“[...] O universo cigano é tão antigo e extenso, tão cheio de
crenças e histórias que nem mesmo seu próprio povo conhece bem o limite entre
verdade e lenda. É que o nome 'cigano' designa muitos povos espalhados por
quase todas as regiões do mundo. Povos com diferentes cores, crenças,
religiões, costumes, rituais, que, por razões às vezes difíceis de compreender,
foram abrigados sob esse o imenso guarda-chuva (assim como populações muito
diferentes são chamadas de índios).
A história dos ciganos é toda baseada em suposições. E a razão é
simples: faltam documentos. Os ciganos são um povo sem escrita. Eles nunca
deixaram nenhum registro que pudesse explicar suas origens e seus costumes.
Suas tradições são transmitidas oralmente, mas nem disso eles fazem muita questão
– os ciganos vivem o hoje, não se interessam por nenhum resquício do passado e
não se esforçam por se manterem unidos. A dificuldade em se fixar, o conceito
quase inexistente de propriedade e a forma com que lidam com a morte –
eliminando todos os pertences do falecido – dificultam ainda mais o trabalho
aprofundado de pesquisa.
[...]”
A saga cigana
A história e
os segredos do povo mais misterioso do mundo
Luciano
Marsiglia
(Disponível
em: http://super.abril.com.br/cultura/saga-cigana-447715.shtml
- junho de 2013)
Hoje é um dia mais que especial!
Pelo menos para mim e algumas pessoas muito queridas.
Vocês estão lembrados do Papo
Envenenado da semana passada, no qual falei sobre os símbolos do casamento?
Pois é, hoje é o grande dia: comparecerei à celebração daquele casamento ao
qual me referi na última quarta-feira. Estou ansiosa e muito feliz. Depois
conto como foi!
Mas hoje também é um dia especial
porque trouxe um absinto que, literalmente e definitivamente, me enfeitiçou.
Estou falando de Cam Rohan, protagonista do livro Desejo à Meia-Noite (Mine till Midnight) da série Os
Hathaways, de Lise Kleypas.
Cam Rohan é um mestiço,
descendente de roma (ciganos) e
irlandeses, que vive entre os gadjos
(não ciganos). Protagonista de mais um dos romances de época editados pela
editora Arqueiro que me seduziu com seus mistérios e jeito de ver a vida.
Este é um dos personagens mais
enigmáticos que eu já conheci nos incontáveis livros que li. Apaixonante
também, pois além de ser complexo e marcante, vive uma das situações que mais me
deixam indignada: discriminação e preconceito.
Mas antes de falar um pouco mais
sobre isso, vamos conferir a sinopse da história de Cam Rohan e Amelia
Hathaway.
“Após sofrer uma decepção amorosa, Amelia Hathaway
perdeu as esperanças de se casar. Desde a morte dos pais, ela se dedica
exclusivamente a cuidar dos quatro irmãos – uma tarefa nada fácil, sobretudo
porque Leo, o mais velho, anda desperdiçando dinheiro com mulheres, jogos e
bebida.
Certa noite, quando sai em busca de Leo pelos
redutos boêmios de Londres, Amelia conhece Cam Rohan. Meio cigano, meio
irlandês, Rohan é um homem difícil de se definir e, embora tenha ficado muito
rico, nunca se acostumou com a vida na sociedade londrina.
Apesar de não conseguirem esconder a imediata
atração que sentem, Rohan e Amelia ficam aliviados com a perspectiva de nunca
mais se encontrarem. Mas parece que o destino já traçou outros planos.
Quando se muda com a família para a propriedade
recém-herdada em Hampshire, Amelia acredita que esse pode ser o início de uma
vida melhor para os Hathaways. Mas não faz ideia de quantas dificuldades estão
a sua espera.
E a maior delas é o reencontro com o sedutor Rohan,
que parece determinado a ajudá-la a resolver seus problemas. Agora a
independente Amelia se verá dividida entre o orgulho e seus sentimentos.
