“Nem tudo é como você quer
Nem tudo pode ser perfeito
Pode ser fácil se você
Ver o mundo de outro jeito
Nem tudo pode ser perfeito
Pode ser fácil se você
Ver o mundo de outro jeito
Se o que é errado ficou certo
As coisas são como elas são
Se a inteligência ficou cega
De tanta informação
As coisas são como elas são
Se a inteligência ficou cega
De tanta informação
Se não faz sentido, discorde comigo
Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe prá trás
Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe prá trás
Você quer encontrar a solução
Sem ter nenhum problema
Insistir em se preocupar demais
Cada escolha é um dilema
Sem ter nenhum problema
Insistir em se preocupar demais
Cada escolha é um dilema
Como sempre estou
Mais do seu lado que você
Siga em frente em linha reta
E não procure o que perder
Mais do seu lado que você
Siga em frente em linha reta
E não procure o que perder
Se não faz sentido, discorde comigo
Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe pra trás”
Não olhe para trás
Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe pra trás”
Capital Inicial
Olá, Envenenados!
Nossa! Esta semana está tão cheia de
coisas para fazer que parece que sua duração triplicou. Tenho a impressão de
que faz umas três semanas desde a última Sexta Envenenada.
Já pararam para pensar em quantas vezes
deixamos de ser felizes por não termos conversado mais, por não termos
perguntado, por não percebermos que estávamos fazendo a coisa errada, pensando
que estávamos certos?
Muitas vezes perdermos grandes
oportunidades, simplesmente porque fazemos um julgamento errado. Por medo, o
estúpido medo, não nos arriscamos, numa falsa proteção, numa idiota ilusão de
que não sofreremos mais se não nos aventuramos e, controlando aquele frio no
estômago, apostamos nossas fichas naquilo que mais parece fadado ao insucesso.
É praticamente isso que os personagens da coluna de hoje fizeram.
Michelle Cabot e John Rafferty são protagonistas de Heartbreaker, de
Linda Howard. Este é outro daqueles romances que foram publicados aqui em
edição de banca, embora eu não tenha lido esta edição, mas que valeria muito a
pena se alguma editora o publicasse novamente. Na época da publicação, a Nova
Cultural usou o título O Preço de uma Dívida, em 1990.
Michelle está assumindo o rancho que herdou de seu pai e, enquanto
organiza o antigo escritório do velho, ela descobre alguns papéis que a
deixam ainda mais abatida.
Não bastasse toda situação que precisa enfrentar, seu pai havia
adquirido uma dívida de cem mil dólares com ninguém menos que John Rafferty.
Não que ambos sejam inimigos mortais, mas desde seu primeiro encontro,
as primeiras impressões que cada um teve do outro não favoreceram um bom
relacionamento
Divorciada há pouco tempo, ela assume o rancho e todos os problemas que
seu pai deixou. Mas era tudo o que ela precisava: algo para fazer por si mesma,
algo para reconquistar sua auto-estima e provar para si mesma que poderia
sobreviver sozinha. Mas a dívida com Rafferty põe em jogo todos os seus planos. Até
porque, à beira da ruína total, como fará para pagar sua dívida com um homem
que claramente a toma por uma mulher mimada, fútil, que definitivamente a
odeia?
Mas não haveria outra solução, a não ser entrar em contato com seu
credor, que curiosamente ainda não havia cobrado o débito, e ver o que poderia
ser feito, ainda que soubesse que não tinha muito a ser feito.
Assim, reunindo toda coragem que poderia ter e encarando o famoso frio
na barriga, ela liga para o rancho de Rafferty. Mas, para alívio momentâneo,
ele não estava em casa.
