Olá,
pessoal!
Estamos de volta, com mas uma Sexta,
esta ainda mais especial... é feriado, povo!!!!
FERIADÃO!
Dando continuidade a nossa homenagem a
aniversariante do mês, Nora Roberts, que completou aninhos anteontem (dia 10),
vamos falar hoje sobre os dois outros livros da Trilogia da Magia.
Eu, que não tenho nada de normal,
comecei a ler a trilogia pelo livro 2. Foi assim, estava fazendo compras em um
supermercado, durante um período de férias, e passando pelo corredor de livros,
claro, comecei a minha busca por títulos que me atraíssem. Deparei com essa
capa:
Ainda não tinha lido nada da Nora (não
me julguem, pois até então eu curtia apenas autores nacionais e sim, não tenho
vergonha de dizer que tinha preconceitos em relação a autoras estrangeiras...),
assim, assim como já estava fisgada pelos textos de Linda Howard e já tinha
lido a respeito dela comprei o exemplar, simplesmente pelo nome da autora, nem
me liguei no fato de ser o LIVRO 2 de uma trilogia.
Comecei a ler ainda no caminho de
casa, e entrei em um mundo fantástico que trazia a história da delegada de
polícia Ripley Todd, cujos desejos são bem simples: “uma vida calma, tranquila e pacífica” (sinônimos??).
Como delegada, sua vida já tem
agitação suficiente, principalmente em sua ilha, onde nasceu e cresceu e
conhece todos os moradores.
A Ilha das Três Irmãs é um local onde o máximo de
agito que se pode ter é o cão de seu vizinho remexendo em sua lata de lixo.
Assim, a delegada divide as tarefas com seu irmão, o xerife Zack Todd,
recém-casado com Nell Channing, sua Irmã recentemente reencontrada.
“Ilha das Três Irmãs
Setembro de 1699
Ela invocou a tempestade. As ondas de vento, os dardos dos
raios, a fúria do mar, que eram prisão e proteção. Invocou as forças que viviam
dentro dela, e também todas as que moravam do lado de fora. A luz e a
escuridão.
Magra e alta, com seu manto levantado para trás como asas, ficou
ali, sozinha na praia vergastada pelo vendaval. Sozinha, mas com sua fúria e
seu pesar. E o seu poder. Era o poder que a preenchia naquele momento, corria
por dentro dela em selvagens e poderosos golpes, como um amante enlouquecido.
E, afinal, talvez fosse exatamente isso.
Ela abandonara marido e filhos para ir para aquele lugar,
deixou-os sob o efeito de um encantamento de sono que os manteria salvos e sem
saber o que acontecera. Porque, depois de ter feito o que viera fazer, jamais
poderia retornar a eles. Nunca mais poderia segurar em suas mãos o rosto
daqueles a quem amava.
Seu marido iria sentir muito pesar e luto por ela, e seus filhos
iriam chorar. Mas ela não poderia voltar para eles. E não poderia, nem iria,
voltar atrás no caminho que escolhera.
O pagamento tinha que ser feito. E a justiça, por mais dura que
fosse, tinha que ser finalmente cumprida.
Ela ficou ali, com os braços estendidos abraçando a tempestade
que ela mesma criara. Seus cabelos voavam soltos e frenéticos, feixes escuros
que açoitavam a noite como se fossem chicotes.
— Você não deve fazer isso!
Uma mulher apareceu a seu lado, brilhando de modo tão ofuscante
na noite tempestuosa como o fogo que levava em seu nome. Seu rosto era pálido,
e seus olhos estavam escuros com o que poderia ser descrito como medo.
— Já começou.
— Então interrompa tudo. Pare agora, irmã, antes que seja tarde
demais. Você não tem o direito de fazer isso.
— Não tenho o direito?! — E aquela que se chamava Terra girou o
corpo em torvelinho, seus olhos brilhantes de coragem e ódio. — E quem teria
mais direito do que eu? Quando eles assassinaram as inocentes em Salem, perseguiram-nas,
caçaram-nas e enforcaram-nas, não fizemos nada para impedi-los.