Será que Rohan, um cigano que preza sua liberdade
acima de tudo, estará disposto a abrir mão de suas raízes e se curvar à maior
instituição de todos os tempos: o casamento?”
A impressão que se tem, ao ler
esta sinopse, é que se trata de uma história de amor que depende apenas de um
pequeno acerto ou simples aceitação das diferenças do outro.
Alexis Papas |
Mas não é esta a questão. Estamos
falando de uma época em que não bastava ser rico para ser aceito pela sociedade.
Em 1848 as pessoas também eram medidas pela sua descendência, pelas suas
origens.
Desnecessário dizer que é um
romance, que há um clima extremamente tenso e erótico entre ambos, mas o abismo
vai além de suas origens.
Cam e Amelia vivem num período
pouco posterior à caçada dos povos nômades que se denominavam roma, conhecidos como ciganos. Muitos
grupos inteiros foram dizimados e, como sabemos, isso não foi ficção.
Felizmente, nossos herois de hoje,
embora vivam as consequências dos atos de seus antepassados, não se
autodenominam vítimas, pelo contrário, são sobreviventes por seus próprios
méritos, por sua própria natureza.
Cam fora tirado de sua família,
muito provavelmente para sua própria proteção, e deixado aos cuidados de um
negociante, que lhe ensinou seu ofício.
Já adulto, mesmo após a morte de
seu “tutor”, ele continua como gerente do negócio auxiliando a filha de seu
“pai” adotivo – na falta de outra expressão – e seu marido.
Alexis Papas |
“─ Sei
tudo sobre chances e probabilidades – concordou Rohan. – Mesmo assim, acredito
na sorte. – Ele sorriu e havia um brilho sereno em seu olhar que fez Amelia
perder o fôlego. – Acredito em magia e mistério, em sonhos que revelam o
futuro. E acredito que algumas coisas estão escritas nas estrelas... ou mesmo
na palma das mãos.
Hipnotizada,
Amelia era incapaz de desviar o olhar.
(Quem pode condená-la?) Cam era um homem
de extraordinária beleza, a pele escura como mel de trevo, o cabelo negro
caindo sobre a testa de uma forma que fazia seus dedos tremerem de vontade de
ajeitá-lo.
...
Amelia também deixou a carruagem.
─
Merripen sabe cuidar de si mesmo em uma briga, eu lhe garanto.
Rohan
fitou-a, seus olhos escuros e felinos cobertos pelas sombras.
─
Ficará mais segura se permanecer lá dentro.
─
Conto com sua proteção ou não?
─
Querida – disse ele com uma suavidade que abafou o ruído da multidão -, talvez
seja de mim que a senhorita mais devesse se proteger.
Ela
sentiu o coração perder o compasso. Ele encarou seu olhar arregalado com um
firme interesse, que a fez sentir um arrepio da cabeça aos pés. [...]”
Quem não sentiria?
Enfim, ainda que seja muito contrário ao
estilo de vida dos gadjos, ele acaba
fazendo uma fortuna graças ao que denomina maldição
da boa sorte. E quando começa a acreditar que não haverá mulher que o fará
pensar diferente de tudo o que acredita, ele conhece Amelia Hathaway.
As circunstâncias de seu encontro com
Amelia são bastante inusitadas.
Como não poderia ser diferente, Amelia
também me conquistou. Vejo nela muito de mim. Sobretudo seu orgulho.
Apesar de todas as dificuldades
que tem de enfrentar, ela não concebe a ideia de contar com mais ninguém para
manter-se e ajudá-la com sua família emocionalmente desestruturada. Assim, aos
26 anos de idade ela idealiza a recuperação de seu irmão, bem como a saúde de
Win, um bom casamento para Poppy e uma boa educação para Beatrix.
Só que as coisas não andam nada
bem, e todos acreditam que sua família é amaldiçoada.
Legal. Mas nada disso a torna
vítima, como eu disse antes. Amelia – parafraseando Ataulfo Alves e Mario Lago,
“Amelia que era mulher de verdade” –
não nutria sonhos para si, além da felicidade dos irmãos, acaba encontrando a
personificação de tudo o que lhe é proibido.
