Sexta Envenenada: Íntimo e Perigoso


“A confiança pode ser uma arma,
um beijo pode ser uma ameaça,
e a intimidade pode ser fatal.”
Íntimo e Perigioso




“Um misterioso acidente de avião... uma perigosa busca pelas matas de Idaho... uma atração reprimida... e um jogo mortal de gato e rato...”





Olá Envenenados!

Que delícia retornar nesta Sexta Envenenada; dia tão mágico.
Hoje, pelo menos para mim, ela é ainda mais especial, pois volto a falar sobre personagens de uma de minhas autoras preferidas: Linda Howard.
Linda é daquelas autoras que pode escrever sobre todos os assuntos e nos envolver do mesmo jeito.
Linda Howard
E para, minha felicidade, seus textos são sempre narrados na terceira pessoa, permitindo que o narrador navegue de um personagem a outro, dando-nos a ideia de como todos se sentem, como pensam, como reagem. Além disso, ela valoriza a história: ela envolve a todos na trama, ao mesmo tempo em que cada um tem seu próprio universo. A história não fica focada apenas nas necessidades de romance de cada personagem. Não vemos em seus livros aquelas cenas de sexo a todo momento, sabem? Seus livros não têm cenas em que seus personagens estão eternamente tendo ondas de calor, os caras não são deuses do sexo que ficam rijos a “torto e a direito”, as mocinhas não necessitam de atenção nos países baixos a cada dois parágrafos. Enfim, seus personagens são possíveis, tanto quanto os de Nora Roberts e até mesmo J.R. Ward, com seus vampiros e anjos “tudebão” – que conseguem ser mais reais que muitos bilionários, poderosos, donos de quarteirões inteiros que parecem ser acionistas majoritários do Viagra.
Infelizmente ou felizmente, não sei, sexo vende – e muito. Não sou puritana, muito pelo contrário, gosto de uma patifaria, mas estou cheia de livros que só parecem mudar de nome, capa e personagens, mas na essência são a mesma coisa.
Mas eu, como disse, não sou a pessoa mais romântica do mundo, então sou suspeita para criticar, né?
Linda escreve romances, e muito bem, obrigada – seus homens são poderosos sim, à sua maneira. São cruéis ou bons, são intensos, são deliciosamente gostosos, sejam eles lindos ou não, mas são homens tão próximos à realidade que dá gosto de ler. Suas mulheres têm problemas, ficam duras, passam por seus perrengues, mas são honradas. E quando seus pares se encontram é mágico, é quente, as cenas eróticas são inenarráveis. Mas a história está lá, para ser vivida por eles e devorada por nós.
Por essas e outras razões, hoje trago Íntimo e Perigoso (Up Close and Dangerous), último livro da autora (de livraria) editado pela Bertrand em 2010. Linda Howard tem muitos outros títulos, alguns publicados aqui no Brasil estão nas edições de banca, que também são romances muito bons.
Quanto a Íntimo e Perigoso, seus personagens principais são Cameron Justice e Bailey Wingate, que serão nossos especiais envenenados de hoje.
Cameron Justine é sócio em uma pequena empresa de táxis-aéreos, o negócio que parecia perfeito para ele e seu amigo Bret Larsen – ambos se conheceram ainda no tempo em que serviram na aeronáutica.
Sua empresa possui alguns bons clientes, mas o principal deles é Grupo Wingate para quem realiza 60 por cento dos voos, sendo em sua maioria para levar e trazer os altos executivos da empresa. Cam preferia sempre ser o responsável por essas viagens, enquanto que Bret se encarregava dos voos da família Wingate.
Porém, um imprevisto faz com que ele tenha que conduzir a viúva Wingate para Denver, no que seria uma viagem de férias.
Acontece que ele não tem boas relações com a viúva: “nas poucas vezes que Cam tivera o azar de estar perto dela, ela agira de maneira esnobe, como se ele fosse uma pedra em seu sapato. Ele já havida lidado com pessoas daquele tipo antes, no exército; ele não sabia lidar com aquela atitude na época e certamente continuava sem saber agora. Manteria a boca fechada, mas, se ela tentasse dizer qualquer coisa, ele faria com que sua viagem fosse a pior de sua vida; faria com que ela vomitasse antes de chegar a Denver.”
Bailey Wingate, em sua opinião era tão calorosa e gentil quanto uma pedra de gelo. E neste voo, ao sentar-se atrás dele e retirar um livro para esconder-se ainda mais, deixou bem claro que passaria as cinco horas de voo sem que trocassem muitas palavras. Tudo bem para Cam; ele também não queria conversar – não com ela.
Para Bailey Wingate também não seria uma viagem das mais agradáveis. Ao ver que não seria Bert Larsen, o piloto que costumava levá-la durante suas viagens, tentou não demonstrar sua apreensão. Ela sabia que o Capitão Justice era um homem sério e que tinha cara de poucos amigos. Na verdade, já estava cansada dos olhares de reprovação de todos, cheia de ser vista como a oportunista que se aproveitou de um homem doente.
Goran Jurenec e Cara Delevingne
Viúva há um ano, ela sabia muito bem o que a esperava quando seu marido Jim veio a falecer. Lidar com a fortuna não seria o mais complicado, afinal dinheiro não faz mal a ninguém, mas seus problemas maiores eram os enteados – mais velhos que ela – que não faziam nada para amenizar a situação.
E não seria o cara com nome de personagem de HQ, “Capitão Justice”, que a faria se atrasar para suas tão planejadas férias, curtindo rafting por duas semanas com seu irmão e cunhada. Ela poderia viajar de outra maneira, mas não queria perder tempo.
“Ele havia colocado suas três malas no compartimento de bagagem sem sequer gemer, mas, apesar de sua expressão estar séria, Bailey sabia o que ele estava pensando; que ela havia trazido o guarda-roupa inteiro. Se ele fosse um ser humano comum, teria, pelo menos, demonstrado certa incredulidade, ou perguntado se havia pedras dentro das malas; Bret teria resmungado e agido de modo a fazer parecer com que as malas pesavam mais do que de fato pesavam, fazendo piada da situação. Mas não o Senhor Cara de Pedra; ela nunca o vira nem mesmo sorrindo.
Quando a ajudou a entrar no avião, a firmeza de sua mão havia sido tão grande que ela quase hesitou. Ela percebeu que Bret não a ajudava; apesar de toda sua simpatia, ele tomava cuidado para não ultrapassar os limites pessoais, que haviam se expandido muito desde seu casamento com Jim. Ela simplesmente não confiava na maioria das pessoas, o que a deixava rígida e distante. O Capitão Justice não percebera os sinais de "não toque", ou simplesmente não se importava. Seu toque era forte, suas mãos mais duras e ásperas que as dos executivos e acionistas com os quais ela tratava habitualmente. O choque por ser tocada e o calor da mão dele, na verdade, fizeram seu coração acelerar.
Ela estava tão surpresa que mal percebeu quando ele pediu que ela se sentasse do outro lado. Assim que se acomodou no local designado, afundou o nariz no livro e fingira estar distraída, mas, por dentro, estava irritada consigo mesma.
...
O problema era que, fisicamente, ele era um homem atraente – não bonito, não um rapaz belo, pois seu rosto era sério demais para isso, mas definitivamente... atraente. [...]”