“Deveria saber que não o encontraria:
Rafferty era famoso, ou melhor, conhecido por seu apetite sexual e suas
aventuras. Se tivesse se acalmado com o passar do tempo, seria apenas
aparentemente. Segundo os comentários que Michelle ouvia de vez quando, sua
fogosidade continuava a mesma. Um olhar daqueles olhos negros e implacáveis
ainda podia fazer com que o coração de uma mulher acelerasse, e John olhava
para muitas mulheres, mas Michelle não era uma delas. Entre eles surgiu uma
profunda antipatia em seu primeiro encontro, dez anos antes, e no, melhor dos
casos, sua relação era uma espécie de trégua armada. Seu pai era um mediador
entre eles, mas agora estava morto, e Michelle esperava o pior. Rafferty não
tinha meio termo.
Não havia nada que pudesse fazer a
respeito do empréstimo essa noite, e perdeu a disposição de continuar revisando
o resto dos papéis de seu pai, assim decidiu parar. Tomou um banho rápido,
embora seus músculos doloridos precisavam de uma ducha mais longa, mas não
queria gastar muita luz e, uma vez que a água vinha de um posso, puxada por uma
bomba elétrica, devia renunciar aos pequenos luxos em benefício de outros mais
importantes, como comer.
Mas apesar de estar tão cansada, quando
se deitou não pôde conciliar o sonho. A idéia de falar com Rafferty a obcecava,
e de novo seu coração acelerou. Tentou respirar fundo, lentamente, sempre
acontecia o mesmo, e era ainda pior quando tinha que vê-lo cara a cara. Se ao
menos não fosse tão corpulento! Mas media um metro noventa de altura e pesava
perto de cem quilogramas; era o bastante para amedrontar as pessoas. Cada vez
que estava perto dele se sentia ameaçada de forma irracional, e até pensar nele
lhe inquietava. Nenhum outro homem a fazia reagir daquela forma; ninguém a
deixava tão furiosa, tão na defensiva... e tão excitada de uma forma estranha e
instintiva.
Foi assim desde o começo, no momento em
que o viu pela primeira vez, há dez anos. Era uma jovem de dezoito anos,
mimada e altiva como só uma adolescente que defendia sua dignidade podia ser. A
reputação do Rafferty o precedia, e Michelle estava decidida a lhe demonstrar
que ela não era uma dessas mulheres que o perseguiam sem descanso. Como se ele
tivesse interessado em uma adolescente! Pensou Michelle secamente, dando voltas
na cama. Que criança era então! Uma criança estúpida, mimada e assustada.
Porque, obviamente, John Rafferty a
assustou, apesar de não ter-lhe feito nada. Ou, melhor dizendo, foi sua própria
reação que a assustou. Ele tinha vinte e seis anos, era um homem muito
diferente dos rapazes aos que estava acostumada, e um homem que já tinha
convertido um insignificante rancho boiadeiro do interior da Florida em um
próspero e possante império com apenas sua força de vontade e muitos anos de
árduo trabalho. Ao vê-lo pela primeira vez, próximo de seu pai enquanto falavam de gado, levou um susto de morte. Ainda recordava que ficou sem fôlego
como se lhe tivessem dado um murro no estômago.
Estavam de pé, junto ao cavalo de
Rafferty, e este tinha um braço apoiado sobre a sela enquanto descansava a
outra mão, despretenciosamente, sobre o quadril. Era pura energia, todo músculos e vitalidade, e dominava o imenso animal com destreza. Michelle já
tinha ouvido falar dele; os homens, rindo o chamavam garanhão com certa
admiração, e as mulheres também, mas sempre em voz baixa, alteradas e quase
temerosas. A uma mulher era concedido o benefício da dúvida se saísse com ele
uma única vez, mas se fossem duas, era certo que se deitara com ele. Naquela
época, Michelle nem sequer pensou que sua reputação provavelmente fosse
exagerada. Agora, mais velha, continuava sem achar isso. Havia algo no modo de
olhar de Rafferty que fazia com que uma mulher acreditasse em tudo que se dizia
dele.
Beto Malfacini |
Mas nem sequer sua fama a tinha
preparado para encontrar-se com o homem em carne e osso, pois este irradiava
força e energia. A vida reluzia mais forte e brilhante em certas pessoas, e
John Rafferty era uma delas. Era um fogo sombrio que se erguia sobre tudo
quanto o rodeava com sua altura e sua poderosa constituição, e dominava as
pessoas com sua personalidade impetuosa e rude.
