“Caminhando e
cantando/E seguindo a canção
Somos todos iguais/Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas/Campos, construções
Caminhando e cantando/E seguindo a canção
Vem, vamos embora/Que esperar não é
saber
Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer
Pelos campos há fome/Em grandes
plantações
Pelas ruas marchando/Indecisos cordões
Ainda fazem da flor/Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores/Vencendo o canhão
Vem, vamos embora/Que esperar não é
saber
Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer
Há soldados armados/Amados ou não
Quase todos perdidos/De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam/Uma antiga lição:
De morrer pela pátria/E viver sem razão
Vem, vamos embora/Que
esperar não é saber
Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas/Campos,
construções
Somos todos soldados/Armados ou não
Caminhando e cantando/E seguindo a canção
Somos todos iguais/Braços dados ou não
Os amores na mente/As flores no chão
A certeza na frente/A história na mão
Caminhando e cantando/E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando/Uma nova lição
Vem, vamos embora/Que esperar não é
saber
Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer”
Para não dizer que não falei das flores
Geraldo Vandré
Olá,
Envenenados!
Em
tempos de torneios esportivos, principalmente futebol, sobretudo quando se
trata de jogos em que é a seleção brasileira que está disputando, uma parcela
considerável da população entra em polvorosas. Por outro lado, ainda que a
exaltação seja grande, estamos vivendo momentos ainda mais importantes para o
país.
Não
desmerecendo a atuação do grupo de jogadores – até porque eles são muito bem
pagos para fazerem o que fazem – o que se viu no último domingo foi uma
demonstração clara de que, mesmo amando o esporte, muitos brasileiros não mais
o colocam em primeiro lugar em suas prioridades.
Foi-se
o tempo em que vivíamos um dos piores cenários políticos e sociais e nossos
olhos eram sistematicamente direcionados para a Copa do Mundo, por exemplo.
Naquela época, a censura e o domínio militar se encarregavam de alienar uma boa
fração da sociedade, que estava carente de vitórias.
Hoje,
ainda há muito a ser feito, nós precisamos conhecer nossos direitos e deveres,
é preciso educarmo-nos politicamente, mas estamos um pouco mais livres e
conscientes: a população assiste às partidas ao mesmo tempo em que acompanha as
manifestações que têm ocorrido.
Claro
que ainda há quem critique os torcedores, assim como que meta o malho nos
manifestantes. Eu mesma não gosto e não assisto futebol, tenho minhas
preferências e opiniões, mas respeito quem curte, até porque faço parte de uma
família de flamenguistas doentes. Só não gosto de imposições e críticas de quem
nem sequer sabe do que está falando. No mesmo domingo uma amiga minha postou,
logo após o final do jogo: “Somos excelência no futebol...”. Por favor,
seríamos excelência em qualquer âmbito se houvesse patrocínio, investimento.
“Os manifestantes não se machucariam se ficassem em casa.” Putz! Não seriam
manifestantes se em casa ficassem, assim como muitos torcedores vão aos
estádios e também correm riscos.
Jon Passavant |
É disso
que estou falando, até para criticar é preciso conhecimento.
Enfim,
vamos ao que interessa, pelo menos a esta coluna.
O
absinto que quero apresentar a vocês é Shade Colby, do segundo romance de Amor
de Verão: Retratos de um Verão – da Nora Roberts.
Shade é
um fotógrafo que busca registrar o mundo como ele é, com a crueza da realidade.
Acostumado a captar os conflitos, as dores, o lado feio da humanidade, ele se
tornou conhecido e premiado pela força de suas fotos.
Shade
se considera alguém se compaixão, sem romantismo. É bastante realista e impaciente,
lembrando-me de alguém.
Agora,
ele se vê com um novo desafio: seu novo trabalho será registrar o verão de um
ponto a outro dos EUA – partindo da costa oeste, visitando toda a extensão do
país, até a costa leste.
Seria
descomplicado, já que está familiarizado com longas temporadas na estrada, não
fosse o fato de ter que dividir esta tarefa com Bryan Mitchell.
Bryan é
uma fotógrafa de celebridades que, diferentemente da maioria de seus colegas,
não é uma paparazzi. Seu trabalho foca a pessoa e não o artista, busca o
melhor, o mais belo em cada um; faz ensaios fotográficos e não fotografias para
expor situações desagradáveis desses artistas.
Como
Shade, de quem é admiradora, Bryan está preocupada por ter que passar um verão
inteiro dividindo uma van, laboratórios e opiniões com alguém tão diferente.
Com
estilos e visões profissionais tão distintos, Shade e Bryan percebem que também
têm maneiras diferentes de encarar a vida. Ambos firmam um acordo para que
possam realizar seu trabalho, sem a interferência do outro.
Terão
como objetivo comum fotografar a rotina dos americanos a cada cidade que vão
visitando, se revezando na direção, trocando farpas, vez por outra. Mas o que
não podem negar é a admiração mútua e o desejo crescente. Não negam para si
mesmos, tampouco para o outro.