— Quando você impede um temporal, provoca um dilúvio. Você sabe
disso! Nós criamos este lugar. — E aquela que se chamava Fogo abriu os braços,
como para abraçar toda a ilha que balançava no mar.
— E o criamos para nossa própria segurança e sobrevivência, para
defender a nossa Arte da Magia.
— Segurança? Você ainda consegue falar de segurança e
sobrevivência, agora que nossa irmã está morta?
— E eu sofro e sinto um imenso pesar por ela, tanto quanto você.
— Implorando, ela cruzou as mãos sobre o peito. — Meu coração
chora tanto quanto o seu. As filhas dela estão em nossa companhia, agora. Você
vai abandoná-la, e vai abandonar também as suas próprias filhas?
Havia uma loucura em Terra, estraçalhando seu coração como o
vento rasgava seus cabelos. Ainda que reconhecesse tudo isso, não conseguia
sobrepujar o ódio.
— Ele não vai ficar sem punição! — afirmou. — Não vai mais
continuar vivendo, já que ela morreu.
— Se fizer algo de mal a alguém, quebrará seus votos sagrados.
Terá corrompido seus poderes, e o que enviar para a noite voltará para você,
multiplicado por três.
— Sim, eu sei. A justiça tem seu preço.
— Mas não esse preço. Jamais um preço tão alto. Seu marido vai
perder a mulher, seus filhos vão perder a mãe. E eu vou perder outra irmã
adorada. Pior, muito pior do que tudo isso, você vai quebrar a lealdade a tudo
o que somos aqui. Ela não iria querer isso. Essa não teria sido a resposta
dela.
— Sim, ela preferiu morrer a se proteger. E morreu por causa do
que era, por causa do que somos. Nossa irmã renegou seu juramento pelo que
chamava de ”amor”. E foi isso o que a matou.
— Foi escolha dela! — Uma escolha que ainda amargava a garganta
de Fogo, mesmo depois de ter sido engolida. — Além do mais, ela não machucou
ninguém. Faça isso agora; use seus dons desse modo escuro e você vai estar se
arruinando. E essa maldição vai se estender a todas nós.
— Não posso mais viver aqui, escondida. — Havia lágrimas em seus
olhos, agora, e, sob a luz dos relâmpagos, era possível ver que eles estavam
vermelhos como sangue. — Não posso voltar atrás. Esta é a minha escolha. Meu
destino. Vou tirar a vida dele por ela, e amaldiçoá-lo para todo o sempre.
E clamando por vingança, lançando-se para o ar como uma flecha
brilhante e mortal lançada de um arco retesado, aquela que era conhecida como Terra
sacrificou a própria alma.”
Tudo em sua vida parece confortável,
exceto pelos poderes especiais que possui e que a atemorizam e confundem e
contra os quais luta constantemente.
Num esforço para negar a força mística que
possui encontra outro grande obstáculo, que para mim foi um dos maiores motivos
para me apaixonar por Entre o Céu e a Terra: MacAllister Booke, um pesquisador
que chega à ilha para investigar os rumores sobre feitiçaria que marcam a Ilha
das Três Irmãs.
“Ele não parecia assim tão diferente dos outros passageiros da
barca. O sobretudo preto e comprido drapejava ao vento. O cabelo, em um tom de
louro-escuro bastante comum, voava em torno de seu rosto, e não tinha um corte
especial.
Tinha se lembrado de fazer a barba, e conseguira a façanha de se
cortar em apenas dois lugares, bem de leve, logo abaixo da curva do queixo. Seu
rosto, que era muito bonito, estava semi-oculto por uma das suas muitas câmeras
fotográficas, e ele batia fotos da ilha, sem parar, usando lentes de longo
alcance.
