Olá
amantes literários envenenadíssimos!
Hoje
quero apresentar-lhes o detetive Thompson Cahill, de Matar por Prazer (Dying to
Please), de Linda Howard, editado aqui pela Bertrand.
Depois
do festival Norinha, trago outro romance, quente, regado a muito suspense.
Absinto
de hoje: Thompson Cahill (Marco Dapper)
Cahill,
ou “Doutor”, como alguns o chamam, é um homem que perdeu um pouco de sua fé nas
mulheres, desde que sua ex-esposa, Shannon, o traiu e quis escalpelá-lo durante
o processo de separação.
Com
um humor meio ácido ele se vê envolvido em um caso extremamente complicado: de
repente, pessoas da alta sociedade de sua cidade começaram a ser assassinadas,
sem a menor explicação, pois suas casas não foram arrombadas, não havia sinal
de violência, nem de roubo de qualquer artigo de valor.
O
que deixa a situação ainda mais complicada, é que em todas as residências a
responsável, a mordoma, era a mesma pessoa. Ruim??? Fica ainda pior quando o
nosso herói se apaixona pela moça.
“Já passava
das duas da madrugada quando recebeu a chamada pelo rádio a respeito do
ocorrido na Briarwood. Thompson Cahill estava indo para casa, mas a emergência
pareceu muito mais interessante do que qualquer outra coisa, por isso ele fez o
retorno com sua picape e seguiu na direção da Rodovia 280. Os oficiais não
tinham chamado um investigador, mas e daí? O caso parecia um tanto divertido e
ele precisava de um pouco de descontração em sua vida.
Saiu da 280 e
entrou na Cherokee Road; naquele horário não havia trânsito e ele pôde
percorrer as ruas silenciosas sem problemas, chegaria em poucos minutos à
Brarwood. Não foi difícil encontrar o endereço: era a casa diante da qual todos
os veículos estavam parados, com os faróis acesos. Era por isso que ele era
investigador, conseguia descobrir coisas desse tipo.
Prendeu o
distintivo no cinto e pegou o blazer pendurado nas costas do banco, vestindo-o
sobre a camiseta preta desbotada. Havia uma gravata no bolso do blazer; ele a
deixou ali, já que não tinha uma camisa para usar por cima da camiseta. Teria
de se contentar com o look Miami Vice dessa vez. [...]
Cahill
é desse tipo de pessoa que faz do trabalho um meio para não se perder em
suas lembranças, mas onde acaba encontrando também uma forma de se divertir.
“O supervisor
do turno, George Planty, o cumprimentou. – O que faz por aqui, doutor?
– Bom dia
para você também. Estava voltando para casa e ouvi a chamada. Pereceu
divertido, por isso aqui estou. O que houve?
George
disfarçou um sorriso. O público em geral, não fazia ideia de como o trabalho da
polícia era divertido. Algumas partes eram sem graça e perigosas, mas a
maioria, simplesmente um barato. As pessoas eram muito engraçadas.
– Os dois
caras foram espertos, cortaram a eletricidade, as linhas de telefone e
desarmaram o alarme. Parece que eles acreditavam que apenas um senhor vivia
aqui, por isso acharam que ele sequer acordaria. Acontece que ele tem uma
mordoma. Os espertinhos se ocuparam carregando uma televisão enorme e ela fez
com que um deles perdesse o equilíbrio. Ele caiu, o televisor desabou sobre ele
e, para terminar o serviço, ela pegou o outro desprevenido enquanto ele estava
caindo também e o deixou inconsciente com um golpe. Depois, ela o amarrou com o
fio do telefone. – George riu. – Ele já voltou a si, mas não está muito lúcido.
– ela? –
Cahill perguntou, sem saber ao certo se George usara o pronome correto.
– Ela.
– Uma
mordoma?
– É o que
estão dizendo.
Cahill
debochou: – Ah, claro. – O velhote podia ter uma mulher vivendo com ele, mas
ele duvidava que fosse sua mordoma.