Mas Bailey tentou afastar estes pensamentos e concentrar-se na viagem, nas duas semanas de esquecimento que teria, mas as coisas de repente mudaram. Ruídos estranhos vinham do motor do avião e o Capitão Justice não mantinha mais a postura tão controlada quanto antes e ela percebeu que algo estava errado. À frente só viam montanhas cobertas de neve e a queda iminente da aeronave.
O inevitável acontece, embora Cam tenha feito tudo o que pôde. O avião cai.
Ao recobrar a consciência Bailey percebe que Cam obteve sucesso em sua tentativa de fazer com que a queda não fosse fatal, porém o piloto estava inconsciente e perdendo muito sangue, assim, cabia a ela tentar fazer algo que os tirasse daquela situação.
Mas ambos terão muitas coisas contra as quais lutar, como altitude e a temperatura.
Volto a dizer, que estes personagens são tão adoráveis que conseguem nos cativar em meio a todo esse desastre. Prova disso é o humor com que lidam com determinadas situações como, por exemplo, quando Bailey precisa entrar no avião novamente para pegar roupas que os mantivessem aquecidos.

“─ Precisamos nos aquecer. Preciso pegar mais roupas de minha mala – ela disse a ele. – Se, por algum motivo, eu não conseguir abrir a rede, você tem um canivete que eu possa usar?
Os olhos dele abriram um pouco e voltaram a se fechar.
─ Bolso esquerdo.
De joelhos, ela tirou o cobertor que havia acabado de prender sob o corpo dele e escorregou a mão direita dentro do bolso. O calor ali a surpreendeu, e estava tão bom que ela quase gemeu, mas seus dedos estavam tão congelados e adormecidos que não conseguia perceber se estava tocando o canivete ou não. Ela agarrou o que conseguiu.
─ Tome cuidado – ele gemeu. – O Velho Charlie está por aí, e está preso.
Bailey reclamou: ─ Então, mantenha-o fora do caminho, ou pode acabar sendo cortado. – Homens. Eles estavam ali, prestes a morrer de hipotermia e, no caso dele, de hemorragia, mas ele ainda se preocupava em proteger o pênis. – Velho Charlie é o seu nariz. – ela murmurou, tirando a mão do bolso dele para ver se havia pegado o canivete.
Ele esboçou um leve sorriso por um instante e logo voltou a ficar sério.”