Sua pele ainda conservava o bronzeado tropical que pegara em
Bornéu. Em contraste com o tom ensolarado de sua pele, seus olhos tinham a cor
dourada de mel recém-engarrafado. O nariz era reto e estreito, e o rosto um
pouco comprido.
As bochechas encovadas, logo abaixo das maçãs do rosto, tinham a
tendência de parecer ainda mais profundas, quando se envolvia tanto com o
trabalho que se esquecia até mesmo de comer devidamente. Isso lhe dava um
curioso ar de intelectual faminto.
Sua boca sorria com facilidade, de modo sensual.
Era meio alto e tinha formas meio esbeltas.
Era também meio desastrado.
Teve que se segurar de repente, e com força, no gradil da barca,
que balançara ligeiramente e quase o atirara por cima da amurada. Estava
debruçado demais, é claro. Sabia disso, mas a emoção da expectativa
frequentemente o levava a se esquecer da realidade do momento presente.
Recuperando o equilíbrio, conseguiu se aprumar e enfiou a mão no
bolso do casaco, em busca de uma bala ou chiclete.
Conseguiu pescar uma embalagem pré-histórica de dropes de limão,
duas folhas amassadas de papel de bloco e o canhoto de uma entrada de cinema (o
que o deixou desconcertado, pois ele nem se lembrava de quando tinha ido ao
cinema pela última vez). Encontrou também uma tampa de lente que julgava
perdida.
Contentou-se com o dropes de limão e ficou observando a ilha.
Já havia se consultado com um xamã no Arizona, visitara um homem
que se dizia vampiro, nas montanhas da Hungria, tinha sido amaldiçoado por um
”bruxo” após um lamentável incidente no México. Morara também, por algum tempo,
em companhia de vários fantasmas em uma casa mal-assombrada na Cornualha, e
documentara os antigos rituais de um paranormal que se comunicava com os
mortos, na Romênia.
Durante quase vinte anos, MacAllister Booke estudara, registrara
e testemunhara o inacreditável e o impossível. Já entrevistara bruxas,
fantasmas, lobisomens e pessoas abduzidas por alienígenas. Também estivera com
médiuns famosos. Noventa e oito por cento de tudo o que vira em suas pesquisas
era falso, ilusório ou fraudulento. Os outros dois por cento que restavam, no
entanto... Bem, esses eram os casos que o faziam seguir em frente.
Não apenas acreditava no extraordinário. Havia feito disso o
trabalho da sua vida.
A perspectiva de passar os próximos meses em um pedaço de terra
que, segundo a lenda, havia sido arrancado do continente americano, em
Massachusetts, por um trio de feiticeiras e levado pelo ar até pousar no mar
como um santuário era fascinante para ele.
Pesquisara tudo sobre a Ilha das Três Irmãs, exaustivamente, e
tinha escavado cada pedaço de informação que conseguira a respeito de Mia
Devlin, a atual bruxa da ilha. Ela não prometera a ele uma entrevista, nem
acesso a nada que fosse relacionado com o seu trabalho. Mesmo assim, o
pesquisador alimentava a esperança de persuadi-la.
Um homem que já conseguira participar de uma cerimônia executada
por neodruidas deveria ser capaz de convencer uma bruxa solitária a deixar que
ele assistisse à realização de alguns feitiços.”
Mac traz para a delegada Todd, além de
uma atração imediata, momentos em que ela terá de demonstrar todo controle
sobre seus poderes, o que vem enfrentando há anos. E, para a trama, Mac traz
suavidade de bom humor, já que todos os habitantes da Ilha das Três Irmãs estão
prestes a enfrentar um horror inimaginável.
Gosto de histórias assim, bem
elaboradas e com um enredo muito bem costurado. Nora Roberts tem essa habilidade
fantástica de criar personagens e histórias que não nos deixam dúvidas, que não
deixam possibilidades sem soluções, não há vácuos, tudo e todos têm sua função
na história, nada é posto ali sem uma razão.