– É a
história deles e insistem nela. – George olhou ao redor. – Já que está aqui,
por que não ajuda o pessoal com os depoimentos, para terminarmos logo com isso?
– Pode
deixar.
[...]
Ainda
incrédulo sobre a relação da tal mulher com o velhote ele caminha pela mansão,
em busca de depoimentos.
“À direita
havia uma escada e, no quarto degrau, de baixo para cima, estava, uma mulher
vestindo um pijama azul-claro de algodão, falando ao telefone celular. Os pés
estavam descalços e juntos, perfeitamente alinhados; os vastos cabelos escuros
estavam bagunçados, como se tivesse acabado de acordar. Bem, provavelmente era
o que tinha acontecido. Em mais um exemplo de astúcia de detetive, ele deduziu
que se tratava da pessoa que morava com o senhor; caso contrário, por que
estaria de pijama? Puxa, ele estava impossível aquela noite.
Mesmo de
pijama, sem maquiagem, com o cabelo despenteado, ela era uma mulher bonita.
Não, era mais que isso. Era muito bela – pelo que conseguia ver, talvez
merecesse uma nota oito, mesmo sem maquiagem. O dinheiro não comprava
felicidade, mas com ele os velhotes podiam comprar @#$% de primeira, isso se
conseguissem fazer algo além de lembrar os velhos tempos.
A raiva tão
conhecida mais uma vez incomodou Cahill; vivia, dormia e comia com aquela raiva
há mais de dois anos, e sabia muito bem que não estava sendo justo com aquela
mulher. Descobrir que a esposa era uma vaca mentirosa e infiel e ser arrastado
por um longo e sofrido divórcio era o suficiente para amargurar qualquer homem.
Deixou sua raiva de lado para se concentrar no trabalho. Era a única coisa que
conseguia fazer: trabalhar. [...]
Sarah
descreveu a sequência de eventos com o máximo de detalhes, apesar de sentir-se
um pouco incomodada por vestir apenas um fino pijama e estar descalça. Desejou
ter vestido um robe e calçado seus chinelos, ou passado a escova nos cabelos.
Ou talvez ter feito uma maquiagem completa, vestindo um baby-doll, passado
perfume e pendurado uma placa de ‘Estou Disponível’ em seu pescoço. Então
poderia levar o detetive Cahill para o quarto e sentá-lo ao lado de sua cama
enquanto contava o que sabia.
Divertiu-se
com a bobagem que pensara, mas seu coração disparara ao vê-lo e ainda estava
acelerado. Sentiu uma química, uma atração física instantânea. Acontecia às
vezes – uma sensação repentina que a fazia se lembrar que o mundo continuava
existindo -, mas há bastante tempo não sentia tão forte. Sarah gostava da
emoção, era como andar de montanha-russa sem precisar sair do chão.
Ela olhou
para a mão esquerda dele. Não viu aliança, mas isso não queria dizer que ele
estava solteiro ou livre. Homens com a aparência dele raramente eram
completamente livres. Não era bonito; seus traços eram meio rudes, a barba
estava por fazer há mais de dois dias e o cabelo era curto demais. Mas era o
tipo de homem que parecia mais másculo que qualquer outro, como se transpirasse
testosterona, e as mulheres certamente percebiam isso. Além disso, tinha o
corpo forte; o blazer que vestia sobre sua camiseta disfarçava seu físico, mas
ela crescera entre homens que faziam questão de estar em boas condições
físicas. Infelizmente, não parecia ser muito sorridente. Sarah gostara de seu
corpo, mas, pelo que podia ver, ele tinha uma péssima personalidade.”
Essas
impressões é que nos afastam de boas oportunidades, principalmente se mantemos
um pé atrás em relação ao outro.
Mas no caso de Sarah e Cahill, o destino acaba
tomando as rédeas de suas vidas e inevitavelmente os põe muito próximos;
Matar
por Prazer é um suspense policial que vai muito além do romance. Aliás, romance
nesse texto é um tempero com muito poder quando aparece.
