Oi, pessoas
lindas e especiais!
Este mês é muito especial, primeiro
porque tem feriado – quando, quando, quando?? – na SEXTA (12/10), é dia da
Padroeira do Brasil, salve-salve, que bênçãos caiam sobre nós, tem o Dia das
Crianças... já ia me esquecendo, tem eleições municipais e, muito importante
sobretudo para nós, amantes literários, é o mês em que Nora Roberts completa primaveras, em plena primavera!
Nora
Roberts, Eleonor Marie Robertson, nasceu em 10 de outubro de 1950 em
Silver Spring no estado de Maryland nos EUA.
Iniciou
sua trajetória brilhante na
década de 1970, quando ficou presa com seus filhos em uma nevasca (bendita
nevasca). Ela disse que com o estoque de chocolate acabando e metros de neve,
não tinha mais nada para fazer e começou a escrever seus manuscritos, que
posteriormente levou a Harlequin, onde foram rejeitados inúmeras vezes…
Escreve sob pseudônimos como Sarah Hardesty, Jill March e J.D. Robb (que vêm das iniciais de seus filhos e
seu sobrenome).
É uma autora de best-sellers românticos
e foi a primeira mulher a figurar na Galeria da Fama dos Escritores Românticos
dos Estados Unidos (Romance Writers of America Hall of Fame).
Com textos
ricos em detalhes, tanto para seus personagens como para as tramas, já publicou
mais de 160 romances, a maior parte no gênero suspense romântico, traduzidos
para 25 idiomas e editados em mais de 35 países.
É recordista
em vendas e algumas de suas obras já foram adaptadas para o cinema e outras
para seriados de TV.
Assim,
resolvemos prestar uma homenagem a essa grande escritora, que influenciou
tantas outras e nos brinda com títulos maravilhosos.
Na verdade,
Nora faz aniversário e nós é que recebemos os presentes a cada edição.
Por isso, o absinto de outubro, não
apenas desta Sexta, não será um de seus personagens, mas sim Nora Roberts.
Dando início a esta homenagem, vamos
falar de uma de suas trilogias e escolhemos a Trilogia da Magia, porque a maga na verdade é ela mesma, que nos
enfeitiçou com suas criações.
O primeiro livro da série é Dançando
no Ar.
“Aldeia de Salem, Massachusetts, Estados Unidos
22 de junho de 1692
Não haveria celebrações, nem rituais de ação de graças pela luz e pelo calor reconfortante do Sabá de Litha. Esse alto verão era uma época de ignorância e morte.
As três mulheres que se encontraram ali estavam cobertas de medo.
— Trouxemos tudo de que precisamos? — A que era conhecida ali no grupo pelo nome de Ar apertou um pouco mais o capuz, para que nem uma pequena mecha de seu cabelo louro pudesse ser vista na luz difusa do dia que morria.
— O que temos aqui vai servir. — A que tinha o nome de Terra colocou no chão o embrulho que trouxera consigo. A parte dela que queria chorar e se enfurecer pelo que havia sido feito, e pelo que ainda estava por vir, encontrava-se enterrada bem no fundo de sua alma. Com a cabeça curvada, deixou seu grosso cabelo castanho cair para a frente, solto.
— Não há outra saída para nós? — Ar colocou a mão sobre o ombro de Terra, e ambas olharam para a terceira mulher.
Ela estava de pé, magra e ereta. Havia sofrimento em seus olhos, mas por trás deles morava uma firme determinação. Ela, que se chamava Fogo, jogou seu capuz para trás, em uma atitude de desafio. Ondas de cachos vermelhos se derramaram sobre os ombros.
— É por sermos assim que não há outra saída para nós — respondeu. — Eles vão nos caçar como ladras e bandoleiras, vão nos assassinar, como já fizeram com uma pobre inocente.
— Bridget Bishop não era uma bruxa! — disse Terra com um tom amargo, enquanto se colocava de pé.
— Não, e ela afirmou isso diante do tribunal que a julgou e condenou. Jurou diante de cada um deles. Mesmo assim, eles a enforcaram. Foi morta por causa das mentiras de algumas meninas e dos delírios daqueles fanáticos que sentem o cheiro de enxofre em cada partícula do ar que respiram.
— Mas já houve apelações!... — Ar uniu os dedos como uma mulher que se prepara para rezar. Ou implorar. — Nem todos apóiam o tribunal, ou essa terrível perseguição.