Michelle conteve o fôlego ao vê-lo, com
seu cabelo negro como o carvão que o sol fazia brilhar, seus olhos negros sob
as sobrancelhas escuras e proeminentes, e o negro e pulcro bigode que escurecia
a linha firme de seu lábio superior. Estava muito bronzeado, como sempre,
devido às longas horas que passava trabalhando ao tempo durante todo o ano;
enquanto Michelle o observava, uma gota de suor deslizou por sua têmpora e pela
curva da maçã do rosto alto e bronzeado, antes de rodar por sua bochecha e cair
por sua mandíbula quadrada. Manchas de suor obscureciam sua camisa de azul
debaixo dos braços, no peito e nas costas. Mas nem sequer o suor e o pó
eclipsavam seu halo de poderosa e intensa masculinidade, pelo contrário,
pareciam realçá-lo. Ao ver sua mão apoiada sobre o quadril, Michelle reparou em
seus quadris e em suas grossas pernas, e nos jeans desbotados e justos que
ressaltavam seu corpo tão poderosamente que ficou boquiaberta. O coração parou
por um instante, e logo empreendeu um ritmo frenético que lhe fez estremecer por inteiro. Tinha dezoito anos, era muito jovem para dominar suas emoções,
muito jovem para enfrentar aquele homem, e sua reação a assustou. Por isso,
quando se aproximou de seu pai para que a apresentasse, comportou-se com
desdém.
Um péssimo início. E continuavam assim.
Mas tudo o que fazia era tentar esconder de todos, de John e de si mesma
o que sempre sentiu: sempre fora apaixonada, perdidamente, por John. Mas como
poderia ter algo com um homem tão poderoso e tão acima dela? Não. O que pôde
fazer foi negar a si mesma esta oportunidade, casar com um jovem, que era
muito, muito parecido fisicamente com John. E, sobretudo, precisava, agora mais
que tudo, aparentar indiferença, desprezo por ele; precisava manter-se inteira
para lidar com ele, para negociarem sua dívida. E que Deus a ajudasse.
Por seu lado, John está bastante familiarizado com o do dia a dia de um
rancho, com o suor. Não por acaso conseguir fazer do seu um dos mais prósperos
do estado da Flórida.
“A poeira se elevava no ar ao mesmo
tempo em que os mugidos nervosos aumentavam de volume e o fedor de couro
queimado se intensificava. Rafferty trabalhava tanto quanto seus homens, sem
desdenhar do trabalho duro. Aquele era seu rancho, sua vida. O trabalho às
vezes, era desagradável, mas ele tinha conseguido fazer seu rancho rentável,
enquanto que outros tinham fracassado, e o tinha feito a base de suor e
determinação. Sua mãe preferiu ir embora a ter que suportar aquela vida;
naturalmente, naquela época o rancho era muito menor, não como o império que
ele tinha erguido. Seu pai e o rancho, não tinham podido lhe dar o estilo de
vida que ela desejava. Rafferty, às vezes, sentia uma amarga satisfação ao
pensar que agora sua mãe lamentaria ter abandonado tão cruelmente seu marido e
seu filho. Não a odiava; nem sequer isso merecia. Simplesmente, desdenhava
dela, e a qualquer pessoa rica, caprichosa, aborrecida e inútil com as que sua
mãe contava entre seus amigos.
Nev Luther soltou o último boi,
limpando o suor do rosto com a manga da camisa, olhou o sol e as ameaçadoras
nuvens da tormenta que se aproximava.
─ Bom, acabou – grunhiu ─. Será melhor
que os recolhamos antes que estoure a tormenta. ─ olhou seu chefe ─ Não foi ver
atal Cabot esta tarde?
Nev estava no estábulo quando Rafferty
falou com Michelle, de modo que havia escutado a conversa. Depois de dar uma
olhada em seu relógio, Rafferty resmungou uma maldição. Esqueceu-se dela, e
teria preferido que Nev não tivesse recordado. Havia poucas pessoas no mundo
que o irritassem tanto como Michelle Cabot.