O
jogo de sedução, na verdade não existe. Pois ambos são muito diretos, francos e
intensos. A leitura desses dois personagens é muito fácil, acho que propositalmente,
até porque a trama que os envolve realmente é assustadora. Acho que por esse
motivo a autora tentou trazer leveza para a relação.
“[...]
Sua intuição
lhe dizia que ela estava sendo sincera. Mas como sua intuição também lhe dizia
que ele queria levá-la para a cama tinha de levar em consideração a atração
sexual, que já havia atrapalhado seu bom senso antes. Shannon, Sarah. Os dois
nomes começavam com S; isso não era um bom sinal.
Ele tentara
ignorar sua atração por Sarah, em vão. O rosto dela sempre surgia em seus
pensamentos de modo irritante, sempre que tentava relaxar. Ficava bem enquanto
trabalhava, mas ao sentar-se à noite para assistir ao telejornal ou ler o
jornal... Pronto! – lá estava ela de novo. Ele a via sentada na escada com seu
pijama fino de algodão ou no clube de tiro com sua pistola na mão, totalmente
concentrada no alvo, com a luz do sol deixando algumas mechas de seu cabelo
vermelhas e douradas. Um homem podia ter certeza de estar perdido quando
começava a reparar no brilho do cabelo de uma mulher. Peitos, tudo bem, tinha
de reparar nos peitos. Mas no brilho do cabelo?
Quando
levantava pesos em seu porão, pensava em levantar e abaixar Sarah, sobre ele, e
ficava excitado. Ou, quando fazia flexões de braço, pensava em Sarah sob ele,
obtendo o mesmo resultado.”
Os
momentos em que Cahill resolve investir são hilários, acabamos rindo com Sarah
e desejando alguém assim para nós.
“[...]
– Preste
atenção. Se alguma coisa estranha acontecer, se achar que está sendo seguida,
se receber outro presente ou um trote, me avise. Imediatamente. Não importa a
hora.
– Não acho
que você ficaria muito feliz se eu telefonasse às três da madrugada para lhe
dizer que algum bêbado discou o número errado.
– Eu disse
para me chamar e estou falando sério. Talvez você só tenha que se virar para o
lado e me cutucar.
Ela coçou a
testa. Velocidade da luz? Muito mais que isso. O maior problema é que ela
gostava de tudo aquilo. Por mais rápido que ele agisse, os hormônios dela
acompanhavam. Para sua sanidade mental, precisava que ele a visse como
suspeita, para conseguir manter-se afastada. Caso contrário... não queria
pensar no que aconteceria.
[...]
Ele passou a
mão diante do rosto dela.
– Você está
aí?
Sarah afastou
a mão dele. – Estou pensando.
– Que alívio!
Pensei que a ideia de dormir comigo a deixasse em um estado catatônico.
Ela ficou
surpresa ao rir.
– Isso sempre
acontece, não é?
– Não tinha
pensado nisso, mas, pensando bem, deve ter acontecido uma ou duas vezes... –
Ele sorriu, deu de ombros e Sarah voltou a sorrir.
– Deve ser
seu enorme charme.
– Pensei que
fosse meu enorme ego.
...
– Cahill...
– Meu nome é
Thompson. Algumas pessoas me chamam de Tom, e outras de doutor. Você pode me
chamar de ‘meu amor’.
Ela não se
conteve outra vez e riu.
– Você é
sempre tão confiante?
[...]
Ambos
começam a ser ver com mais frequência, divertem-se, identificam-se, mesmo que
em meio ao caos que se instalou na vida de Sarah. Cahill passa a entretê-la,
seduzindo-a e tirando-a da tensão do assassinato de seu patrão.
Saem
juntos algumas vezes, até que ele resolve levá-la para sua casa. E, pessoal, eu
nunca pensei que uma luta Greco-romana pudesse se transformar numa das
preliminares sexuais mais excitantes que eu já li!
