Papo Envenenado: Amizade x Ciúme



Olá, pessoas!

Vai um resfriadinho aí?
Pois é, nem posso curtir a onda fresca que chegou ao Rio, esse climinha que anunciava a entrada do outono.
Enfim, quem trabalha com crianças deve ter um estoque de vitamina C em todos os lugares.
E por falar em outono, essa estação deliciosa entrou com cara de outono mesmo! Graças aos deuses! Não aguentava mais aquele calorão. Tudo bem que eu more num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, mas já era hora de um refresco. Sei que muitos amam o calor, respeito, mas não é a minha “praia”, literalmente.
Acho que sou uma pessoa sortuda, pois sempre tenho a oportunidade de escrever aqui em dias especiais. E hoje não é diferente, já que, além do início do outono, hoje é o dia do blogueiro.
Então, parabéns a todas essas pessoas que se dedicam a algum assunto na internet, muitas sem fins lucrativos, todos, certamente, com o objetivo de compartilhar seus prazeres ou dissabores, tratando com muito carinho seu espaço para receber suas visitas, assim como recebemos em nossa casa.
Por meio dos blogs vamos recebendo informações diversas sobre uma infinidade de assuntos. É claro que, como em muitas áreas da vida, entre os blogueiros existem os picaretas, os medíocres, os que sofrem de verborragia e até mesmo aqueles que não criam e sim copiam. Mas, felizmente, existem aqueles que são sérios e buscam qualidade, veracidade e tornar esse trabalho algo digno de respeito. A esses blogueiros, dedicamos nossos mais carinhosos sentimentos.
E vou mais além, através de blogs, fiz algumas das amizades mais consistentes e queridas da minha vida.
Conheci gurias fantásticas através desses espaços que buscamos quando queremos informações sobre algo ou alguém. Engraçado, né? Mas é verdade. Hoje tenho amigas com quem compartilho coisas que não dividiria com algum parente.
Tenho amigas, blogueiras, com quem tenho uma sintonia inexplicável, um humor paralelo e gostos muito parecidos.
Curiosamente, nesse grupo de amigas ainda não identifiquei um tipo que é muito comum entre as amizades femininas: aquela amiga ciumenta.
Talvez seja porque a maioria das minhas “blomigas” seja de criaturas maduras, ou que não tenham tempo para encher os “pacová” com picuinhas chatinhas, dessas pelas quais passamos vez ou outra na vida.
Quem já não teve uma amizade assim? Ou até já foi assim? Ou (arrepios) é assim?
Amigo é aquele irmão que o coração da gente escolhe. Tenho irmãos e irmãs queridos demais, e alguns são parceiros mesmo, mas não trato com eles alguns assuntos que só compartilho com amigas. Amigas-as-as-as, pois como já mencionei, tenho evitado ser muito transparente com amigo-os-os.
O ciúme, creio eu, é um sentimento natural e até mesmo saudável, na medida em que ele possa contribuir na construção de uma relação. É tão natural que o sintamos desde pequenos, quando nos apoderamos do mundo e achamos que ninguém mais pode tocar em nada que nos pertence. Não é assim que as crianças se comportam? Seja com um brinquedo, com um familiar, com a cadeira da escola, com uma infinidade de coisas.
Depois que crescemos um pouco aprendemos a compartilhar nossas coisas, mas compartilhar pessoas ainda é complicado. Eu me lembro bem como tinha ciúmes da minha avó. E, vejam, tenho cinco irmãos mais novos, então, era um trabalho hercúleo lidar com uma possível rejeição. Eu disfarçava, mas na primeira oportunidade sempre garantia um beliscão no intruso.
Mogli - O Menino Lobo - Disney
Tinha também o ciúme pela minha irmã ter os cabelos compriiiiiiiiiidos, era fofinha e todo mundo a queria, eu era a versão feminina de Mogli – O Menino Lobo, pois além de magrela, joelhuda e cabelo no melhor estilo “Joãozinho”, estava sempre brincando com os meninos (meus tios e irmãos) e adorava chupar manga no pé. Quem daria atenção a um ser assim, se não fosse o Balu ou o Baguera? Mas eu não tinha nem o urso nem a pantera.
Na adolescência, claro, sempre injustiçada – qual criatura nessa fase da vida não o é? – mas aqui já ampliava meus horizontes no quesito atenção, pois começava a fazer parte da turma e como tal tive amizades e inimizades pelo caminho; inimizades que se tornaram amizades duradouras, assim como amizades que não foram eternas nem enquanto duraram.
Mas aí, já era alvo de ciúmes também. Aha!!! Chegava a minha hora. O problema é que uma das características dos adolescentes da minha época é que a gente não tinha muito “disconfiômetro” para determinadas coisas, que só ficaram claras para nós depois que amadurecemos.
Aí vem os vinte e poucos anos e ainda somos donos do mundo. Nossos amigos são os mais fiéis e somos capazes de grandes sacrifícios por essas amizades. Natural.
Na verdade, tudo isso é natural, olhando do ponto de vista de uma pessoa mais madura. Posso dizer que tive uma infância e juventude saudáveis, pois apesar das adversidades, cresci e aprendi a me defender, praticamente sozinha, pois nunca fui de recorrer aos meus pais para solucionar meus problemas, muitos dos quais e eles nem tem noção.
E como tudo isso é natural, obviamente o ciúme também é. Ele tem várias maneiras de se manifestar.
Exemplos não faltam: é aquela amiga que nunca te liga, nunca te procura, nem manda um sinal de fumaça, pois está sempre ocupada, mas se sabe que você está marcando um chopp com outras pessoas, rapidinho encontra um meio de se comunicar.
Agora em tempos de internet é que essa “praga” piorou. Mas até aí tudo bem, natural.
Lembram-se do Gollum? Pois é, amigo ciumento é um verdadeiro Gollum.
Tem aquela amiga que de repente curte tudo o que você curte. Ela jamais mencionou que gostasse de um estilo musical que você sempre curtiu, mas aparece um carinha que também adora e se identifica contigo por isso, aí vocês têm mais assunto e ela fica “pra escanteio” (segundo ela mesma) e, pronto! Ela quase monta um fã clube para um artista conhecido pelas músicas que você sabe de cor.
Há aquele tipo de amizade, que acho que quase todo mundo tem, porque é uma espécie que se reproduz tanto quanto insetos, e que tem vida curta como esses animais, pelo menos para mim, pois corto logo. É aquela em que você tem que estar sempre disponível, que acha que sua vida deve se desenrolar conforme a dela, que acha que pode dizer o que você precisa ou quer.
Natural, mas TÔ-FO-RA!
Para a próxima eu digo “PÉ DE PATO, MANGALÔ, TRÊS VEZES”, pois é aquela para quem você tem que contar tudo, sobretudo com quem está saindo, o que você comprou, e se você não conta ainda fica “puta” contigo. Do tipo que, quando descobre algo sobre você, que ainda não sabia, vem como uma locomotiva, tirando satisfações. Em contrapartida, faz tudo escondido de você, inclusive falar para todo mundo o que você fez, para quem você deu, o que você comprou e, de preferência faz tudo o que você fez para não ficar para trás. Já ouviu falar no “amigo da onça”? É por aí. Natural.
Tão natural quanto aquela que se diz amiga, mas que não leva fé em nada que você faz, que não acredita que você seja capaz de conseguir algo por mérito, que se surpreende negativamente com com seu sucesso, mas ainda acha que há algo errado.