— Muito poucos — murmurou Terra. — E já é tarde demais!
— E não vai acabar apenas com uma morte. Eu já vi o futuro. — Fogo fechou os olhos e tornou a visualizar os horrores que as aguardavam, — Nossa proteção não vai durar até o final da caçada. Eles nos encontrarão... E nos destruirão.
— Mas nós não fizemos nada! —Ar deixou as mãos caírem para os lados do corpo. — Não fizemos mal a ninguém!
— E que mal Bridget Bishop fez a alguém? — argumentou Fogo. — Que mal fizeram todas as outras acusadas que estão à espera do julgamento? Que mal fizeram ao povo da Aldeia de Salem? Sarah Osborne morreu em uma prisão de Boston. Por qual crime? — Seu gênio forte transparecia pelo jeito de falar, quente e aguçado, e era rejeitado na mesma hora. Até mesmo naquele momento, ela se recusava a deixar seu Poder ser manchado pela raiva e pelo ódio. — O sangue delas está nas mãos desses Puritanos. Estes... Pioneiros. Fanáticos, é isso que são, e vão trazer uma onda gigantesca de morte antes que a sanidade e a razão consigam retornar.
— Se ao menos pudéssemos ajudar...
— Não podemos impedir isso, irmã.
— Não, não podemos! — concordou Fogo, assentindo com a cabeça para Terra. — Tudo que podemos fazer é tentar sobreviver. Sendo assim, temos que abandonar este lugar, o lar que construímos aqui, as vidas que poderíamos ter levado aqui. Largar tudo e começar de novo.
com carinho, encaixou o rosto de Ar em suas mãos abertas e completou o que dizia.
— Não lamente nem sinta pesar pelo que jamais poderá acontecer... Em vez disso, celebre aquilo que virá. Nós somos as ”Três Irmãs” e jamais seremos derrotadas neste lugar.
— Mas estaremos sozinhas.
— Estaremos juntas!
E, sob aqueles últimos raios do dia, formaram um círculo. Um... Dois... Três. Labaredas surgiram da terra e formaram um anel de proteção em volta delas. O vento fez aumentar as chamas e as levou até bem alto.
Dentro do círculo mágico de fogo, elas formaram outro, unindo firmemente as mãos.
‘Aceitando agora o que
estava por vir, Ar levantou o rosto para o céu e recitou:
Como a noite
toma o dia, esta luz oferecemos
A Verdade
aqui e agora será feita, e nisto cremos
Tão fiéis e
assim seguindo no caminho do que é certo
Neste círculo
de três, sou o ”um” no céu aberto.’
Terra, com ar desafiador, levantou a voz:
‘Esta hora é
nossa última a pisar sobre este solo
Com a Força e
sem lamentos, nos lançamos em teu colo
Passado,
Futuro, e, agora, não serei mais encontrada
Neste círculo
de três, sou o ”dois” nesta jornada.’
Fogo levantou as mãos unidas bem no alto e gritou:
Entregamos nossa Arte e a ninguém fazemos mal Longe da morte e do medo nessa viagem astral A caçada começou, e vamos embora de vez O Poder viverá livre, no círculo em que sou o ”três”.
O vento se contraiu e expandiu. A terra tremeu, e as chamas do fogo mágico se elevaram para o céu através da noite. As três vozes se elevaram em uníssono:
‘Longe do ódio
infame, que esta terra se desprenda
E se levante
no ar, levando-nos desta contenda
Entalhe a
rocha, as árvores, a terra e o rio
E afaste o
medo, a morte, o escárnio, o desvario
Nos carregue
pelo ar em um raio de luar
Por sobre os
rochedos e, mais adiante, sobre o mar
Separadas do
continente nesta noite de verão
Carregadas
pelas nuvens e criando um novo chão
No meio do
mar cresça o grão, longe da peleja
Que uma ilha
ali se forme... E que tudo assim seja!’
E ouviu-se um ribombar na floresta, uma torrente em redemoinho de vento, um selvagem corcovear de fogo. Enquanto aqueles que perseguiam o que jamais conseguiram compreender dormiam calmamente em suas camas, uma ilha imensa se recortou do solo e se ergueu em direção ao céu, girando loucamente em direção ao mar.
Acomodou-se longe da costa, serena, sobre ondas calmas. E teve ali seu primeiro sopro de vida naquela noite mais curta do ano.”