Quando Mac e Ripley se encontram há
sempre faíscas, sejam elas sensuais ou mágicas. Seus diálogos são sempre
intensos, divertidos e lógicos.
“Na segunda viagem até o carro, parou ao notar que o carro
patrulha do xerife estava estacionado em frente à sua porta, e Ripley já
começava a se preparar para saltar
— Delegada Todd!
— Dr. Booke! — Ela estava se sentindo ligeiramente culpada por
ter implicado com ele logo no primeiro encontro. Tinha certeza de que não
estaria se sentindo assim, se Nell não tivesse chamado a sua atenção a respeito
do fato. — Você tem um bocado de coisas!
— Que nada! Isso tudo é apenas uma parte do material. Tem mais
chegando amanhã, que eu mandei trazer do continente.
— Ainda tem mais? — quis saber ela, abelhuda por natureza,
enquanto olhava para a traseira do Land Rover.
— Sim, muito mais. Toneladas de equipamentos muito porretas.
— ”Porretas”? — Ela virou a cabeça, rindo intimamente pelo uso
daquela palavra.
— Sim, e muito. Sensores, scanners, medidores, câmeras e
computadores. Brinquedinhos muito legais.
Ele parecia tão empolgado com a idéia, que ela não teve coragem
de franzir as sobrancelhas para ridicularizá-lo.
— Vou dar uma mãozinha a você, para ajudar a carregar tudo lá
para dentro.
— Não se incomode. Tem coisas aí que são muito pesadas.
— Pois eu aposto que consigo aguentar! — Dessa vez ela franziu
realmente as sobrancelhas, e pegou uma caixa imensa no porta-malas.
Tenho certeza que sim! — pensou ele, enquanto seguia em frente,
guiando-a para dentro de casa.
— Obrigado, delegada. Você malha em alguma academia ou faz levantamento
de peso? Quanto consegue levantar?
— Em geral faço sete séries de doze levantamentos, com pesos de
quarenta quilos. — Ela levantou a sobrancelha, analisando-o. Não dava para ter
uma idéia da definição dos músculos do corpo dele, por causa do casaco comprido
e do suéter grosso que usava por baixo. — E você, consegue levantar quanto?
— Anh... mais ou menos a mesma coisa... Quer dizer, considerando
a relação entre o peso do meu corpo e o seu. — Ele saiu da casa novamente,
deixando que ela o seguisse. Ripley tentou ter uma noção da largura dos seus
ombros... e do formato do seu traseiro.
— E o que é que você faz com todos esses equipamentos...
”porretas”? — pergunta ela.
— Estudo, faço medições, observo, gravo, documento fatos. Tudo
que se relacione com o oculto, o paranormal, o misterioso. Você sabe,
tudo o que seja diferente do normal.
— Sei... Uma exibição de aberrações.
— Bem, tem gente que acha isso. — Simplesmente ele sorriu. Não
apenas com a boca, ela notou, mas com os olhos também.
Juntos, continuaram a carregar o resto das caixas e sacolas para
dentro.
— Vai levar uma semana para desempacotar tudo — comentou ela.
— Na verdade, eu não tinha planejado trazer tanta coisa. — Ele
coçou a cabeça olhando para os volumes à sua volta. — O problema é que você
nunca sabe do que vai precisar, de repente. Uma vez, eu estava no meio da
selva, em Bornéu, e me deu vontade de chutar a própria bunda por ter esquecido
de levar o detector de energia residual... É como um sensor de movimento, só
que um pouco diferente. Enfim, não dá para encontrar um aparelho desses nos
sertões de Bornéu.
— Imagino
que não.
—
Venha,vou lhe mostrar. — Tirou o casaco com movimentos ágeis e o atirou descuidadamente
em um canto qualquer e se inclinou para frente, para remexer em uma das caixas.
Surpresa,
surpresa!..., pensou Ripley. O Doutor Esquisito possuía um excelente traseiro.
