Sexta Envenenada: Tentação ao Pôr do Sol



Eu sou apenas alguém
Ou até mesmo ninguém
Talvez alguém invisível
Que a admira a distância
Sem a menor esperança
De um dia tornar-me visível
E você?
Você é o motivo
Do meu amanhecer
E a minha angústia
Ao anoitecer
Você é o brinquedo caro
E eu a criança pobre
O menino solitário que quer ter o que não pode
Dono de um amor sublime
Mas culpado por querê-la
Como quem a olha na vitrine
Mas jamais poderá tê-la
Eu sei de todas as suas tristezas
E alegrias
Mas você nada sabe
Nem da minha fraqueza
Nem da minha covardia
Nem sequer que eu existo
E como um filme banal
Entre o figurante e a atriz principal
Meu papel era irrelevante
Para contracenar
No final
Amor Sublime - Renato Russo

Olá, Envenenados!

Estou de volta minha gente, mais rápido do que eu esperava.
Isso porque não conseguiria esperar mais uma semana para compartilhar com vocês minhas impressões sobre o lançamento fresquinho da editora Arqueiro.
Estou falando do terceiro livro da série Os Hathaways, Tentação ao Pôr do Sol da Lisa Kleypas.
“Poppy Hathaway está em Londres para sua terceira temporada de eventos sociais. Como nos dois anos anteriores, ela se hospedou com a família no hotel Rutledge. E, como nos dois anos anteriores, tudo indica que retornará a Hampshire sem ter encontrado um pretendente com quem se casar.
Apesar de ser extremamente bonita e gentil, Poppy tem duas grandes desvantagens em relação às outras moças: sua inteligência deixa muitos homens acuados e o fato de vir de uma família tão pouco convencional faz com que os melhores partidos nem sequer a abordem. Mas o destino a coloca no caminho de Harry Rutledge, um homem de passado triste, que venceu na vida por conta própria e aprendeu a encarar tudo como um negócio. O dono do hotel não ama ninguém, confia em poucos e manipula todos. Porém, mesmo sendo tudo o que Poppy nunca almejou, ela não pode negar o fascínio que sente por ele. Quando Harry conhece Poppy, é tomado pelo desejo. Ele imediatamente tem a certeza de que a jovem será sua – e, para o bem ou para o mal, não mede esforços para que isso aconteça. Mas fascínio e desejo não são suficientes para construir sua história, sobretudo quando uma traição põe em jogo as bases do relacionamento. Agora é entre quatro paredes que eles tentarão resolver problemas e anular diferenças, num romance sensual em que seu futuro juntos pode mudar a cada toque, cada encontro, cada descoberta.”
Vamos lá, preciso ser extremamente sincera com vocês (sempre fui), mas é a primeira vez que tenho vontade de dar uma surra no absinto da coluna de hoje, Harry Rutledge, com um gato morto até ele miar.
Ele é, de fato, um homem que venceu por seus próprios meios e, devido às circunstâncias de sua infância, que não conto nem sob tortura, tornou-se bastante reservado. Nem mesmo dos eventos de seu hotel ele participava, o apartamento em que vive no Rutledge tem entrada totalmente independente e ninguém, a não ser ele e os funcionários, tem acesso. Harry é tão recluso onde vive - recusa-se a chamar de lar - que muitos de seus hóspedes não o conhecem.
Tanto é assim que só foi conhecer Poppy Hathaway em sua terceira temporada. Ainda assim, porque ela andava pelo hotel, tentando resgatar uma carta de um possível pretendente que o furão de sua irmã caçula roubou.
Segundo seu braço direito no hotel e em outros assuntos, Jake Valentine: “[...] o cérebro de Rutledge não parava nunca, nem mesmo para algo tão necessário quanto dormir. Ele estava o tempo todo em atividade. Jake o vira dedicar-se mentalmente a um problema qualquer e ao mesmo tempo, redigir uma carta e manter uma conversa coerente. Tinha um apetite voraz por informação e uma memória singular. Quando Rutledge via, lia ou ouvia alguma coisa, aquilo ficava gravado para sempre em sua lembrança, as pessoas não conseguiam mentir para ele – e, quando eram tolas o bastante para tentar, ele as destruía.