Assim,
tem início o livro que conta a história de Nell Channing, que chega à Ilha das
Três Irmãs, acreditando finalmente ter encontrado um lugar onde poder refazer
sua vida.
Nell
está numa jornada durante oito meses, fugindo da violência enlouquecida de seu marido.
Nesta
busca pela segurança e paz ela consegue emprego na lanchonete da livraria local
e inicia um flerte com o xerife da ilha, Zack Todd.
Zack
Todd (Taylor Kinney)
“Foi essa a
primeira impressão que Zack teve dela. Uma linda loura que usava um avental
branco, um sorriso com um quilômetro de largura e covinhas. A imagem lhe
proporcionou um arrepio rápido e agradável, e seu próprio sorriso cintilou em
resposta.
— Já tinha
ouvido falar dos bolinhos, mas ninguém havia me falado do sorriso.
— É que o
sorriso é grátis. Pelos bolinhos, você vai ter que pagar.
— Vou levar
um. De amora. E um café bem forte para viagem. Meu nome é Zack. Zack Todd.
— Eu me chamo
Nell. — E despejou o café em um dos copos para viagem. Ela não precisava olhar
para ele com o rabo do olho. A experiência lhe ensinara olhar para um rosto uma
única vez, mesmo de relance, e se lembrar de todos os detalhes. O rosto dele
ainda estava gravado em sua mente enquanto enchia o copo.
Bronzeado,
com linhas suaves que saíam, divergentes, das pontas de argutos olhos verdes.
Uma mandíbula firme com uma intrigante cicatriz em diagonal. Cabelos castanhos,
um pouco compridos, ligeiramente encaracolados e já ligeiramente queimados nas
pontas pelo sol de verão. Um rosto estreito com um nariz longo e reto, uma boca
que sorria com facilidade e exibia um incisivo ligeiramente torto.
Pareceu-lhe
um rosto honesto. Sereno, amigável. Ela colocou o café sobre o balcão, lançando
outro rápido olhar enquanto puxava um dos bolinhos de cima da pilha na bandeja.
Ele tinha
ombros largos e braços fortes. A camisa estava com as mangas arregaçadas e
também ligeiramente desbotada, talvez pelo sol ou pela água. A mão que segurou
o café era grande e larga. Nell tinha a tendência de confiar em homens de mãos
grandes. As mãos delgadas, macias, bem tratadas por manicures, essas eram
capazes de golpear de forma letal.
— Vai levar
um bolinho só? — perguntou, enquanto colocava o pedido em um saco.
— Um só vai
me satisfazer, por agora. Ouvi dizer que você acabou de chegar à ilha, ontem de
manhã.[...]”
Nell
estava para descobrir muito mais coisas, além de que sua capacidade de se
interessar por outro homem não fora abalada. E, nesse percurso manter uma parte
sua que jamais poderá ser revelada, pois para se manter segura alguns segredos
devem ficar no passado e este mantido à distância.
“Acabando de
beber a água, Nell saiu da cozinha e entrou na loja exatamente no momento em
que Mia se virava para trás. O relógio na praça começou a bater as doze
badaladas do meio-dia, com tons lentos, pesados e poderosos.
O chão sob os
pés de Nell começou a tremer, e as luzes da loja ficaram de repente mais fortes
e brilhantes. A música encheu completamente a sua cabeça, como se as cordas de
mil harpas estivessem tocando em uníssono. Sentiu então o vento. Podia jurar
que sentira um vento quente soprar sobre o seu rosto e levantar-lhe os cabelos.
Sentiu por fim um forte cheiro de cera de vela e de terra fresca e molhada.
O mundo
estremeceu e girou, para logo em seguida posicionar-se no lugar certo de volta,
como se jamais tivesse se movido. Balançando a cabeça para clarear as idéias, Nell
se viu fitando os olhos cinza-escuros de Mia, frente a frente.
— O que foi
isso, Mia? Um terremoto? — No mesmo instante em que dizia isso, Nell reparou
que ninguém mais na loja parecia preocupado. As pessoas estavam andando de um
lado para o outro normalmente, sentavam-se, conversavam, tomavam chá. — Eu
pensei... Eu senti...
— Sim, eu
sei. — Embora a voz de Mia fosse calma, havia um caráter incisivo que Nell até
então não conhecera. — Bem, isso explica tudo.