Mas preciso deixar outra coisa
bem clara aqui; talvez a razão para eu ter me apaixonado pela história de
Desejo à Meia-Noite: Amelia é orgulhosa sim, teimosa demais, persistente até o
fim, mas nunca preconceituosa. Daí sua peculiaridade.
Numa época em que um homem como
Cam Rohan, por mais rico que fosse, ainda era visto como um marginal, Amelia
enxerga muito além de posses materiais e herança étnica.
A história de Cam e Amelia rende
risos, revolta, tensão e tesão, mas também doçura e idealismo também, pois nos
faz refletir sobre o preconceito, sobre a discriminação, que são temas tão
recorrentes, tão atuais.
Outros dois personagens tão
opostos e que se completam de maneira tão apaixonante.
Mais uma vez me surpreendo,
suspirando e vibrando com uma história de época com enredo forte, apesar da
capa romântica e delicada, durante as suas 272 páginas, desejando ser como
Amela Hathaway: batalhadora, pé no chão, que encontra um homem que a leva às
nuvens...
“─ Os rons acreditam que se deve seguir
o chamado da estrada e nunca voltar atrás. Pois nunca se sabe das aventuras que
estão por vir.
Ele
procurou tocá-la devagar, dando-lhe todas as chances de criar objeções. Tocou a
curva de seus quadris... Puxou-a para junto de seu corpo, para que sentisse seu
vigor.
...
Os
beijos se tornaram mais selvagens, mais demorados e, entre eles, Cam falava uma
mistura de romani e inglês, e não estava claro se ele sabia que idioma usava.
Segurando sua mão, ele a conduziu para baixo, para o ímpeto irresistível de sua
ereção...”
Cam... você também me levou às nuvens e
me fez desejar te dizer: “Ah, se seu
pudesse ter só mais um dia com Cam, eu faria caber uma vida inteira nessas
poucas horas.”
É preocupante, pois estou me sentindo uma
cortesã literária; nunca pensei que pudesse ser tão volúvel, quando o assunto
são esses personagens maravilhosos que vão surgindo dessas mentes fantásticas,
dormindo comigo e congestionando minha estante.
Agora é viver a agonia de esperar pelo
segundo livro da série, pois lá continuamos a desvendar os mistérios de Cam e
de outro rom também “tudebão”.
Eu... vou ficando por aqui, com essa
baita inspiração, correndo para o salão para dar “um tapa na peruca” e me
preparar para logo mais, desejando a todos uma Sexta mística, quente, cheia de
magia envenenada e um fim de semana inenarrável.
Latcho drom e Carpe diem.
Nossa eu já queria ler esse livro por ser histórico, mas não sabe dessa descendência do protagonista, e agora isso me deixou com mais vontade de ler! Eu babo em culturas de outros países =D
ResponderExcluirMiquilis: Bruna Costenaro
É complicado quando os personagens mexem muito conosco, e quando o livro acaba parece que tiraram algo de nós, a vida desaba e não encontramos motivo para continuar kkkk Gostei bastante do papo envenenado de hoje, estou louca para ler esse romance porque já vi umas resenhas falando super bem. Eu não conheço nada de ciganos, dias atrás até me espantei com uma reportagem que dizia ter muitos ciganos na minha cidade e eu nunca vi, mas acho a cultura deles peculiar e adoraria saber mais. Cam e Amelia já me cativaram e quero saber o que acontece com a família dela e com o desenvolvimento desse romance!
ResponderExcluirAbraços,
Raquel.
Ê história boa! Doida pra ler o meu, a coisa é boa mesmo. Adorei saber mais desses personagens, só dá mais vontade de conferir *-*
ResponderExcluirEu adorei esse livro ejá estou surtando de vontade de ler o segundo!
ResponderExcluirBju
Que tudo! Acho que essa questão de preconceito tá em alta. Pelo jeito o livro é ótimo pra se discutir sobre. :)
ResponderExcluirNossa! Não vejo a hora de ler esses romances da Arqueiro! Romance sempre é bom e se for para se apaixonar pelos personagens, melhor ainda! Bom casamento!