“Ele era
grande, bem mais alto que ela. Seu calor a envolveu. Ele devia ser pesado e
provavelmente dominador, mas ela também conseguia imaginá-lo deitado sob ela,
deixando-a ditar o ritmo...
– Fique – ele
repetiu como se ela tivesse recusado.
Ela tentou
manter o controle.
– Não seria
uma boa ideia.
– Não importa
– ele disse e seu hálito quente nos pêlos de seu pescoço voltou a arrepiá-la.
Sua voz baixa era um feitiço, aumentando a intimidade entre eles. – Pode ser
uma ótima ideia. – Ele passou a mão em seu pescoço, no lugar que seu hálito
aquecera. – Se quiser devagar, irei devagar. Se quiser forte e rápido, é o que
vai ter. – Sua boca tomou o lugar antes ocupado por seus dedos, a língua
percorria o pescoço dela devagar e ela tremeu repentinamente.
– Como vai
ser? – ele murmurou. – Devagar... ou rápido? Devagar... – Ele passou a língua
pela curva entre seu pescoço e ombro e mordiscou-a com delicadeza. Foi como um
choque; ela arrepiou-se, gemendo, enquanto sua cabeça pendia para trás, para
apoiar-se no ombro dele, como uma flor pesada demais para seu caule. – ... Ou
rápido?
Cahill
segurou os seios dela, passando os polegares em seus mamilos. Sua ereção podia
ser sentida dentro de sua calça jeans, pressionando as nádegas dela. Sarah
estava a ponto de desabar e conseguia escutar a própria respiração, rápida e
curta, quase ofegante.
...
– Eu tenho
uma regra – ela disse.
Ele pareceu
cauteloso.
– Vou gostar?
Ela deu de
ombros.
–
Provavelmente não.
Cahill passou
a mão sobre o queixo e a barba de um dia raspou na palma da sua mão.
– Diga mesmo
assim.
Ela sorriu,
confiante.
– Cahill...
– Não durmo
com ninguém que consiga derrotar em uma luta.
A cautela
transformou-se em incredulidade. Ele olhou para ela e perguntou:
– Como assim?
Quer lutar?
...
Ele olhou-a
por um momento, depois tomou uma decisão, mais sério.
– Certo. Vai
ser assim: luta com striptease.
Luta com
striptease? Ele era diabólico, Sarah pensou.
[...]
Diabólico
e delicioso.
A luta foi algo de outro mundo, o sexo transcendental, com direito
a algemas e tudo mais... loucura, loucura.
Mas
a história não fica por aqui, claro. Como na maioria das histórias de Howard, o
sexo é um apêndice, algo usado para vincular os personagens envolvidos, mas não
o tema principal, embora muito marcante. Cahill e Sarah ainda enfrentarão
muitas situações antes de definir a deles.
É
isso aí, pessoal, vamos ficando por aqui, com esse tesão de livro, neste
ambiente delicioso que é este blog.
Até a próxima!
Beijos e
Carpe Diem!
Tania Lima
não conhecia esse livro , quem sabe mais pra frente eu leia , não agora , já tenho muitos livros HOTs na mente rs e poxa , porque só colocar a foto do detetive ? kkkk
ResponderExcluirPode deixar, Marcelo Lima (algum parentesco???), da próxima vez porei imagens das mocinhas, Ok?
ExcluirMas leia sim, se tiver oportunidade, a história é ótima!
Bjs
Tania Lima
Oi, amada! Nem preciso dizer que vou correndo tentar achar esse livro. Adorei o Thompson...rsrs
ResponderExcluirBeijos!
Adorei o post. Delicioso como sempre. E claro que fiquei muito a fim de conferir o livro!!!
ResponderExcluirAfinal, quem de nós não ficaria muito animada de conhecer um detetive assim??? kkk
Bjus
Lia Christo
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