— Explica o
quê? — Abalada, Nell agarrou o pulso de Mia e sentiu uma força poderosa que lhe
subia pelo braço.
— Vamos
conversar sobre isso, mais tarde. É que a barca de meio-dia acabou de atracar.
— Ripley estava de volta, pensou consigo mesma. Elas, as três, estavam todas
juntas na ilha, agora. — Vamos ter muito trabalho pela frente. Vá servir a
sopa, Nell — completou gentilmente, e saiu.
Mia não se
deixava pegar de surpresa com facilidade, e não se preocupava o tempo todo com
essas coisas. A força do que sentira e experimentara com Nell, porém, tinha
sido mais intensa e mais profunda do que esperara, e isso a deixou um pouco
perturbada. Ela deveria estar preparada. Ela, mais do que qualquer outra
pessoa, sabia, acreditava e compreendia a reviravolta que o destino tinha dado,
há tantos anos... E a nova reviravolta que poderia dar agora.”
Quando
tudo parece estar funcionando, uma nova tormenta se aproxima e ela vai precisar
mais que nunca de suas “novas” e amadas amigas Mia e Ripley, pois também
descobre que a tão pacata e adorada ilha que escolheu para ser seu lar está sob
uma terrível maldição, que só poderá ser quebrada pelas descendentes das Três
Irmãs.
Muita
beleza, magia, encontros e reencontros é o que está nesse caldeirão encantado
que nossa Maga mestra Nora Roberts
preparou para esta trilogia que é um encanto.
Fico
por aqui, desejando a todos uma Sexta Encantadoramente Envenenada, e que Nora
Roberts continue nos presenteando com seu talento por muitos e muitos anos.
Beijos e Carpe Diem!
Tania Lima
Oi, amada!! Lembro que nunca tinha lido a Nora , quando numa certa viagem ao Rio o meu interesse foi despertado depois de vários comentários que me deixaram muito curiosa.Realmente, ela é uma escritora maravilhosa, com uma imaginação incrível, que encanta com seus romances. Os poucos livros dela (levando em conta os mais de 160 escritos) que li me surpreenderam exatamente pela riqueza de detalhes, que nos leva e nos prende num folego até conseguir chegar ao fim da história.Tanto as personagens femininas (geralmente fortes)quanto as masculinas são bem estruturadas e praticamente materializam-se na nossa frente a cada página.
ResponderExcluirAdorei o post sobre essa grande escritora e a descrição da trilogia da Magia. Mais uma obra a ser descoberta. Só li a Trilogia do Círculo(divina!!!) e não vejo a hora de ler as outras tantas que ela escreveu.
Muito obrigada pela dica.
Beijos, querida!
(PS: senti a tua falta na semana passada, quando não vi a tua coluna)
Rosane, minha amada! Que bom que gostaste. Nora realmente fascina, adoro gente criativa e inteligente.
ResponderExcluirAcredito que pessoas assim (e você é uma delas) não vivem na mesma dimensão que os mortais comuns. Queria ter essa aptidão para criar outros mundos, outras histórias e pessoas tão incríveis.
Saudades de ti!
Idolatro a Nora Roberts! Uma das minhas autoras preferidas...
ResponderExcluirE adivinha qual é a minha trilogia preferida? Trilogia da Magia *-----*
Dançando no Ar foi o primeiro livro que li dela e essa trilogia é perfeita!!! Gostei tanto que reli essa trilogia toda.
Aí Zack... Tenho um precipício por esse homem...
Luiza Helena Vieira
Obsession Valley
Eu li o segundo da trilogia primeiro, Luiza, e me apaixonei, mas só consegui encontrar Dançando no Ar num sebo, pois não tinha em livraria alguma, e sabe como é quando piramos por um livro, principalmente quando tem sequência. Andei muito até encontrá-lo, já tinha violado a santidade de uma trilogia, lendo o livro 2 antes do 1 e já estava com o 3 em casa, olhando e me implorando para lê-lo. Enfim, adoro esses livros e amo Nora Roberts.
ExcluirObrigada, linda, por sua presença e comentário, é sempre bom saber o que pensam.
Bjs
Esta trilogia é ótima, melhor ainda são estes lindinhos das fotos.
ResponderExcluirBjs, Rose.
Concordo plenamente contigo, Rose!
ExcluirBj
Tania