Sexta Envenenada: Fallen Angels - Desejo


“Se eu morrer antes de você, faça-me um favor.
Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado.
Se não quiser chorar, não chore.
Se não conseguir chorar, não se preocupe.
Se tiver vontade de rir, ria.
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão.
Se me elo
giarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me.
[...]
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:
'Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!'
 Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
[...]
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente,
e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Eu não vou estranhar o céu...
Sabe por que?
Porque...
 Ser seu amigo já é um pedaço dele!”
Olá, Envenenados!

Estamos de volta com mais uma Sexta glamorosa e com um cheirinho todo especial de comidinha feita pela mamãe, de aconchego de família, de reflexão sobre nossa vida, de chocolate saboroso e do verdadeiro significado da Páscoa.
Para muitos este é um momento de conforto ou reconforto, de repensar suas atitudes e de busca para equilíbrio interior. Por isso, não importando a doutrina religiosa ou filosófica, ou a falta dela, pois o ceticismo também deve ser respeitado, que este e todos os outros momentos do ano sejam de paz, que nossos olhos e corações sejam purificados de toda desesperança. Que nossa fé seja renovada, ainda que não sigamos nenhum dogma religioso, que pelo menos a fé numa sociedade mais justa, onde possamos criar educar  nossas crianças com harmonia e sabedoria, que nossos jovens possam se divertir em segurança e que nossos idosos tenham uma jornada digna, seja possível.
Se pudermos vislumbrar dias assim, certamente nossa missão será mais branda.
Neste espírito pascal, voltamos a falar sobre anjos. Lembram-se de Jim Heron e Cia.? Pois é, Jim está de volta à Sexta Envenenada, desta vez no segundo volume da série Fallen Angels – Desejo (Crave), de J.R. Ward. A editora Universo dos Livros publicou esse volume em 2011.
Depois da primeira batalha em Cobiça (Covet), quando nosso gostoso herói enfrenta o mal para resgatar a alma do não menos gostoso, mas como diz a Math, também bilionário (literário), Vin di Pietro, Jim agora tem que pagar uma antiga dívida antes de encarar sua nova missão.
A questão é: será apenas um acerto de contas ou a próxima missão?
Só para entrarmos no clima, relembremos qual é a missão de Jim.
Depois que os dois times (Bem X Mal) determinaram as regras do jogo, ambos definiram quem seria o zagueiro principal de cada partida.
O zagueiro escolhido foi Jim Heron, cuja missão é resgatar sete almas. O lado que obtiver o maior número de pontos levará o prêmio final: o destino da humanidade.
Jim corta um dobrado para atingir seu objetivo em Cobiça, isso antes de adquirir suas próprias asas, e estamos falando de situações bem cabeludas mesmo, do tipo: enfrentar o “capiroto” cara a cara.
Aqui em Desejo, a situação não será mais amena, porque antes ele deve proteger e salvar o ex-companheiro Issac Rothe, que em uma missão especial arriscou a própria vida para salvar a pele de Heron e de seu líder Matthias.
O deserto, longe de Caldwell, 
Boston, ou longe da… sanidade.
Cerca de dois anos após o que aconteceu, quando Jim Heron já não fazia mais atuando nas operações especiais, ele pensaria que Isaac Rothe, Matthias, o filho da mãe, e ele mesmo, tiveram suas vidas transformadas na noite em que aquela bomba explodiu na areia.
Claro, naquela época, nenhum deles sabia o que aquilo significava ou onde isso tudo levaria. Mas assim era a vida: ninguém tinha um guia turístico de seu próprio parque temático. Você tinha que participar dos passeios tal qual eram apresentados, sem saber se ia gostar daquilo pelo esperava na fila... ou se algum bastardo ia fazer você vomitar seu cachorro-quente ou seu algodão-doce.
Contudo, talvez fosse melhor assim. Será que, no passado, ele acreditaria que acabaria lutando contra um demônio ao tentar salvar o mundo da condenação eterna?
Pois é.
Mas, naquela noite, o frio seco que banhou o local no segundo em que o sol se pôs atrás das dunas, ele e seu chefe andaram sobre um campo minado... e apenas um tinha saído dali.
O outro? Nem tanto...”
Acontece que em sua primeira missão, Jim precisou da ajuda de Matthias para obter algumas informações cruciais para cumprir seu trabalho, mas o preço estipulado por seu ex-chefe nunca ficava claro: uma coisa era certa, o valor era inestimável... era matar Isaac.