ResponderExcluirPoxa, é tanto livro interessante que vou acabar tento um surto sem saber qual começo primeiro, Tania!
ResponderExcluirGente, não guento livro que tem irlandês no meio não, nem que seja meio rs
ResponderExcluirDos romances historicos que a arqueiro lançou, do que me interessavam, falta esse, essa capa é lindissima!
Não lembro de ter lido algo da autora, mas gostei dela ter criado a Amelia bem cheia de si, orgulhosa e não preconceituosa, isso garante uma pessoa centrada, responsável com a família e que nos garante boas risadas. Essas fotos são de matar, vou ter dizer ¬¬
Espero ter muito em breve e ler.
Bj
Eu gostei muito deste livro, inclusive tem resenha dele, lá no blog.
ResponderExcluirOs personagens são muito carismáticos, e o Cam, dispensa comentários... Adorei sua resenha Tânia. Bjus
Lia Christo
www.docesletras.com.br
serei repetitiva, pois sempre falo a mesma coisa quando vejo uma das capas dos históricos, mas estou doida por ler os romances de epoca da arqueiro, e ao meu ver essa é capa mais bonita dos tres livros lançados! creio que deve ser uma linda historia que promete emocionar e fazer rir
ResponderExcluirDeixo aqui o link do meu cantinho que foi criado como uma forma de sair um pouco do estresse e me divertir, ainda estou apanhando e com muitas dúvidas, mas tudo é publicado com muito carinho! http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Lembro que quando li a sinopse desse livro, fiquei curiosa mesmo por ver que Cam sofreria de preconceito nessa história. Achei bem legal essa proposto por uma romance de época pois é difícil uma temática dessas destacar um preconceito e não apenas mais um romance, com um casal em tempos de época.
ResponderExcluirMenina, amei esse Alexis Papas, uuuauu! Mesmo não tendo lido o livro deu pra imaginá-lo como o personagem. Ah! Adoro as escolhas de fotos que você faz nessa coluna.
Pretendo ler esse romance.
n li esse livro mas desde que eu o vi pela primeira vez já chamou minha atenção, a capa delel é linda e a história parece ser bem envlovente. já vi mts comentários positivos sobre o livro e pretendo ler ele... adorei os comentários q vc fez e as fotos mais ainda hahaa ;)
ResponderExcluirMe interessei pelos três romances de banca que a editora Arqueiro lançou e gostei muito da capa desse volume. É impressionante como os mocinhos dos romances históricos são sempre apaixonantes, né? Também me apaixono por esses personagens! =)
ResponderExcluirO mocinho desse livro parece ser tudo de bom! Adoro quando os personagens possuem culturas diferentes, pois assim aprendemos algumas informações culturais e históricas ao longo do livro.
A protagonista parece ter uma personalidade que vai me agradar. Entendo essa questão de orgulho e sei como isso atrapalha às vezes, mas é bom que ela não tenha preconceitos, principalmente em um período histórico no qual o preconceito estava sempre muito presente.
Enfim, gostei muito do post e pretendo ler esse livro quando puder. O romance parece ser muito bom, do tipo que prende o leitor na história.
Ah, aproveite muito o casamento! =D
Ah, romances de banca são maravilhosos, e parece que os três publicados pela Arqueiro estão maravilhosos! Fiquei com água na boca, desejando lê-los, sério. Ah, esse livro 'Desejo à Meia-Noite' parece ser tudo de muito bom. Pelo Cam, é claro, que parece ser um homem daqueles, muito maravilhoso e tentador. Haha. E a Amelia parece ter uma personalidade incrível nessa trama! E esses trechos do livro me deixaram com ainda mais vontade de conferir o livro de ponta a ponta!
ResponderExcluirEspero que o casamento tenha sido maravilhoso!
Beijo.
Adorei a resenha! Bem escrita e bem detalhadinha! Eu amei esse livro... E não vejo a hora de ler o segunda dessa série!
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