— Veja só,
é este aqui — e mostrou um dos aparelhos a ela. — Dá para carregar em uma só
mão. É totalmente portátil. Eu mesmo o projetei.
Ela olhou,
e o que viu lhe pareceu um pequeno contador Geiger, embora ela jamais tivesse
visto um contador Geiger de perto.
— Esta
maquininha detecta e mede as forças energéticas positivas e negativas —
explicou ele. — Para esclarecer melhor, ela reage a partículas carregadas que
estão no ar, ou em um objeto sólido, ou até mesmo na água. Só que este aqui não
é à prova d’água. Estou preparando um que vai ser submergível. Por enquanto,
este serve. Posso conectá-lo no computador para gerar uma representação gráfica
do tamanho e da densidade da força a ser analisada, e outros dados pertinentes.
—
Anh-anh... — Ela levantou a cabeça e deu uma olhada rápida para o rosto dele.
Ele parecia completamente absorvido, compenetrado, levando tudo aquilo tão a
sério, pensou, e ao mesmo tempo completamente empolgado com a sua pequena
engenhoca. — Você é totalmente viciado nesses aparelhinhos eletrônicos, não é?
— Sou
mesmo, bastante viciado. — Ele virou a pequena unidade de cabeça para baixo,
ainda segurando-a na mão, para verificar o estado das pilhas. — Sempre tive um
grande interesse por coisas paranormais e pequenos aparelhos eletrônicos.
Consegui encontrar um meio de me realizar pelos dois lados.
— Bem, se
isso o deixa tão excitado... — Ela observava as caixas e mais caixas de equipamentos
ainda embalados. Era como se uma loja de informática estivesse explodido ali
dentro. — E todo esse ferro-velho ”high-tech”, eu aposto que custou muita
grana, não?
— Mmm... —
ele não estava dando atenção a nada do que ela estava dizendo. As agulhas do
sensor que ele ligara para testar estavam começando a dar sinais de vida,
fazendo uma leitura ainda fraca, mas bem definida.
— Você
consegue algum tipo de subsídio de institutos nessa área, ou bolsas para as pesquisas?
— Humm...
é, talvez consiga, mas na verdade nunca procurei, porque jamais precisei. Sabe,
sou um viciado em engenhocas, mas também sou muito rico.
—
Sério?... Não deixe Mia saber desse detalhe, senão ela vai aumentar o valor do
aluguel na mesma hora. — Curiosa, ela continuava a circular em torno das caixas.
Ripley sempre gostara muito do pequeno chalé, e ainda estava um pouco
aborrecida por não ser ela quem estava de mudança para lá, naquele momento.
Além do mais, toda aquela parafernália e o próprio MacAllister Booke não
estavam fazendo muito sentido para ela.
De
repente, sem conseguir resistir, ela falou:
— Escute,
normalmente sei muito bem cuidar da minha própria vida, e não tenho o mínimo
interesse no trabalho que você realiza, mas não posso deixar de dizer que tudo
isso não parece se encaixar. Veja só, você é um professor de assuntos
esquisitos; é um sujeito muito rico, mas viciado em estranhos brinquedos
eletrônicos; vem para uma ilha e fica em um minúsculo chalé amarelo. O que está
buscando, realmente?
—
Respostas. — Dessa vez ele não sorriu. Seu rosto assumiu uma expressão calma,
mas era como se tivesse intenções misteriosas.
— Que
respostas?
— Todas as
que eu conseguir encontrar. E você tem olhos lindos.
— O quê?
— Estava
reparando. São totalmente verdes. Nem um pouco acinzentados, nem ligeiramente
azuis. Apenas intensamente verdes. E muito bonitos.
— Isto é
uma cantada, Doutor Esquisito? — perguntou ela, inclinando a cabeça um pouco
para o lado.
— Não! —
Ele quase corou. — É que eu simplesmente reparei, só isso. Muitas vezes, eu nem
noto que estou falando em voz alta tudo o que passa pela minha cabeça. Acho que
isso acontece porque passo muito tempo sozinho e acabo pensando em voz alta.