Mathias exigia que Jim liquidasse Isaac por deserção.
Mas como Jim poderia realizar esta tarefa, agora que não fazia mais parte dessa esfera? E como poderia proteger Isaac da morte certa, uma vez que Matthias – após se certificar de que Jim morrera deveras – certamente enviaria outro para dar cabo da missão?
Mas a história não se resume a isso, pois Devina também retorna para colher outra alma e tentar derrotar Jim.
“Devina era um demônio tão poderoso que perdia apenas para Aquele que criou os céus e a Terra: ela poderia assumir todos os tipos de rostos e corpos, tornando-se outra pessoa a qualquer hora e em qualquer lugar. Ela poderia aprisionar almas por toda a eternidade. Ela comandava um exército de mortos-vivos.”
Curioso aqui sobre esse demônio, é o fato de Devina recorrer a uma psicanalista para tratar de sua depressão. Achei isso uma graça, talvez um dos poucos momentos cômicos, além dos outros anjos Adrian e Eddie e do próprio Jim.
Sua ansiedade está relacionada à sua coleção de objetos que a ligava às almas que lhe pertenciam, não era apenas uma obsessão por coisas materiais. E depois que fora desfalcada de um desses objetos, seu cuidado deveria ser redobrado.
O mais novo item se sua coleção era uma blusa moletom manchado com sangue. Sangue daquele que será seu mais novo alvo.
O dono do moletom, Isaac, está simplesmente procurando sobreviver incógnito, vivendo das lutas clandestinas, onde ele é a atração principal. Durante uma dessas lutas ele é preso. Para livrá-lo da prisão, entra em cena a advogada Grier Childe, que tem seus próprios fantasmas para enfrentar – literalmente.
Naomi Watts
Grier é uma advogada rica e dedicada, que reserva um pouco de seu tempo para defender aqueles que não possuem muitos recursos. Quando Isaac descobre que sua defensora resolve pagar sua fiança, ele decide que deve resolver, de uma vez por todas, essa situação.
“Ele estava saindo das operações especiais porque tinha se conscientizado, e isso significava que não poderia sustentar aquela situação de Grier Childe ter dado cobertura a ele até aquele ponto. Ela parecia rica, mas 25 mil era muito dinheiro, não importava o quanto você valesse a pena.
Inferno, ele não se sentiria bem nem mesmo se um agiota pagasse essa dívida. Mas e aquela mulher elegante a quem ele mentiu? E envolveu em uma missão suja?
Não. Ele não estava disposto a deixá-la em apuros.
E aquilo simplesmente complicava tudo.”
Complicava tudo em todos os sentidos, pois como tudo o que J.R. Ward faz, Desejo não é previsível, é tensão pura.
 E há muita coisa acontecendo nessa história. Como Jim estar procurando por Isaac para tentar tirá-lo do país, tirando-o assim da mira de Matthias, quando ele percebe qual será sua mais nova missão.
“Com um rápido inclinar de sua cabeça, Jim observou o céu escuro e pensou sobre a maneira como sua primeira missão tinha acontecido: não houve coincidências em qualquer momento da cadeia de acontecimentos. Tudo e todos com quem ele se encontrou estavam entranhados em sua tarefa. E, nossa! Meu Deus! Não era difícil imaginar que Matthias estava jogando no time de Devina. O cara praticava o mal onde quer que fosse, cometendo atos de violência e fraudes que tiveram um efeito em escala global assim como alteraram vidas para sempre.”
Com isso em mente, Jim chega à conclusão de que não se encontrou com Isaac apenas para acertar uma dívida com o rapaz.
Mas serão tantas coisas a acontecer nessa obra que fica difícil desatar o nó que a Sra. Ward criou. Como eu disse: com ela tudo é imprevisível.
Para incrementar ainda mais a situação, a tensão que surge entre Isaac e Grier, embora esperada, é avassaladora. E mesmo com o fantasma de seu irmão a escoltando, Grier ainda é capaz de tomar suas próprias decisões.
Ela sente a mesma necessidade de salvar Isaac de suas escolhas, como sentia com seu irmão, mas havia uma outra necessidade que estava surgindo em relação aquela homem enorme em sua cozinha.
Quando ela o convence a ficar por uma noite na segurança de sua casa, Grier 
tem a esperança de fazer com que Isaac pare de fugir e resolva sua situação com o governo definitivamente, mas o que ela consegue é fazer com que ele se sinta cada vez mais atraído por ela.
“Ele a queria. Com uma ânsia que poria um maldito vínculo entre eles.
– Isaac?
A voz dela... aquele vestido... aquelas pernas...