─ Maldição! É melhor ir -─ disse a
contra-gosto. Sabia o que Michelle queria. Estava surpreso que o procurasse, ao
invés de continuar ignorando a dívida. Certamente, se lamentaria do pouco
dinheiro que restava e lhe diria que não podia de maneira nenhuma reunir essa
quantia. Só em pensar nela, lhe dava vontade de agarrá-la e sacudi-la com todas
suas forças. Ou, melhor ainda, de açoitá-la com o cinto. Ela era exatamente o
que mais detestava: um parasita malcriado e egoísta que não tinha
trabalhado nem um dia em toda sua vida. Seu pai se arruinou pagando seus caprichos,
mas Langley Cabot sempre foi um pouco idiota no que dizia respeito à sua amada
e única filha. Nada era suficiente para sua pequena Michelle, nada
absolutamente.
Lástima que sua querida Michelle fosse
uma menina mimada. Maldição! Quanto o irritava. Cansou-lhe desde o primeiro
momento que a viu, quando se aproximou desfilando para onde estava falando com
seu pai, torcendo o nariz como se percebesse um aroma desagradável.
O que, obviamente, era possível. O suor, produto do trabalho físico, era um
aroma desconhecido para ela. Michelle o olhou como teria olhado a um verme e,
considerando-o insignificante, deu-lhe as costas e ficou a paparicar seu pai
para lhe tirar algo com aquelas encantadoras caretas que fazia.
─ Ouça, chefe, se não querer ir ver
esse bombom, eu irei em seu lugar, com muito prazer -─ ofereceu-se Nev,
sorrindo.
─Não me dê idéias -─ disse Rafferty
mal-humorado, voltando a olhar seu relógio.
Podia ir para casa e lavar-se um pouco,
mas então chegaria tarde. Nesse momento, não estava muito longe do rancho dos
Cabot e não desejava ter que dirigir de volta à casa, tomar banho, e logo fazer
o mesmo caminho de volta para não ofender o delicado nariz da Michelle. Esta
teria que aguentá-lo, tal como estava, sujo e suado. Afinal, era ela que ia lhe
pedir um favor. Com o humor que tinha, bem podia lhe pedir a devolução da
dívida, embora soubesse perfeitamente que não podia pagá-la. Perguntou-se,
divertido, se ofereceria outra forma de pagar o que devia. Seria bem empregado
que ele aceitasse; certamente, Michelle se estremeceria de repugnância, apenas
em pensar em lhe entregar seu formoso corpo. Afinal, ele era um tipo duro,
estava sujo e trabalhava para ganhar a vida.
Ele já esteve por aqui, mas não consigo resistir a Beto Malfacini! Meu Rafferty ideal. |
Enquanto se aproximava de sua
caminhonete e se sentava diante do volante, não podia tirar-se aquela imagem da
cabeça: a imagem da Michelle Cabot deitada sob ele, de seu esbelto corpo nu, de
seu cabelo loiro claro estendido sobre o travesseiro enquanto ele entrava e
saía dela. Excitou-se ao pensar naquela imagem provocadora, e praguejou.
Maldita fosse, e maldito ele também. Passou anos olhando-a, fantasiando com
ela, desejando-a e, ao mesmo, tempo querendo ensinar-lhe uma boa lição.
Outras
pessoas não a viam assim; Michelle podia ser encantadora, quando queria, e
preferia dedicar seu encanto aos outros, talvez com o único propósito de
divertir-se com sua credulidade. Os rancheiros e granjeiros da zona eram gente
afável, que compensava suas intermináveis jornadas de trabalho com reuniões
informais, festas e encontros quase todos os fins de semana, e Michelle tinha
todos em sua mão. Eles não viam o lado de sua personalidade que se empenhava em
mostrar a ele; sempre estava rindo e dançando..., mas nunca com ele. Era capaz
de dançar com todos os homens do povo, menos com ele. Sim, ele a olhava e, como
era um homem saudável com um instinto sexual saudável, não podia evitar a
resposta física a seu corpo voluptuoso e a seu sorriso resplandecente, embora
lhe incomodasse fazê-lo. Não queria desejá-la, mas excitava-se
apenas ao olhá-la.”