— Certo.
Tudo bem, então. É melhor eu ir andando.
— Agradeço
muito pela sua ajuda. — Ele enfiou o aparelhinho no bolso, esquecendo-se de
desligá-lo. — Não fique ofendida comigo, está bem?
— Está
bem. — Ela ofereceu a mão para se despedirem.
No
instante em que seus dedos se tocaram, o sensor dentro do bolso dele disparou,
e começou a emitir um bip ensurdecedor.
— Uau!
Espere, espere, segure minha mão com firmeza!
Ela tentou
puxar a mão, livrando-a do cumprimento, mas ele a agarrou com dedos surpreendentemente
poderosos. com a outra mão livre, pegou o sensor no fundo do bolso.
— Olhe só
para isto! — A empolgação sobressaía involuntariamente em sua voz, tornando-a
mais grave. — Jamais vi uma medição assim tão forte. A agulha está quase
pulando para fora da escala!
Ele
começou a murmurar números repetidamente, como se estivesse tentando
memorizá-los, enquanto a rebocava por toda a sala, ainda segurando a sua mão.
— Espere
aí, meu chapa! O que é que você pensa que está...
— Preciso
anotar esses números. Quanto tempo já tem? Duzentos e vinte e três pontos em
apenas dezesseis segundos! — Fascinado, ele passava o aparelhinho por sobre as
duas mãos ainda unidas. — Jesus Cristo! Olhe só o pulo que a agulha deu! Isso
não é fantástico?
— Largue a
minha mão agora mesmo, ou euvou derrubar você no chão!
— Ahn? —
Ele olhou de volta para ela, e piscou forte uma vez, como que para se orientar.
Os olhos que ele admirara ainda há pouco pareciam agora duros como pedra. —
Puxa, desculpe!
Ele soltou
a mão dela imediatamente. O bip do sensor começou a diminuir o ritmo e abaixar
o volume lentamente. — Desculpe! — repetiu. — Fico completamente transtornado,
especialmente quando me vejo diante de um fenômeno novo. Por favor, espere
apenas um minuto enquanto eu gravo isto para depois conectar o sensor no
computador.
— Olhe,
não tenho tempo para perder enquanto você fica se divertindo com seus brinquedinhos.
— Ela lançou um olhar furioso para o sensor. — Acho que o que você precisa é
fazer uma revisão nesse equipamento.
— Acho que
não. — Ele estendeu o braço que usara para cumprimentá-la. — Veja só, a minha
mão ainda está vibrando. Como está a sua?
— Não sei
do que você está falando.
— Dez
minutos — pediu ele. — Por favor, me dê apenas dez minutos do seu tempo para eu
ligar alguns equipamentos básicos, e vamos tentar mais uma vez. Quero testar os
seus sinais vitais. A temperatura do seu corpo, a temperatura ambiente...
— Nem
pensar! Não deixo estranhos testarem meus sinais vitais antes que eles pelo menos
me paguem um jantar. — Ela fez um gesto para o lado com o polegar. — Você está
no meu caminho.
— Eu pago
um jantar para você! — Ele saiu para o lado.
— Não,
obrigada. — Ripley seguiu em direção à porta sem olhar para trás. — Você não
faz o meu tipo.
Em vez de
perder tempo se sentindo chateado quando ela bateu a porta ao sair, Mac saiu
procurando freneticamente pelo seu gravador e começou a falar em voz alta para
relatar a experiência e os dados obtidos.
— O nome
dela é Ripley Todd — começou. — Delegada Ripley Todd. Está próxima dos trinta
anos, pela aparência. É uma mulher áspera, desconfiada e quase rude, mas de uma
forma casual. O incidente aconteceu durante um contato físico. Um aperto de
mão. Minhas reações físicas foram um formigamento e uma sensação de aquecimento
da pele, a partir do ponto de contato, subindo pelo braço direito até atingir a
região do ombro. Senti também uma aceleração na pulsação e o coração disparou.