– Eu preciso ir – ele disse de maneira severa. Na verdade, ele precisava entrar... dentro dela. Mas aquilo não ia fazer parte da situação. Mesmo que ele tivesse que cortar seu membro e queimá-lo naquele adorável jardim que ela tinha. (Oh! Desperdício!)
[...]
– Eu poderia matá-la. Bem aqui. E agora.
Aquilo a calou.
Quando ela levantou as pontas dos dedos até seu pesado colar de ouro, como se estivesse imaginando as mãos dele em volta de sua garganta, ele caminhou até ela.
E, desta vez, ela recuou... até o balcão onde seu prato vazio a deteve.
Isaac continuou a se aproximar até que esticou os braços nas laterais dela, fechando as mãos no granito, aprisionando-a de fato. Olhando bem dentro dos olhos azuis que ela tinha, ele estava desesperado para assustá-la de alguma maneira.
– Não sou o tipo de homem com que está acostumada a lidar.
– Você não vai me machucar.
– Você está tremendo e tem uma enorme tensão no seu pescoço agora. Então, diga-me, do que acha que sou capaz.
Quando ela engoliu em seco, ele percebeu que aquela chamada para a realidade estava atrasada... só que ele se sentia um bandido em um show de agressão.
– Sei que está no espírito de salvadora. Mas não sou o tipo de caridade que vai alimentar sua alma. Acredite em mim.
O zumbido de uma energia começou a vibrar entre eles, as moléculas de ar no espaço entre seus corpos e seus rostos começaram a se agitar.
Ele se inclinou, cada vez mais próximo.
– Sou mais do tipo que comeria você viva. 
[...]”
E põe reticências nisso. O homem é quente, e neste momento está fervendo!
Ward é o tipo de leitura tarja preta mesmo: não recomendado para cardíacos, celibatários e, principalmente, menores de idade. Porque quando o assunto é erotismo, ela é tão descritiva que temos a impressão de que estamos vivendo a cena. Recomenda-se o uso de lencinhos e ar condicionado ou ventilador ligado quando abrir um de seus livros, pois ela combina magistralmente ação, suspense, romance e sexo (realista) sem ser vulgar.
O que torna seus machos mais apaixonantes ainda, além da virilidade que faz com que quase sintamos sua testosterona exalando no ambiente, é sua dignidade não percebida. Quase todos eles não se consideram dignos de nada e essa sensação é tão grande e tão forte quanto seu desejo sexual.
Se vocês esperam um romance “meia boca” aqui, lamento informar que não é o que encontrarão.
Paul Marron
Resolvi apresentar minhas impressões sobre Desejo (e eu também desejo), porque estava em falta com esse tipo de leitura que tanto amo: romance-brutamontes-mulheres-fortes + sobrenatural + pancadaria + sexo forte de muita qualidade.
O desfecho... é algo que realmente surpreende a todos: personagens e leitores.
Quanto a Jim, essa certamente está longe de ser a sua última partida neste jogo, mas certamente o desgastou muito, e promete muito mais tensão para os próximos volumes. Confesso que, pela característica imprevisível da escrita de Ward, estou muito preocupada com o destino da humanidade nesta série fabulosa que é Fallen Angels.
Se estiverem interessados, podem acessar o link das livrarias que se encontram na lateral direita deste blog envenenado!
Fico por aqui, desejando a todos uma Páscoa primorosa, recheadinha de amor, paz, muitos abraços e beijinhos com gostinho de chocolate.
Fiquem bem e Carpe Diem!

2 comentários

  1. Alguém precisa me dar essa série de presente, porque ainda não consegui comprar nenhuma. Já li críticas bem distintas sobre essa série de livros. Umas adoraram e outras disseram que Ward tinha perdido a mão. Não tenho parâmetro para fazer uma comparação, portanto, vou me basear na sua resenha e dar uma chance. Beijos Tania!

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    Respostas
    1. Não tem como fazer comparação com a IAN, Elimar
      O problema é que as pessoas nunca estão satisfeitas com nada, e não dá para agradar a todos.
      Sinceramente, eu adoro a série e fico na maior agonia porque comecei a seguir e está levando um tempão para publicarem. Este volume saiu em 2011, e o terceiro saiu agora, dois anos depois.
      Mas a espera compensa, na minha opinião. Eu adoro o jeito como ela consegue nos prender, seus enredos são dinâmicos, ricos e surpreendentes. Perder a mão??? Não concordo. Mas respeito as opiniões.
      No caso da Ward, entre outros autores, eu pago mesmo para conferir!
      Beijos, lindona e obrigada pela presença!

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