Até mesmo Bailey foi surpreendida pela demonstração de humor de Cam, que estava muito debilitado e precisava ser chamado à realidade frequentemente e também se surpreendeu com os cuidados que ela estava tendo com ele: ela o tirou do avião, cuidou de seus ferimentos, o aqueceu e melhor: mesmo sem intenção, ela permitiu que pudesse sentir não um, mas seus dois seios na tentativa de aquecê-lo: isso demonstrava que mesmo congelando, mesmo numa situação de risco de morte, um homem era sempre um homem e seios eram seios, e ele gostava de seios. Safadinho, hein?
Enquanto eles lutam para sobreviver a tudo, Bert e Karen (sua secretária) tomam  conhecimento de que não pousaram em Salt Lake e não entraram em contato, mas não poderiam tomar providência alguma e deveriam seguir o protocolo.
Bert avisa ao enteado de Bailey, Seth, sobre o ocorrido e sua reação foi de alívio, assim como a de Tamzin ao receber o telefonema triunfante do irmão. Irritados com a decisão de seu pai de, em testamento, deixar Bailey responsável por sua herança e por sua pensão mensal, nasce a suspeita de que um dos dois ou ambos tenham tramado algo bizarro.
Com o avanço da história, vamos nos envolvendo com as personalidades de Cam e Bailey assim como eles, entre si, vão descobrindo muito a respeito um do outro e desmistificando impressões que tinham. E suas barreiras e restrições vão caindo à medida que vão cuidando um do outro.
Em sua luta por sobreviver encontram muito mais que apenas meios para amenizar a situação na qual se encontram.
Assim, que se sente melhor, Cam sai do abrigo improvisado por Bailey e começa a observar o local onde caíram, em determinado ponto ele faz uma descoberta que lhe traz uma ira não conhecida: não fora falha mecânica o que provocou o acidente, não foi um “acidente”.
Galera, mesmo sendo suspeita para falar de qualquer trabalho da Linda Howard, não posso deixar de dizer que Íntimo e Perigoso é um romance maravilhoso, com muito de tudo e por mais que seu desfecho pareça previsível, emoções muito fortes e imprevisíveis permeiam essa obra. Recomendo, hoje, amanhã e sempre: tenham uma dose de Linda Howard, faz bem para os neurônios e hormônios: texto inteligente, envolvente, cheio de suspense e com uma dose certa de erotismo e sensualidade.
Adoraria que mais livros dela fossem publicados, não apenas os de banca. Alguém se habilita, por favor, a publicar os livros de dona Linda Howard?!?!
Gente, como eu disse, esse foi o último dos livros de livraria que foi publicado em nossa língua. Mas prometo não parar por aqui, quanto a essa grande autora, trarei os demais, assim que puder.
Até lá, fico por aqui, desejando uma Sexta maravilhosa, que o mês de fevereiro seja melhor que janeiro e que nossos vizinhos de Santa Maria encontrem paz nesta hora tão difícil.

Fiquem bem e Carpe Diem!
Tania Lima

2 comentários

  1. Ai querida... O pior é que eu também sou suspeita pra falar desse livro! Acho que você sabe da história que eu tenho com ele né? Estava andando pela feirinha itinerante, que na época estava na Carioca, e vi em um dos stands um livro da Linda Howard por R$10!!!! Na mesma hora eu lembrei de você, dizendo que ela era uma autora sensacional, e nem li a sinopse direito mas já fui comprando o livro.

    Na hora, eu nem me liguei se o livro poderia ser bom o ruim de acordo com a sinopse, porque na minha cabeça só se passava que tudo o que a Linda escreve é maravilhoso! E isso é tudo por sua culpa! hahahaha

    Assim que eu cheguei em casa não resisti: comecei a ler "Intimo e Perigoso" vorazmente. Acho que terminei de ler no mesmo dia! E fiquei com uma pena de terminar, porque ele é muito bom! Me apaixonei pelos personagens (principalmente pelo Cam, é lóóóógico) e por como a história deles acontece. Porque né, o romance deles é praticamente um milagre no meio de tantos problemas e perigos pelos quais eles passam.

    E a primeira cena hot deles é totalmente de tirar o fôlego... Linda sabe como afetar uma pessoa!!!

    Bom, eu poderia ficar aqui elogiando seu post (que como sempre, está maravilhoso) e este livro o dia inteiro, mas preciso muito estudar hahahah

    Beeijos amada!

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    Respostas
    1. Oi, Ingryd!
      Caraca, não tem mesmo como contestar a escrita dessa autora e, como eu disse, é uma pena que não esteja publicando mais e mais textos dela, parece que livros bens escritos não fazem moda, mas como eu não ando na moda foi caçando o que puder dela.
      Fico feliz que tenha gostado do livro!
      Te adoro!
      Bons estudos, minha linda!
      Beijos
      Tania

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