John Raffety é desses cabras que, aparentemente são machões, durões, no
melhor estilo Hulk de ser – aquele que esmaga tudo pela frente.
Eu fui criada assistindo a filmes
de faroeste, pois minha mãe é amante do estilo. Então, foi fácil criar um
modelo de John Rafferty a cada linha que o apresentava a mim. Só o que não rola
é o bigode, mas ele fica deliciosamente quente, em meus mais doces delírios,
com uma barba rala.
Juro: sou uma mulher que não suporta depender de ninguém, para nada. Mas
sou uma ovelhinha, macia e dócil, diante dos macho-alfa que dona Howard
idealiza. Isso porque são protetores sem serem dominadores, que amam com a
intensidade de mil sóis (parafraseando Timmy Turner – dos Padrinhos Mágicos),
que querem a mulher só para si, mas que as deixam livres para serem que são e
as amam ainda mais por isso.
Os machos de Linda Howard usam testosterona como essência, não
importando sua profissão. São apaixonantes.
E John é exatamente assim: intenso, forte, apaixonado, poderoso. Mas que
se rende ao amor, ainda que não creia ser correspondido.
John e Michelle vão se bicar bastante nessa história, que dá vontade de
contar toda pra vocês, já que não temos o livro à disposição. Só encontramos em
sebos ou na internet.
Aos poucos, eles vão se conhecendo e se entregando. E o amor de John por
Michelle vai se intensificando à medida em que ele vai percebendo que ela não é
o que ele pensava. Suas camadas, erguidas propositalmente, vão caindo e
revelando uma mulher forte, que não quer nada além de ser independente, mas
que, sobretudo, precisa ser protegida.
Para sua surpresa, John percebe que Michelle desperta nele também a
necessidade de mimá-la, assim como o fez seu pai.
O mais impressionante nesta história, não é apenas a personalidade que
Michelle vai revelando, mas sim como viveu seu casamento. Ela é mais uma das
vítimas de violência doméstica, que, por incrível que pareça, se culpa por
isso.
Quando começam a se relacionar, Michelle raramente se despe na frente
dele com as luzes acesas. Isso porque precisa manter ocultas as cicatrizes que
seu ex-marido deixou. A reação de John quando descobre... tão explosiva quanto
tudo que vem desse homem.
O sexo... ah... o sexo de John e Michelle... palpitante, úmido,
quente...
“Entrou no quarto sem fazer ruído,
fechando a porta atrás de so. Ela estava na cama, imóvel e miúda, alheia a sua
presença. John deixou a mala no chão e entrou no banheiro. Quando saiu, uns
minutos depois, deixou a luz do banheiro acesa para poder vê-la enquanto se
despia.
Olhou para a cama outra vez e todos os
músculos de seu corpo se esticaram. O suor escorreu pelo rosto. Não poderia
afastar os olhos dela nem que um tornado tivesse açoitado a casa naquele
instante.
Ela estava deitada de barriga para
baixo, com os lençóis apartados aos pés da cama. Tinha a perna direita
estendida e a esquerda flexionada. Usava uma daquelas leves camisolas de
algodão que gostava, e que no decorrer da noite lhe subira até as nádegas.
Percorreu-a lentamente com o olhar, recreando-se na contemplação das curvas de
seus glúteos nus e nas suaves dobras de seu sexo, que desejava acariciar.
Estremeceu-se convulsivamente,
apertando os dentes. Excitou-se tanto e tão depressa que todo seu corpo
palpitava dolorosamente. Michelle estava profundamente adormecida. Sua
respiração era lenta e regular, enquanto a dele tornou-se difícil; o suor
empapava seu corpo; seus músculos tremiam como os de um garanhão que tivesse
cheirado uma égua no cio. Sem apartar os olhos dela, começou a desabotoar a
camisa. Precisa possuí-la; não podia esperar. Michelle era cálida, feminina,
vulnerável... e era sua. John se desfazia apenas ao olhá-la, seu autodomínio
cambaleava, seu sexo palpitava loucamente.