Rutledge não era incapaz de gestos de bondade ou consideração e raramente perdia a calma.  Mas Jake nunca soube ao certo quanto, ou se, Rutledge se importava com seus semelhantes. No fundo, ele era frio como uma geleira. E, por mais que Jake soubesse tantas coisas sobre Harry Rutledge, os dois continuavam sendo essencialmente desconhecidos.
Mesmo assim, teria morrido pelo patrão. O hoteleiro conquistava a lealdade de todos os empregados, que tinham que trabalhar duro, mas recebiam tratamento justo e salário generoso. [...]
Rutledge era assediado pelas mulheres, é claro. Sua impressionante energia sempre encontrava vazão nos braços de alguma beldade. Porém, ao primeiro sinal de que a mulher nutria algum tipo de afeto por ele, Jake era enviado à residência dela para entregar uma carta que rompia toda e qualquer comunicação futura. [...]”
Simples assim! Mas ela recebia também uma joia bem cara como prêmio de consolação: que fofo! - ironia, tá gente!
Mas ao conhecer a linda Poppy, Harry fica fascinado a ponto de abrir mão de qualquer outra mulher e decide que fará de tudo, não medindo esforços, para conquistá-la.
A moça também não consegue negar a si mesma a reação que Harry lhe causou.
Charlie Wood
“Era difícil calcular sua idade. Ele parecia ter pouco mais de 30 anos, mas havia nele um ar de sofisticação endurecida, a sensação de que já vira tantas coisas que a vida não o surpreendia mais. Os cabelos eram pesados, bem cortados, negros como a meia-noite, e a pele clara contrastava com as sobrancelhas escuras. E ele era belo como Lúcifer, com sobrancelhas fortes, nariz reto e definido, boca larga. O ângulo do queixo era pronunciado, tenaz, ancorando os traços de um homem que talvez levasse tudo – inclusive ele mesmo – um pouco a sério demais.
Poppy se sentiu corar ao olhar para aquele par de olhos impressionantes... verdes e intensos, com bordas escuras, emolduradas por cílios negros e abundantes. O olhar pareceu invadi-la, absorver cada detalhe. Ela percebeu sombras escuras sob seus olhos, mas elas não prejudicavam a beleza de seus traços endurecidos.”
Poppy está com sua família em Londres para sua terceira temporada, e, como vimos na sinopse, tem atributos que não encorajam os rapazes a cortejá-la. Apesar de linda e doce, ela possui uma inteligência e audácia que os assustam e afastam. Apenas Micheal Beyning demonstra interesse e troca com ela algumas correspondências, nas quais faz planos para que possam ficar juntos, basta que ela tenha paciência até que ele consiga conversar com seu pai, um homem extremamente conservador e inflexível no que diz respeito a pessoas como Poppy e sua família.
Ao ver seus sonhos românticos desmoronarem diante de seus olhos, Poppy sofre tanto que podemos sentir sua tristeza. Por pertencer à família, nada convencional, Hathaway e não ter origem nobre, ela não vê alternativa, a não ser retornar à sua casa em Hampshire.
Mas Leo, seu irmão mais velho, não permite que ela se esconda e seja humilhada pela sociedade londrina pela rejeição. Em Tentação ao Pôr do Sol Leo terá uma participação maior, tanto por tentar proteger a irmã quanto pela sua nova diversão: atormentar Catherine Marks, a dama de companhia de Poppy e Beatrix.
Em uma história paralela à trama principal, esses dois vão trocar muitas farpas, o que promete muita diversão e emoção.
Enfim, Leo consegue convencer Poppy a ir ao último baile daquela temporada. Apesar de todo seu esforço, ela enfrenta uma angústia tremenda, principalmente ao saber que Michael Bayning também estava ali. Para seu alívio, Harry resolve aparecer no baile também, o que deixa todos no recinto boquiabertos, uma vez que o hoteleiro era avesso a esse tipo de evento.
Mas nosso homem não dá ponto sem nó. Na primeira oportunidade, arma uma situação que comprometerá Poppy e porá seu couro na lista de esfolamento dos machos do clã Hathaway: Cam Rohan, Merrypen e Leo.