“─ Shade, você curte essa imagem fria e
distante que elaborou para si próprio?
Ele não olhou para ela, mas quase deu um
sorriso.
─ É confortável.
─ Exceto para as pessoas que precisam fica
a meio metro de você. – Não perderia a oportunidade de provocá-lo. – Talvez
leve muito a sério o que a imprensa diz de você – sugeriu ela. – Shade Colby,
tão misterioso, e intrigante quanto seu nome, tão perigoso e tão arrebatador
quanto suas fotos.
Desta vez ele sorriu, surpreendo-a. De uma
hora para a outra, ele se transformou em uma pessoa com a qual ela talvez
quisesse apertar as mãos e dar gargalhadas.
─ Onde diabos leu isso?
─ Celebrity – resmungou ela. – Mês de
abril, cinco anos atrás. Fizeram um artigo sobre o mercado de fotos em Nova
York. Um de seus trabalhos foi vendido por 7.500 dólares na Sotheby’s.
─ Foi mesmo? – O olhar dele percorreu seu
perfil. – Sua memória é melhor do que a minha.
Ela parou e virou o rosto para ele.
─ Droga, eu comprei a foto. É uma
melancólica, deprimente e fascinante cena de rua que eu não compraria por dez
centavos se tivesse conhecido você antes. E seu eu não tivesse ficado tão
apaixonada por ela, pintaria ela de preto assim que chegasse em casa. Mas
parece que vou ter mesmo é de virá-la para a parede por seis meses até esquecer
que o artista que a produziu é um idiota.
Shade a observou, sóbrio depois, assentiu
com a cabeça.
─ Você faz um discurso e tanto quando está
inspirada.
...
─ Já que vamos literalmente viver juntos
pelos próximos três meses, talvez você queira resolver o resto agora mesmo.
─ Que resto?
─ Das reclamações que possa querer fazer.
...
─ Não gosto de você. Eu diria isso com a
maior tranquilidade, mas não existe mais ninguém de quem eu não goste.
─ Ninguém?
─ Ninguém.”
Parece
um começo nada promissor, mas acontece que o que irrita Bryan é a rudeza e o
cinismo de Shade e, de certa forma, a atração que ele exerce nela.
Por
outro lado, Shade começa a achar interessante aquela mulher franca e generosa
que não consegue passar muito tempo que comer e que, incrivelmente, não engorda
nenhum grama (inveja).
O
gostoso nessa história é que eles deixam claro inclusive o desejo que sentem um
pelo outro, até testam seus limites, arriscando um beijo como forma de analisar
se isso seria ou não uma complicação.
Outro
aspecto da história de cada um que com a qual me identifiquei é o fato de ambos
já terem sido casados. Obviamente, seus casamentos não funcionaram, mas cada um
tem uma interpretação para suas separações.
Nenhum
rompimento é fácil, mesmo quando não há filhos na história, como é o caso dos
dois, ficam marcas. A gente vai se questionando durante um bom tempo: onde eu
errei, o que poderia ter feito para fazer funcionar, do que não abri mão... e,
claro, também culpamos o outro.
Conheço
pessoas que casam com a mesma facilidade com a que trocam de roupa, outras
querem distância de relacionamentos mais sérios depois de uma separação... não
concordo nem discordo, só sei que a insegurança fica ali, seja por qual motivo
for, sempre fica uma incerteza, um pé atrás... e este é o caso de Bryan, quem
após sua separação, não mantém relacionamentos duradouros.
Mas,
durante aquele verão, fotografando inúmeras pessoas em diversas situações, ela
vai percebendo tantas coisas, das quais sempre sentiu falta e não percebia. Ela
sempre focou o melhor das pessoas que fotografava, capturando um pouco para si,
mas a cada cidade que visita com Shade ela vai percebendo o que realmente
precisa.
Para
Shade, esse trabalho também trará muitas mudanças, principalmente a ótica pela
qual enxerga o mundo e a si mesmo, mas não serão as cidades que lhe
proporcionarão isso, mas Bryan, com seu olhar terno, suave e simples. Ele
estava acostumado a ter como modelo a história, os acontecimentos e não as
pessoas; Bryan não, sempre foca as pessoas, sua felicidade, sua tristeza, seu
amor, sua vida.
Bryan
vai trazendo luz para sua vida de uma maneira irrevogável e, sem perceber ele
se descobre apaixonado.
Mais
uma vez Nora Roberts surpreende com sua criação, pois traz uma história gostosa
de ler, com personagens possíveis, com complicações plausíveis, mas leves e
fazem com que torçamos por eles, para que sejam felizes.
A
sensualidade de Shade e Bryan é posta à prova o tempo todo, ambos se provocam
continuamente, sempre se desafiando e levando ou outro ao limite. Mas há uma
beleza aqui, dessas que vemos em ensaios fotográficos muito bem realizados.
“Ele era especialista em capturar os
momentos, as emoções, a mensagem. Liberou os próprios sentimentos e foi atrás
da câmera.