Deixou suas roupas no chão e se
inclinou sobre ela, girando-a brandamente para que deitasse de costas. Michelle
deixou escapar um gemido suave e se acomodou sem despertar. O desejo de John
era tão premente que nem sequer se incomodou em despertá-la; subiu-lhe a
camisola até à cintura, abriu-lhe as coxas e se colocou entre elas. Tentando
dominar-se, penetrou-a brandamente e um grunhido baixo e áspero escapou de sua
garganta ao sentir que a carne cálida e úmida dela se fechava ao redor de seu
sexo.
Michelle deu um leve salto,
arqueando-se e, elevando os braços, rodeou-lhe o pescoço.
─ Eu te amo! ─ murmurou, meio adormecida.
...
─ Michelle ─ sussurrou com a voz
crispada, afundando a boca aberta em sua cálida garganta.
...
Nunca antes havia se sentido inseguro.
Era arrogante, impaciente, decidido, e estava acostumado a que todo mundo
ficasse firme quando dava uma ordem. Causava-lhe um profundo desassossego saber
que não era capaz nem de controlar suas emoções, nem de controlar Michelle.
Alguma vez leu que o amor tornava fracos os fortes, mas até esse momento não
havia compreendido. Débil, ele? Céus, mas estava aterrorizado!
─ Se levante, anda. Nem sequer posso me
vestir se te vir assim. Não posso afastar os olhos de... ─ interrompeu-se,
franzindo a testa, ao ver a pequena cicatriz branca que cruzava seu ombro. Não
a teria visto se Michelle não estivesse deitada, nua, sob os raios do sol.
Então viu outra, e também a tocou. Seu olhar se moveu e encontrou outras
cicatrizes em suas costas, em seus glúteos, na parte de atrás de suas coxas.
Tocou-as brandamente, movendo os dedos lentamente, uma a uma. Ela ficou rígida
sob suas mãos, sem mover-se nem olhá-lo, nem sequer respirava.
Assombrado, John tentou imaginar o que
podia lhe haver causado aquelas cicatrizes pequenas, em forma de meia lua. Se
tivesse se machucado acidentalmente, com um cristal quebrado, por exemplo, não
lhe teriam ficado cicatrizes do mesmo tamanho e forma. Os cortes tinham sido
profundos; as cicatrizes eram lisas, suas bordas não tinham protuberâncias. Por
isso não as tinha notado, mesmo tendo acariciado cada centímetro de seu corpo.
Mas, se não eram acidentais, só podiam ser deliberadas.”
Quando leio histórias como esta, depois do êxtase da leitura fico me
perguntando como conseguem esses autores criarem personagens tão fabulosos,
tramas tão envolventes. Me perdoem a redundância, mas Linda Howard é minha
favorita e lamento muito que seus textos não sejam tão publicados por aqui
quanto alguns de pouquíssima qualidade que vejo por aí.
Com seus homens e mulheres extraordinários, com cenários tão bem
descritos que dá para sentir a brisa, o cheiro dos estábulos e outros mais, eu
choro, rio, me excito, me surpreendo. Não é isso que esperamos de um livro –
sermos transportados para longe de onde estamos fisicamente e presenciar as
histórias que contam?
John e Michelle tiveram a oportunidade única de viver o que se negaram
durante anos, por impressões errôneas, por medo da reação do outro. E nós? Será
que vamos continuar nos privando de arriscar a sorte e perdermos oportunidades
de sermos felizes?
Enfim, a Sexta chegou e trouxe mais calor, emoção e paixão. E assim
quero deixá-los: mais aquecidinhos nesse inverno que eu tanto amo! Até a próxima!
Fiquem bem e Carpe Diem.
Minha nossa!! Precisa da história completa!! haha Ainda não tinha lido nada da autora, pelo pouco que vi dá para se sentir na história com suas descrições.
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