Como diria Alcione: “Quem me vinga da mandinga é a figa de guiné”!
Mas tem aquela amizade que, apesar da distância, apesar de quase não ter tempo para conversar parece que nunca esteve efetivamente longe. Que tem seus problemas, vive sua vida, mas que quando te encontra não te aluga e quer saber como você está. Aquela amizade que, do nada, te manda uma mensagem oculta dizendo que tem algo pra te contar, mas que acha que você já sabe, e inexplicavelmente você sabe mesmo. Aquela amizade que te liga ou que recebe teu telefonema e você nem precisa se identificar.
Tenho histórias e mais histórias sobre minhas amigas, e uma das mais engraçadas foi como conversei pela primeira vez com uma das minhas “blomigas”, por telefone.
Estávamos sempre nos falando através das postagens dela, quando eu fazia algum comentário ou via e-mail. Até que um dia ela me mandou seu telefone. Não dá pra esquecer: nossa reação foi o riso... ríamos feito loucas assim que ela me atendeu... e é assim até hoje. Ficamos tempos sem nos falar por telefone, mas quando o fazemos, haja ouvido, porque passamos horas – tipo umas quatro, no mínimo – conversando sobre tudo.
Eu já vivi muitas experiências e garanto que não mencionei um milésimo delas, mas todas valeram, todas foram compensadoras.
Não há uma definição para amigo. Outro dia vi no Face uma postagem de uma página que curto dizendo “Quem tem amigo gay e não se envergonha, compartilha.”, ou algo do tipo. Amigo é amigo, não tem característica. Há os mais chatinhos, os mais dedicados, os relapsos, os esquisitos, os ciumentos, mas o que todos têm em comum é que habitam uma toca aquecidinha em nossos corações.
Eu tenho alguns, e a eles peço desculpas por ser relapsa, esquisita, ausente ou meio ogra. Mas saibam todos que meu coração é um verdadeiro cortiço, cabe todo mundo.
Aos ciumentos de plantão um conselho: cuidem de suas amizades, deem um pouco de espaço, não sufoquem, não peçam demais, torçam por elas, pensem em se doar um pouco também.
Eu amo meus amigos, ciumentos ou não eu os amo.
Fiquem e Carpe Diem.