Tudo isso foi acompanhado por uma sensação temporária de grande euforia. As
reações físicas da Delegada Todd não puderam ser verificadas. Minha impressão,
entretanto, é a de que ela experimentou as mesmas reações, ou algo similar, o que
resultou em um acesso de raiva e uma atitude de negação.
Sentando-se
no sofá, fez mais algumas considerações mentais, antes de continuar.
— A partir
das hipóteses formuladas, que tiveram como base as pesquisas anteriores, a
observação do fenômeno recém-vivenciado e mais os dados que foram gravados,
tudo me leva à idéia de que Ripley Todd é uma das descendentes diretas das três
irmãs originais.
Desligando
o gravador e apertando os lábios, Mac completou falando consigo mesmo:
—
Acrescentaria que essa possibilidade a deixa definitivamente furiosa.
Mac levou
todo o resto da tarde e depois a noite inteira para conseguir desencaixotar
todo o equipamento, instalar e conectar todos os aparelhos. No momento em que
se colocou de pé novamente e olhou em volta, a sala parecia um laboratório de
ciências tecnológicas avançadas, e estava cheia de monitores, teclados, câmeras
e sensores espalhados, tudo instalado de forma organizada e precisa, conforme
as suas preferências.”
Fiquei tão envolvida pelo livro que ao
perceber que se tratava de uma trilogia, tratei de procurar os outros dois, e
para minha angústia só encontrei o livro 3 nas livrarias.
Estava já entrando em
desespero na busca pelo primeiro livro, quando lembrei-me dos sebos; me
cadastrei na Estante Virtual e fiquei sabendo que no Rio de Janeiro só havia um
sebo com um exemplar desse livro. Imaginem meu furor uterino!!!
Não tenho nada
contra ler livros na internet, só que eu preciso tê-los em minha estante, para
levá-los na bolsa, onde quer que eu vá. Assim, liguei para o sebo, que fica no
Centro da cidade e implorei que guardasse o exemplar para mim. Por sorte o guri
foi muito legal e acabei trazendo pra casa outros livros que tanto amo.
Esse é o poder da Trilogia da Magia de
Nora Roberts, que nos leva a cometer atos que, para quem não dá a mínima para a
leitura é algo como a reação das adolescentes pelas boy-bands: histeria total.
Eu ia falar sobre os dois últimos
livros, né?
Mas este post ficou gigantenorme demais. Assim, trarei o desfecho
com a história de Mia Devlin em Enfrentando o Fogo, na próxima Sexta.
Beijos e Carpe Diem!
Tania Lima
Tania, eu sei o que vc sentiu, flor... eu li essa trilogia porque minha chefe me emprestou, eu já tinha lido alguns livros da Nora Roberts, mas essa foi uma das trilogias dela que eu mais amei,... de todos eu amo mais é o da Mia e do Sam, que é o ultimo.
ResponderExcluirNossa eu me apaixonei completamente.
Quase fiquei com os livros para mim... mas chefe é chefe né??
bjuuss
Fran
Eu também Fran, embora meu preferido seja o segundo, pois tenho loucura por homens desastrados, então Mac me conquistou de vez!
ExcluirBjs
Tania
Normalmente o preconceito é ao contrário, nossos autores que o digam, mas fico feliz em saber que você deu uma chance à Nora. Esta trilogia é ótima, li por causa da minha prima que comprou o volume 1 e me emprestou, depois corri atrás dos outros volumes.
ResponderExcluirBjs, Rose.
É verdade, Rose. A leitura dos textos da Nora é muito gostosa. Claro que há textos de certos autores que realmente me congelaram e me fizeram arrepender-me de tê-los comprado, mas não podemos julgar nada antes de conhecê-los, não é!???
ExcluirBeijinhos e obrigada pela presença!
Tania