─ O que está fazendo?
Quando ela fez menção de se levantar, Shade
virou-se para ela.
─ Fique aí um minuto.
Intrigada e cautelosa, ela observou-o
montar a câmera.
─ Eu não...
─ Fique deitada no jeito que estava –
interrompeu ele. – Relaxada e bem satisfeita consigo mesma.
A intenção dele era mais do que óbvia
agora. Bryan franziu a testa. Uma obsessão, pensou ela, divertindo-se. A câmera
era uma obsessão para ambos.
─ Shade, eu sou fotógrafa, não modelo.
─ Faça isso por mim.
Com delicadeza, ele a empurrou de volta
para a cama.
─ Estou com muito champanhe na cabeça para
poder discutir com você. – Ela sorriu para ele no momento em quem ele apontou a
câmera para seu rosto. – Pode brincar, se estiver a fim, ou tirar fotos sérias,
se é o seu dever. Contanto que eu não tenha de fazer nada.
Ela não fez nada, além de sorrir, e ele
começou a latejar. Quantas vezes não usara a câmera como uma barreira entre o
objeto e si próprio, outras vezes como a condutora de sua emoção, emoção que se recusava a
liberar de outra forma. Agora, não era uma coisa nem outra. A emoção já estava
nele, e as barreiras não eram mais possíveis.
....
─ É aquele sexo sem pressa – murmurou ele,
deslizando o vestido para baixo. – Aquelas incríveis ondas de sensualidade que
surgem sem esforço algum, simplesmente existem. É o que vejo nos seus olhos. –
Mas quando os olhos dele grudaram nos dela, Bryan esquece a piada que estava a
ponto de contar. – É o que vejo quando a
toco... assim. – Lentamente, ele passou a mão pelo ombro nu de Bryan. – É o que
vejo depois de te beijar... assim. – Ele a beijou, demorando-se enquanto a
mente dela esvaziava os pensamentos e seu corpo se enchia de sensações. – Assim
– sussurrou ele, mais determinado do que nunca a capturar aquele momento,
torná-lo tangível até poder segurá-lo com as mãos e vê-lo com seus olhos. –
Assim – repetiu, dando um passo para trás, depois dois. – É o que vejo antes de
fazermos amor. E como a vejo depois.”
Sem
muito esforço Bryan seduz e derruba as barreiras de Shade, mas as suas serão
mais difíceis de superar. Eles terão até o final da estação, que é quando deverão entregar o projeto, para revelar os negativos e ampliar as imagens de si mesmos.
Descomplicada
é a leitura de Retratos de Verão, com paisagens que ficam no nosso imaginário,
com diálogos inteligentes e um relacionamento muito envolvente.
Eu...
vou ficando por aqui, pois a Sexta promete e eu também vou atrás dos meus
Retratos de Verão – tudo bem que verão mesmo só lá na "gringa" – não custa nada
imaginar!
Fiquem
bem e Carpe Diem!
Eu não curto futebol, então em momento algum eu desliguei do que estava rolando no mundo. Devo admitir que estou mto feliz pelo que tem acontecido, a aguá bateu para os políticos, e já vencemos mais uma guerra com o arquivamento da cura gay, espero que todo resto caminhe igual =}
ResponderExcluirQt a Nora aiai, é Nora =D
miquilis: Bruna Costenaro
Hummm, esse tem um toque especial ao quadrado pra mim! Adorei!
ResponderExcluirMas caramba, são tantos livros dela que fico doida sem saber o que ler. Gosto de todos, quero ler todos e acaba não tendo como ler nenhum :S
Diacho, gostei desse =/
Essa música me dá um arrepio na espinha, rs. Provavelmente por retratar um momento muito delicado do passado do nosso país.
ResponderExcluirEu também não sou fã de futebol, não assisto, não quero nem saber e, pra ser sincera, acho desnecessária a forma como a maioria dos brasileiros reverenciam. É claro, muitos abriram os olhos para o que realmente importa.
aaahhh, já amei o Shade, fotógrafo e com visão sensível e ampliada?! Adoro isso! kkkkk Adorei também a intenção da Bryan (nossa, nunca vi esse nome em uma mulher! Achei esquisito...rs), legal ela procurar pelo comum e normal em uma celebridade.
Mesmo ambos tendo a mesma profissão, só que com visões e pontos de vista diferentes, acredito mesmo que venha muito briga por aí. Mas, está na cara que formam um casal perfeito. Já torço por eles.
Nora Roberts é muito criativa. É ótimo que ela nos traz histórias lindas e, de certa forma, comuns, como você mesma citou, ''personagens possíveis''.
Apesar de adorar futebol, não sou do tipo que esquece do mundo por causa dos torneios e estou muito feliz com o tetra! Bem, ainda não i nada da Nora Roberts ... sempre aparece algo na frente e eu acabo não lendo. Mas gostei muito da indicação.
ResponderExcluir