7 comentários

  1. Na verdade acho que em algumas situações não é ciúmes por gostar de mais de uma amiga, acho que na maioria das vezes é simplesmente um sentimento de inveja, ou seja, almejar que a outra pessoa têm, desde personalidade a coisas materiais.

    Não acredito em ciúmes de amizade, acho que uma pessoa que têm esse sentimento em demasia, já não é normal, como sempre digo, quando uma amizade de sufocar e querer te moldar, isso não é amor, e sim caso de psiquiatra, porque a pessoa não te vê como alguém e sim como objeto que pode manipular como desejar.

    Mas tem o outro lado, tem pessoas carentes que até estimulam esse tipo de amizade, por se sentirem amadas, resumindo "Consulte um terapeuta, URGENTE"

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  2. Ah criança.... Conheço tanta gente nesse estilo amizade ciumenta, do tipo que quer te monopolizar, que quer só pra si e mais ninguém. Gente assim com esse tipo de possessão não faz amizade comigo, nem mesmo "coleguismo" rola. Como boa sagitariana que sou, não aceito monopólio de ninguém, sou de todo mundo que queira, mas não sou de ninguém. Me quer por perto, me deixe livre.

    E sim dona Tania... Nunca vou me esquecer de quando nos falamos pela primeira vez, pelo telefone. E sim, como adora bater aqueles papos gostosos que duram mais de quatro horas.... Fazem tão bem a alma... Se tem alguma coisa que eu tenho muito a agradecer àquele finado blog sobre aquele um dia belo rapaz, é que ele trouxe você para a minha vida....

    Amo você. E não importa o tempo, nem a distância. ♥

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    1. Verdade.
      Seu blog e o dito cujo realmente têm esse mérito e muito agradeço a ambos.
      Não há palavras para descrever o que temos.
      Também te amo, menina linda!♥

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  3. Oi Tania, sua linda! Eu adoro fazer amigos e graças a Deus tenho uma facilidade incrível pra isto. O que é meio complicado algumas vezes nas amizades, é que nem sempre as pessoas têm uma personalidade definida... Ora te amam, você é a melhor amiga, irmã mesmo... E de repente do nada esta mesma pessoa passa a não te dar nenhuma atenção, esfria com você e a gente fica lá perdida tentando entender, como aconteceu e claro que a gente não consegue. Porque simplesmente não aconteceu nada, você não mudou e nem fez nada diferente. O que aconteceu é que a amiga, acordou um belo dia e decidiu seguir em frente e te deixar pra trás... Simples assim...
    Agora quanto a amizades ciumentas, vou te falar que pra mim não rola. Acho até meio esquisito este lance de amigos terem ciúmes uns dos outros... E para encerrar, meu coração é assim, como um cortiço, do jeito que você falou... Tem um cantinho pra todo mundo... Bjus flor.
    Lia Christo
    www.docesletras.com.br

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    1. O mais engraçado, Lia, é que temos a impressão de que estas situações só acontecem conosco, mas aí vem alguém e comenta uma situação bem parecida com a que passamos.
      Quanto ao cortiço, não consegui encontrar expressão mais carinhosa e divertida ao mesmo tempo, pois é um lugar em que muitas pessoas co-habitam e muitas são engraçadas, fazem piada da própria sorte e são batalhadoras. É assim o meu coração, humilde, mas cheio de espaço e pessoas maravilhosas vivendo nele.
      Beijos, linda!

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    2. Eu adorei a expressão, por isso mesmo que usei... kkkkkkk
      E este lance é engraçado mesmo... Acontece mais do que a gente imagina. Bjus linda!
      Lia Christo
      www.docesletras.com.br

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