mãe para casar os filhos, se não me engano, foi no livro 3, em que Colin
repudiava a ideia de se casar tão cedo.
“Penelope podia vê-los
através do vidro da porta da frente, mas não pôde ouvir o que diziam até chegar
ao vão. E como prova do péssimo timing que a assolara a vida toda, a primeira
voz que escutou foi a de Colin, e as palavras que ouviu não foram nada
generosas:
– ... eu não vou me casar
tão cedo, e muito menos com Penelope Featherington!
– Ah!
A palavra simplesmente saiu
de seus lábios em um lamento desafinado antes mesmo que ela pudesse pensar.
Os três Bridgertons
voltaram-se para encará-la, horrorizados, e Penelope soube que acabara de dar
início aos piores instantes de sua vida. Ficou em silêncio pelo que pareceu ser
uma eternidade e então, por fim, com uma dignidade que jamais sonhara possuir,
olhou direto para Colin e retrucou:
– Eu nunca pedi que se
casasse comigo.
O rosto dele, já rosado,
tornou-se rubro. Ele abriu a boca, mas não emitiu nenhum som. Talvez, pensou
Penelope com estranha satisfação, aquela tivesse sido a única vez na vida que
ele ficou sem palavras.
– E eu nunca... –
acrescentou Penelope, engolindo em seco sem parar. – Eu nunca falei a ninguém
que queria que você me pedisse em casamento.
– Penelope – conseguiu,
enfim, falar Colin –, eu sinto muito.
– Não tem do que se
desculpar.
– Não – insistiu ele. –
Tenho, sim. Eu a magoei, e...
– Você não sabia que eu
estava aqui.
– Mesmo assim...
– Você não vai se casar
comigo – declarou ela, a voz soando estranha e falsa aos seus ouvidos.– Não há
nada de errado com isso. Eu não vou me casar com o seu irmão Benedict.
Até então, Benedict estava
olhando para o outro lado, tentando não encará-la, mas a partir desse momento
passou a prestar atenção.
Penelope fechou as mãos ao
lado do corpo.
– Ele não fica magoado
quando eu digo que não vou me casar com ele. – Virou-se para Benedict e
forçou-se a fitá-lo diretamente nos olhos. – Fica, Sr. Bridgerton?
– Claro que não – respondeu
ele, com rapidez.
– Então está resolvido –
disse ela decididamente, impressionada por, ao menos uma vez na vida, estar
conseguindo pronunciar as palavras exatas que queria. – Ninguém ficou magoado.
Agora, se me derem licença, cavalheiros, preciso ir para casa.”
Essa
foi uma situação tão vexatória, que até eu fiquei com vergonha. Tadinha dela!
Mas,
mesmo depois disse, eles continuaram amigos.
Agora,
adultos, ele com 33 anos e ela com 28, sem ter muito que provar um para o
outro, ambos passam mais tempo juntos e começam a se conhecer melhor.
Ela começa
a perceber que ainda há muito que aprender sobre o único homem a quem amou e
ele descobre que, de fato, nunca conheceu Penelope realmente. E isso o intriga,
desperta sua curiosidade e outras sensações que o assustam e nos excitam.
Além
das descobertas que vão fazendo sobre o outro, existem outras revelações em Os
Segredos de Colin Bridgerton que vão abalar toda a história dessa série, bem
como a nós leitores. Haverá um segredo que deixou toda sociedade londrina
agitada que finalmente será revelado. Mas não vou dizer qual.
Sobre
a sensualidade da história: existe, embora não tão constante e evidente quanto
“E ele estava aprendendo que tudo o que acreditava saber
sobre o ato de beijar era bobagem.
...
Aquilo, sim, era um beijo.
...
Ele a puxou para mais perto, depois ainda mais, até seus
corpos estarem colados. Podia sentir toda a extensão do corpo dela, e sentiu o
seu próprio incendiar. Percebeu seu membro enrijecer. Deus, como a desejava.
...”
Ai! Ai!
Mais
um exemplo de um livro bem escrito, detalhista e generoso. Uma história
cativante sobre dois personagens tão queridos e cheios de méritos.
Se o
herói salva a mocinha?
Claro!
Se a
mocinha resgata o herói e o ajuda a encontrar seu próprio caminho?
É
óbvio!
É isso
que procuramos neste tipo de livro, não é? Entretenimento, diversão, e, de
certa forma, uma fuga do nosso dia a dia estressante.
Quem
termina essa história, e não deseja levar Colin Bridgerton para casa (no caso
das moças) ou possuir Penelope (no casos dos moços) ou simplesmente poder
tê-los como amigos, deve voltar ao início e reler o livro, pois deixou passar
alguma coisa.
Julia
Quinn, mais uma vez prova que sabe contar uma história, conquistando de vez o
posto de autora predileta dessa colunista, que não tem nada de Lady Whistledown,
mas que tem o maior prazer de falar da vida desses personagens fabulosos!
Vou
ficando por aqui, desejando a todos uma sexta incrível e um final de semana no
melhor estilo Bridgerton!
Fiquem
bem e Carpe Diem!
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