Bom, o que gosto em Tentação ao Pôr do Sol? A maneira como Lisa Keyplas faz com que fiquemos próximos dos personagens, como não permite que os protagonistas dos primeiros livros sejam esquecidos, como nos obriga a franzir o cenho sempre que os personagens o fazem, como nos surpreende com a transformação e as revelações de cada um deles. E, claro, a maneira como nos seduz à medida que as mocinhas também são seduzidas.
Eu disse, no início, que tive vontades de estrangular Harry, assim como Poppy também teve.
A vida deles começa com algo que ele quer para si e ela não desejava de jeito nenhum, um casamento sem amor. Harry nunca foi amado e nunca amou ninguém, e acredita que jamais viverá essa experiência, e não se incomoda com isso. Poppy idealiza uma vida feliz e tranquila ao lado do homem que ama, num ambiente bucólico.
Com o passar das páginas vamos percebendo que Poppy não é uma menina frágil e incapaz de guiar a própria vida. Vemos também que Harry vai deixando suas camadas endurecidas caírem e descobre que tudo o que mais deseja é ser amado por Poppy.
Uma das passagens mais fofas, se assim posso dizer sem ser piegas, é quando Poppy se recupera de um tombo e Harry faz de tudo para agradar a esposa:
“Pouco depois, uma criada entrou no quarto com uma bandeja cheia de caixas amarradas com fitas. Ao abri-las, Poppy descobriu que uma delas continha caramelos, outra estava cheia de confeitos coloridos e a terceira trazia balas de goma. Melhor que tudo,  uma das caixas tinha uma novidade chamada de ‘chocolates comestíveis’, que havia sido um sucesso estrondoso na exposição em Londres.
− De onde veio isso? – perguntou Poppy a Harry quando ele voltou ao quarto depois de uma breve visita ao escritório central.
− Da loja de doces.
− Não, isso – explicou Poppy, apontando para os chocolates comestíveis. – Ninguém os encontra para comprar. Os fabricantes fecharam a loja para mudança de endereço. As damas no almoço beneficente falavam sobre isso.
− Mandei Valentine à casa dos donos da fábrica e pedi uma remessa especial para você – disse Harry, sorrindo ao ver os papéis espalhados sobre a colcha. – Vejo que já experimentou.
− Prove um – sugeriu Poppy, generosa.
Harry balançou a cabeça.
− Não gosto de doces.
Mas se abaixou obediente quando ela o chamou para mais perto com um gesto. Ela se aproximou e o segurou pelo nó da gravata.
O sorriso de Harry se apagou quando Poppy o puxou para perto. Estava inclinado sobre a esposa, na iminência de largar sobre ela seu peso e sua potência masculina. Quando o hálito açucarado tocou seus lábios, ela sentiu o tremor que o sacudiu. E tomou consciência de um novo equilíbrio entre eles, uma equação de vontade e curiosidade. Harry não se moveu, apenas deixou que ela agisse como queria.
Poppy o puxou para mais perto até sua boca tocar a dele. O contato foi breve, mas vital, e provocou uma onda de calor.
Quando ela o soltou com cuidado, Harry recuou.
− Recusou-se a me beijar por diamantes, mas me beija por chocolates? – provocou ele, com voz rouca.
Poppy assentiu.
Harry virou o rosto, mas não antes de Poppy perceber o sorriso que ele não conseguia conter.
− Vou encomendar entregas diárias, então.”
Posso estar enganada, mas acho que poucas mulheres não entenderão essa situação. Gente, eles estavam se conhecendo ainda, ele sabia que ela o via como um patife por suas atitudes que levaram a um casamento forçado... mas a tensão está entre eles, por mais que ela o evite e ele respeite seu espaço.
Apesar de no começo da história eu fazer coro com Rohan, Merrypen e Leo e querer dar uma sova em Harry, esse cabeça dura me conquistou. Sua história de vida justifica seu estilo de vida. E mais uma vez, temos uma mocinha resgatando o homem em perigo.
Aqui está a blogueira mais volúvel do mundo mais uma vez caindo de quatro, literalmente por um personagem, por um livro, por uma autora.
Parabéns à autora pela história deliciosa e à Editora Arqueiro, por nos proporcionar a oportunidade de ter essa linda obra em mãos, bem escolhida e editada.
Fico por aqui, desejando a todos uma sexta maravilhosa.
Fiquem bem e Carpe Diem!


22 comentários

  1. Estou louca pra ler esse livro.
    Adorei a postagem com a musica do Legião.

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    1. E eu adorei a sua visita, Silvia!
      Tenho certeza de que você vai adorar Tentação ao Pôr do Sol.
      Depois me conta!
      Beijo

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  2. Amo essa serie, louca por esse livro!

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  3. Ainda não li nenhum livro da Arqueiro de romance histórico, mas estou com muita vontade de ler essa série...só tenho lido elogios!

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    1. Não vai se arrepender, Vanessa!
      É uma leitura muito prazerosa!
      Beijo

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  4. Ainda não li esse por motivos dê: to fazendo minha coleção e quero ler na ordem pq sou uma pessoa psicótica no quesito série... tenho que ler tudo bonitinho, na ordem! Mas li as ceninhas que vc postou e amei *___*

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    1. Queria tanto ter a sua força de vontade, Jois!!!
      Quando começamos a ler essas séries da Arqueiro não conseguimos mais largar até o final... daí a sensação de ansiedade até o próximo.
      Tentação ao Pôr do Sol é mesmo uma tentação!
      Quando os ler me conta o que achou, tá??
      Beijo

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  5. Nossa!!!!!!!!!!!! Que resenha empolgante! estou impressionada com a resenha e a estória dos dois personagens. Lógico que irei ler esta maravilha. E vou torcer pelo casal. Beijos.

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    1. Ai, Beth!
      Que bom que gostou do pouquinho que expus aqui. Imagino a sua impressão quando ler a obra toda! Vai se apaixonar!
      Me conta depois.
      Beijo

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  6. Gostei da resenha, e já sei que minhas amigas vão amar assim como eu amei! Querooo!

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    1. Não tenho dúvidas disso, lindinha!
      Vão amar mesmo!
      Obrigada por sua visita e comentário!
      Beijo

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  7. Adorei a resenha. Já está na minha lista (que nunca acaba ou diminui) de livros para ler.

    Meu maior 'problema' com séries é que não consigo ler e esperar o lançamento do próximo, até sair já desgostei do livro, gosto de ler tudo de uma vez sem intervalos =P

    Essa série, apesar de nunca ter ouvido falar, parece ser realmente muito boa, adoro livros em que o ''amor'' é um tema abordado com leveza, e calma e também livros que nos fazem sentir o que o personagem sente.

    Espero que possa lê-lo em breve :)

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    1. Olá, Sabrina!
      Que bom que você curtiu a postagem.
      Quanto ao seu "problema", fique tranquila, pois ele atinge a maioria de nós.
      Esse é o terceiro da série, e logo logo teremos o próximo. Assim, não vai demorar muito para você mergulhar nas aventuras dos Hathaways!
      Beijo

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  8. Até agora eu só li Desejo à meia noite e gostei muito. Acho que a Arqueiro acertou em cheio com a publicação desses romances históricos, que apesar de terem seus clichês, cumprem bem a função de entretenimento. E quando começa essa relação de amor e ódio com o personagem é sinal de que a autora alcançou seu objetivo.

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    1. Concordo plenamente contigo, Vanilda! A Lisa acertou bem no alvo!
      Espetáculo de autora!
      Obrigada pela visita e pelo comentário. Leia os demais livros e comente o que achou conosco,
      Beijo

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  9. Ai meu Deus, eu preciso deste livro !!! A série Os Hathaways me conquistou, a autora e incrivel, tem uma escrita surpreendente ... Gostei muito dos dois primeiros, preciso deste ...

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    1. Precisa mesmo, Vih! Se gostou dos dois primeiros, certamente vai adorar este.
      Lisa realmente dá um show.
      Beijão

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  10. Eu amo esses romances . As mulheres apesar da época na maioria das vezes elas são muito fortes e decididas. Os dialogos tb são muito divertidos.
    Eu estou maluca por essa série, a Poppy me pareceu uma protagonista muito legal, e achei interessante o romance deles ser construído no decorrer da história.
    Assim que puder eu vou ler essa série sem duvida.
    Bjus.
    =]

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  11. Até agora só tenho lido resenhas positivas em relação a essa série. O legal é que o Harry foi te conquistando aos poucos, e acabou te deixando caidinha por ele no final. E quando passamos a gostar dos protagonistas, é meio caminho andado pra gostar do livro.

    @_Dom_Dom

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  12. Eu quero muito ler essa série mas tenho tanta coisa pra ler que ainda não peguei nos dois primeiros que tenho, mas gosto muito e estou bem curiosa, queria ser uma máquina de leitura pra ler todos os lançamentos da Arqueiro que estão ótimos, a editora acertou em fazer as publicação, parabéns pra autora.

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  13. Essa série é MARAvilhosa , já li quase todas , não vejo a hora de comprar o meu e ler

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